Com um coronel reformado da Pol�cia Militar � frente da empresa e opositores a Jo�o Doria (PSDB) em sua opera��o, a Companhia de Entrepostos e Armaz�ns Gerais do Estado de S�o Paulo (Ceagesp) se transformou no principal reduto bolsonarista de S�o Paulo. O local foi o palco nesta quinta-feira, 14, de um protesto contra o aumento de impostos de alimentos - do qual Doria j� recuou - em que 60 toneladas de alimentos foram distribu�dos � popula��o.
A Ceagesp deu apoio institucional ao protesto, realizado pelos vendedores que trabalham no entreposto. Seguran�as da companhia organizaram a fila de milhares de pessoas que foram at� l� receber cestas com frutas, verduras e legumes, distribu�das com ajuda do pessoal administrativo. A entrega se deu ao som do hino nacional.
O coronel reformado da PM Ricardo Mello Araujo preside a Ceagesp desde outubro do ano passado. Ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), grupo famoso pelos �ndices de letalidade policial, o PM se aproximou de Bolsonaro ainda em 2017. Ara�jo foi procurado pelo ent�o deputado ap�s dizer em entrevista que os sal�rios dos PMs eram baixos e que votaria em Bolsonaro para presidente.
J� parte dos permission�rios tem atritos antigos com governos tucanos. Em 2016, comerciantes ficaram contrariados com as propostas de remo��o da Ceagesp do local onde ela est�, na Vila Leopoldina - alvo da cobi�a de urbanistas e do setor imobili�rio. Doria, como prefeito e como governador, refor�ou esses compromissos, mas se viu impedido de realizar a transfer�ncia ap�s Bolsonaro vetar a medida - a Ceagesp � uma empresa federal e a palavra final sobre o plano � de Bras�lia. Bolsonaro esteve na Ceagesp no fim de dezembro para anunciar que n�o haveria privatiza��o. Foi recebido por uma multid�o vestida de verde e amarelo.
O presidente da Ceagesp disse que a distribui��o de alimentos j� ocorre �s quintas-feiras. "Os comerciantes tiveram a ideia de fazer uma manifesta��o inteligente, que era usar essa doa��o para fazer uma super doa��o e mostrar que esse aumento do governador � uma insanidade", disse Ara�jo, ao justificar o apoio institucional ao protesto. "Esse neg�cio de 'fique em casa' funciona para quem tem dinheiro". Ara�jo negou, por�m, que o apoio aos comerciantes fosse uma a��o pol�tica contra o governador. "O que ele est� fazendo � uma insanidade, mas distribu�mos alimentos todas as quintas."
O presidente do Sindicato dos Permission�rios em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de S�o Paulo (Sincaesp), Claudio Furquim, elogiou a gest�o de Ara�jo dizendo que ele retirou indica��es pol�ticas da companhia, e disse que o protesto de ontem n�o era uma disputa pol�tica entre os governos federal e estadual. "Estamos aqui para sensibilizar o governador para revogar definitivamente o aumento dos alimentos".
Protesto
A not�cia da distribui��o gratuita de cestas com frutas, legumes e verduras, que totalizavam 10 quilos de alimentos, atraiu uma fila de quase tr�s quil�metros, da Esta��o Ceasa da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) at� o port�o 7 da Ceagesp. As pessoas, muitas delas de chinelos, levaram sacolas de feira ou carrinhos. Mas apenas 3 mil senhas haviam sido distribu�das - os comerciantes, que previam doar 30 toneladas de alimentos, dobraram o total para 60, diante do p�blico. A multid�o se dispersou pouco depois da 14h, quando uma tempestade atingiu a regi�o.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA