Desembargadora que atacou Marielle � eleita para �rg�o que vai julgar Fl�vio

A desembargadora Mar�lia de Castro Neves foi eleita para compor o �rg�o Especial do Tribunal de Justi�a do Rio, respons�vel por analisar a den�ncia do Minist�rio P�blico contra o senador Fl�vio Bolsonaro (Republicanos-RJ), acusado de peculato, organiza��o criminosa e lavagem de dinheiro no caso das "rachadinhas". A magistrada ficou conhecida por acusar falsamente a ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) de ter v�nculos com fac��es criminosas.

Na ter�a, 24, o Conselho Nacional de Justi�a (CNJ) instaurou processo disciplinar contra Mar�lia por causa desta e outras publica��es feitas nas redes sociais, incluindo uma em que defendeu a cria��o de um "pared�o profil�tico" contra o ex-deputado Jean Wyllys (PSOL). O processo administrativo, por�m, n�o interferiu na elei��o da desembargadora, que se lan�ou pelo quinto constitucional que garante vagas ao Minist�rio P�blico. Ela foi a �nica candidata.

Mar�lia j� manifestou apoio ao presidente Jair Bolsonaro durante as elei��es de 2018. Em agosto daquele ano, ap�s o ent�o candidato participar do programa 'Roda Viva', da TV Cultura, a magistrada escreveu: "Go Bolsonaro Go!!! Let's make Brazil great again!!! [Vai, Bolsonaro, vai! Vamos fazer o Brasil grande de novo]", escreveu, parafraseando o slogan de campanha do presidente americano Donaldo Trump.

Composto por 25 desembargadores, o �rg�o Especial do TJRJ � o respons�vel por julgar a den�ncia do Minist�rio P�blico contra Fl�vio Bolsonaro no esquema das rachadinhas. O filho do presidente foi acusado de integrar organiza��o que desviou R$ 6 milh�es dos cofres da Assembleia Legislativa do Rio.

A Promotoria fluminense afirma que Fl�vio constituiu e liderou uma organiza��o criminosa que tinha como objetivo desviar recursos mediante nomea��es e manuten��o de 'fantasmas' em cargos comissionados. Os servidores devolviam parte de seus sal�rios ao operador financeiro, Fabr�cio Queiroz, que ent�o usava o dinheiro para quitar despesas do filho do presidente.

CNJ abriu processo disciplinar contra desembargadora, mas negou afast�-la do cargo

Apesar de determinar a abertura de um processo administrativo disciplinar contra a desembargadora Mar�lia de Castro Neves, o Conselho Nacional de Justi�a negou afast�-la do cargo. Na sess�o da �ltima ter�a, 24, a ministra Maria Thereza de Assis, relatora do caso, declarou que como as publica��es feitas pela magistrada eram antigas, n�o havia necessidade de retir�-la das fun��es.

"Tendo em vista que os fatos n�o s�o recentes, eu n�o vislumbro a necessidade de afastamento das fun��es durante o processo", afirmou Maria Thereza. A ministra frisou que Mar�lia, por�m, infringiu diversas previs�es da Lei Org�nica da Magistratura, incluindo declara��o de apoio pol�tico-partid�rio e comportamento que pode refletir preconceito.

Agora eleita para o �rg�o que julgar� Fl�vio, o cargo de Mar�lia no Tribunal de Justi�a do Rio havia sido discutido durante a sess�o do CNJ. A ministra Maria Thereza ressaltou que os ataques da desembargadora contra Marielle s�o ainda mais graves porque haveria a possibilidade eventual da magistrada atuar no mesmo tribunal respons�vel pelo julgamento do crime.

"A v�tima do crime de homic�dio, aqui se tratando de Marielle Franco, � avaliada a partir de suas posi��es na arena pol�tica. O compromisso da Justi�a com a apura��o e resposta imparcial e proporcional ao fato criminoso parece colocado em segundo plano", afirmou Maria Thereza.

Al�m das acusa��es falsas contra Marielle e a defesa de um "pared�o" contra Jean Wyllys, Mar�lia tamb�m fez coment�rios ofensivos contra uma professora que tem s�ndrome de Down. Em um grupo fechado no Facebook, ela questionou "o que essa professora ensina a quem?" e completou: "Esperem um momento que eu fui ali me matar e j� volto, t�?"