
Respons�vel por construir uma base para o governo do presidente Jair Bolsonaro ainda em 2019 na C�mara dos Deputados, o l�der do Centr�o, Arthur Lira (PP-AL), chega com certo favoritismo na corrida pela sucess�o de Rodrigo Maia (DEM-RJ) no comando da Casa.
Primeiro nome oficializado na disputa, Lira apostou na sua rela��o com os diversos parlamentares de v�rios partidos para tentar formar maioria na campanha.
Primeiro nome oficializado na disputa, Lira apostou na sua rela��o com os diversos parlamentares de v�rios partidos para tentar formar maioria na campanha.
Apesar da proximidade com o Pal�cio do Planalto, Lira afirma que seu compromisso � com o Parlamento. Em entrevista ao Estado de Minas, o candidato � presid�ncia da C�mara fez cr�ticas � forma como Maia optou por conduzir os trabalhos e afirmou que acredita nas urnas eletr�nicas, mesmo com o desejo do presidente Jair Bolsonaro em pautar uma Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) que restabeleceria o voto impresso no Brasil.
O senhor tem uma boa rela��o com os seus colegas de C�mara e � conhecido como cumpridor de acordos. Qual ser� o seu objetivo e por que o senhor quer comandar a Casa pelos pr�ximos dois anos?
Temos o compromisso com o debate largo, dando voz �s deputadas e deputados e seguindo os princ�pios que regem a C�mara: proporcionalidade e soberania do plen�rio. Ao longo da minha trajet�ria, sempre soube lidar com as diferen�as, buscar pavimentar os caminhos mais amplos e construir consensos. Para isso, a receita ser� aposentar a m�o de ferro que temos presenciado atualmente e trazer mudan�as para a C�mara. Sou candidato para levar uma invers�o total de procedimentos. Sai o “eu” e entra o “n�s”. O compromisso � com o ambiente interno, acima de pautas espec�ficas. Pautas decididas com previsibilidade, definidas todas as quintas-feiras pelo col�gio de l�deres. Ainda, um amplo debate nos dar� transpar�ncia para qualquer tema em tramita��o, acima das vers�es. Passaremos de uma presid�ncia centralizadora para uma baseada na vontade do conjunto de deputados e deputadas, que s�o os representantes da popula��o.
No lan�amento da campanha, o senhor afirmou que a proporcionalidade iria ser determinante nas escolhas para as relatorias de projetos e presid�ncias dos colegiados. Mant�m esse compromisso, mesmo com o PT e o PSL n�o estando no bloco do senhor?
A proporcionalidade partid�ria foi uma coisa que a C�mara deixou de cumprir nesses �ltimos anos. Tanto para ocupa��o de espa�os como para nomea��o de relatores de PECs, medidas provis�rias, projetos de lei. N�s iremos obedecer � proporcionalidade partid�ria, independentemente de ideologia. Se o maior partido da Casa � o PT, ele ter� mais relatorias. O mesmo vale para o PSL. Dos maiores aos menores, teremos a distribui��o proporcional. Os relatores ter�o liberdade para tratar os assuntos de seus temas, a indica��o ser� partid�ria, e n�o do presidente da Casa.
Parte do PSL pretende apoiar sua candidatura, mas a dire��o do partido est� no bloco do deputado Baleia Rossi e, por isso, amea�a expulsar os parlamentares que n�o apoiarem o seu advers�rio. Como o senhor v� essa situa��o dentro do partido?
N�s representamos uma candidatura feita por deputados, com a uni�o de v�rios partidos, e n�o constru�da apenas nas c�pulas partid�rias. Temos uma campanha absolutamente natural, com a consolida��o de um nome de maneira bem constru�da, e n�o por exclus�o, quando o que resta � colocado como candidato. Os partidos que nos apoiam t�m muita identifica��o de posicionamento, de pr�tica do di�logo e soberania da decis�o da maioria. Os nossos deputados pensam igual sobre a condu��o interna e isso nos fortalece. No outro bloco, sequer foram ouvidos os deputados. Alguns l�deres assinaram individualmente, sem ouvir as suas bancadas, o que traz muita estranheza e desconforto dos parlamentares nesse processo. O caso do PSL � um caso pr�tico. Por isso, 32 deputados subscreveram uma lista e apresentaram � Mesa da C�mara, aderindo ao nosso bloco. Diversos partidos est�o muito incomodados com essa salada de frutas que foi feita no outro bloco. Ele n�o reflete a realidade dos seus deputados, que conhecem o perfil de cada candidato e sabem o que � marcante em cada um.
O presidente Rodrigo Maia travou muitas pautas do governo e adotou um tom cr�tico com rela��o ao Pal�cio do Planalto durante a condu��o da pandemia. Como o senhor avalia a gest�o de Maia? O senhor acha que o governo federal errou?
Um presidente da C�mara precisa representar o pensamento m�dio, da maioria dos deputados. � nisso que acredito. O presidente Rodrigo Maia, no entanto, personalizou a condu��o desse poder e esqueceu os 513 deputados, que comp�em a C�mara. Ele e um grupo muito restrito ditaram o que pode ou n�o pode ser pauta. Dependemos do seu humor para entender qual a surpresa do dia. Ou seja, alterou o que se espera de um presidente da C�mara, e seu candidato cai nessa mesma armadilha. Com rela��o ao governo, 2020 foi at�pico. Nossa obriga��o em Bras�lia � n�o atrapalhar o Brasil. Ao longo do ano, muitas orienta��es de sa�de p�blica mudaram, e os cen�rios foram se alterando. A gente tinha a doen�a e pensava que n�o ia se reinfectar. Hoje, j� h� casos poss�veis. Tudo isso foi muito novo. Ent�o, essa dicotomia toda � dif�cil, � muita responsabilidade para qualquer governo, para qualquer parlamentar, para qualquer deputado, para qualquer senador. � f�cil criticar. A gente tem sempre que se colocar para ajudar, ser cr�tico quando precisa, ser duro quando precisa, ser proativo quando precisa, mas n�o ser defensivo e sabotador �s pautas brasileiras. N�s poder�amos estar em outro patamar se, em muitos momentos, a presid�ncia da C�mara n�o fosse usada como palanque para 2022.
Existe uma fila de projetos que aguardam a cria��o de comiss�es especiais dentro da C�mara. O senhor pretende zerar essa fila ou cada projeto ser� analisado de forma individual?
Esse � um retrato da paralisa��o do Congresso. As pautas foram seguradas, engavetadas, e as comiss�es foram relegadas. O resultado � que muitos assuntos deixaram de ter debate. O nosso projeto � ouvir os deputados, criar um ambiente para o debate amplo e dar transpar�ncia e amadurecimento aos processos. As comiss�es s�o fundamentais para isso acontecer. E nesse espa�o, tamb�m, vamos exercer a proporcionalidade dos partidos. Com a mudan�a de gest�o, dando efici�ncia � pauta, com o respeito � decis�o da maioria, tenho certeza que poderemos avan�ar sobre essa fila e tirar essa inc�moda paralisa��o.