
Sem respaldo dos pr�prios partidos, F�bio Ramalho (MDB-MG), Andr� Janones (Avante-MG), Alexandre Frota (PSDB-SP) e General Peternelli (PSL-SP) fazem campanha independente.
J� Lu�za Erundina (Psol-SP) foi lan�ada para marcar posi��o como leg�tima esquerda. Marcel van Hattem (RS) foi colocado pelo Novo para cumprir o mesmo papel, s� que � direita. Haveria mais um nessa briga, o deputado Capit�o Augusto (PL-SP), que se colocou de forma avulsa na disputa. Mas, nesse s�bado (30/01), ele desistiu do projeto.
No Senado, se Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Simone Tebet (MDB-MS) atraem os holofotes, n�o quer dizer que estejam sozinhos na pista. Major Ol�mpio (PSL-SP) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO) t�m pretens�es ao comando da Casa e do Congresso, embora com remotas chances. Veja o perfil dos principais candidatos na elei��o de amanh� nas duas casas.
NA C�MARA
Pol�tica nos bastidores
Arthur Lira (PP-AL)
A disputa pela presid�ncia da C�mara atraiu muitas aten��es para o nome do deputado Arthur Lira (PP-AL), um pol�tico discreto, que sempre atuou nos bastidores e � um dos mais poderosos do Congresso. Ex�mio articulador pol�tico, o parlamentar lidera o chamado Centr�o, bloco partid�rio conhecido por negociar cargos e minist�rios em troca de apoio a governos. No momento, o grupo est� ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que tem atuado pessoalmente para emplacar Lira no comando da C�mara, na sucess�o do advers�rio Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Segundo parlamentares ouvidos pelo Estado de Minas, chama muito a aten��o o profundo conhecimento que o parlamentar tem do Regimento Interno da C�mara, possivelmente fruto da forma��o em direito. Ele � conhecido, tamb�m, como um rigoroso cumpridor de acordos. Essa � uma das principais qualidades apontadas pelos colegas. Al�m disso, tem boa interlocu��o tanto com a ala governista quanto com a oposi��o. Na disputa pela presid�ncia da C�mara, o deputado, al�m de suas habilidades pol�ticas, conta com o apoio do Pal�cio do Planalto.
Durante a campanha, Lira deixou claro, em diferentes ocasi�es, que n�o deve encaminhar, para a an�lise da C�mara, pedidos de impeachment protocolados contra Bolsonaro. O deputado tamb�m deve colocar em vota��o projetos defendidos pelo Planalto e que n�o avan�aram na gest�o de Rodrigo Maia, como “escola sem partido” e flexibiliza��o do Estatuto do Desarmamento.
Complica��es
Ao mesmo tempo em que goza de grande prest�gio na C�mara, o parlamentar n�o recebe o mesmo tratamento no Poder Judici�rio, onde � acusado de corrup��o e outros crimes. Em novembro de 2020, por exemplo, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou um recurso de Lira e decidiu mant�-lo como r�u em um processo por corrup��o. Ele � acusado de ter recebido, em 2012, propina de R$ 106 mil do ent�o presidente da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU) Francisco Colombo.
Segundo den�ncia da Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR), Colombo queria que Lira articulasse apoio pol�tico no PP para mant�-lo no comando da CBTU. Conforme as acusa��es dos procuradores, o dinheiro foi recebido no Aeroporto de Congonhas, em S�o Paulo, pelo assessor parlamentar Jaymerson Jos� Gomes, que, segundo apontaram as investiga��es, foi enviado � capital paulista por Lira. (JV)
Militante antigo
Baleia Rossi (MDB-SP)
H� 20 anos ocupando cargos no Legislativo, Luiz Felipe Baleia Tenuto Rossi chegou na pol�tica em 1992, quando se elegeu vereador pela cidade de Ribeir�o Preto, em S�o Paulo. Militante do antigo PMDB, atual MDB, Rossi teve como seu principal padrinho pol�tico o ent�o deputado Ulysses Guimar�es, s�mbolo do partido e presidente da Assembleia Constituinte.

Entre 2010 e 2011, final do governo de Luiz In�cio Lula da Silva e come�o da gest�o de Dilma Rousseff, Baleia Rossi comandou o Minist�rio da Agricultura. No entanto, ap�s den�ncias de irregularidades na pasta, acabou pedindo demiss�o.
Tr�s anos depois, Baleia Rossi voltou a Bras�lia em 2014, depois de se eleger deputado federal pela primeira vez. Na C�mara dos Deputados, assumiu a lideran�a do partido e trabalhou pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Em 2019, j� no seu segundo mandato como deputado federal, Rossi se aproximou de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da C�mara dos Deputados. Ap�s articula��o do democrata, apresentou a primeira proposta de emenda � Constitui��o (PEC) da reforma tribut�ria, que ainda tramita no Congresso. Naquele mesmo ano se consagrou presidente nacional do MDB, ap�s influ�ncia do ex-presidente Michel Temer dentro da sigla.
Agora, com apoio de Maia e dos partidos da oposi��o, Baleia Rossi chega na reta final da disputa pela presid�ncia da C�mara com intuito de derrotar o candidato apoiado pelo governo de Jair Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL). Apesar de seu advers�rio apresentar certo favoritismo, o emedebista aposta que poder� vencer o deputado alagoano caso consiga levar a disputa para o segundo turno.
Complica��es
At� o momento, o bloco partid�rio de sustenta��o da candidatura de Rossi envolve o MDB, DEM, PT, PSDB, PSB, PDT, Solidariedade, Cidadania, PCdoB, PV e Rede, cujas bancadas atuais totalizam 236 parlamentares. Com as investidas do Pal�cio do Planalto nas elei��es na C�mara, Rossi foi alvo de intensas especula��es nos �ltimos dias e teve que correr para desmentir a informa��o de que abriria m�o de sua candidatura.
Outro ponto que exigiu explica��o do candidato do bloco do presidente da C�mara foi o fato de o ex-presidente da Casa Eduardo Cunha citar em seu livro que Rossi foi um dos articuladores do processo contra a presidente Dilma Rousseff, o que o levou a assumir compromissos com os partidos de esquerda, que se sentiram pressionados a abandon�-lo por causa de sua liga��o com o que consideram “golpe” dado pelo vice-presidente Michel Temer (MDB-SP) na petista.
Quem s�o os outros candidatos
Alexandre Frota
Ex-aliado de Jair Bolsonaro e candidato de primeira legislatura, o ex-ator Alexandre Frota foi o primeiro a lan�ar candidatura usando os pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonar, como plataforma. Tamb�m comprometeu-se a pautar o fim do foro privilegiado, a proposta de emenda � Constitui��o (PEC) da pris�o ap�s julgamento em segunda inst�ncia e as PECs da reforma administrativa e da tribut�ria. Frota se posiciona em uma postura de claro embate a Bolsonaro e descreve sua candidatura como sendo “de protesto”.
F�bio Ramalho
O emedebista F�bio Ramalho (MG) est� na quarta legislatura como deputado federal. Do mesmo partido de Baleia Rossi, aposta nas defec��es e no discurso de igualdade entre os parlamentares, e o fim da classifica��o de parte da C�mara como “baixo clero”. Sem apoio do Executivo federal ou de governadores, Ramalho fez campanha no t�te-a-t�te, mas afirma que a estrat�gia � mais eficiente que as negocia��es por atacado. Afirma que, atualmente, os parlamentares se apresentam em um sistema desigual, onde “poucos mandam”.
Luiza Erundina
Com 86 anos, Erundina est� no sexto mandato como deputada federal por S�o Paulo. Come�ou a carreira pol�tica no PT e, em 1988, foi eleita a primeira prefeita da cidade de S�o Paulo. Deixou o ninho petista em 1997 e filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Em 2014, foi Coordenadora-Geral da coliga��o Unidos pelo Brasil, que lan�ou Marina Silva como candidata � Presid�ncia da Rep�blica. Chegou ao Psol em 2016, partido pelo qual concorreu como candidata a vice-prefeita na chapa de Guilherme Boulos a prefeitura de S�o Paulo. A parlamentar � a �nica mulher entre os nove candidatos na disputa.
Marcel Van Hattem
Em seu primeiro mandato como deputado, Marcel Van Hattem participa da corrida eleitoral para a presid�ncia da C�mara pela segunda vez. No primeiro pleito, em fevereiro de 2019, teve 23 votos, 15 a mais do que o total de deputados que comp�em a bancada do Novo. No lan�amento da candidatura, os parlamentares do partido afirmaram que a legenda n�o se identifica com os demais proponentes. Apresentaram, tamb�m, um manifesto com sugest�es de reformas no regimento interno.
General Peternelli
O deputado General Peternelli integra um partido rachado entre o apoio dos favoritos, o l�der do Centr�o, Arthur Lira (PP-AL), que tem a maioria dos deputados da legenda, e Baleia Rossi (MDB-SP), candidato sucessor de Rodrigo Maia, que possui, ao seu lado, as lideran�as e a presid�ncia da agremia��o inimiga de Jair Bolsonaro. Como Vam Hattem (Novo-RS), o social-liberal se candidata pela segunda vez ao cargo de presidente da C�mara. Em 2019, por�m, teve apenas dois votos. Peternelli prop�e uma gest�o com maior participa��o da popula��o e dos deputados para defini��o da pauta.
Andr� Janones
Outro novato e o segundo da bancada mineira a engrossar o coro dos candidatos � presid�ncia da C�mara, Andr� Janones est� na primeira corrida eleitoral pela chefia da Casa. A principal plataforma eleitoral do parlamentar � afeita � esquerda. Janones prometeu que prorrogar� o aux�lio emergencial para informais como seu primeiro ato. Entre os avulsos que se apresentam como uma terceira via para fugir da polariza��o Arthur Lira-Baleia Rossi, o deputado disse marcar posi��o ao submeter seu nome ao pleito. “Essa � uma candidatura para marcar posi��o, que medir� o n�vel de descolamento do parlamento brasileiro com o povo do pa�s. Medir� at� quando essa casa continuar� de costas para o interesse do povo brasileiro”, disse.
NO SENADO
Defensor da Rep�blica
Rodrigo Pacheco (DEM-MG)
O senador de primeira viagem Rodrigo Pacheco (DEM-MG) tem fortes chances de se apresentar como o �nico sucessor eleito no Congresso. Pacheco, apadrinhado por Davi Alcolumbre (DEM-AP), goza do apoio tanto do presidente Jair Bolsonaro quanto do PT, e conseguiu atrair, inclusive, o MDB, principal partido advers�rio e maior bancada da Casa. Com isso, ganhou dist�ncia de outros pares na corrida, se firmando na dianteira.

A t�nica que o candidato vem trabalhando na campanha � optar por uma agenda convergente para lidar com opositores e apoiadores. E, em rela��o aos grupos de extrema-direita que provocaram uma s�rie de protestos antidemocr�ticos em 2020, alguns, inclusive, com a participa��o do chefe do Executivo, o candidato defende que se trata de um grupo minorit�rio. Para Pacheco, � preciso “defender a Rep�blica”, e “n�o � poss�vel agradar a todos”. O parlamentar diz que Bolsonaro tem consigo “erros e acertos”, conforme afirmou em entrevista ao Estado de Minas.
Antes de ir para o Senado, o mineiro foi deputado na legislatura 2014-2018, tamb�m pelo DEM, e presidiu a Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) da C�mara. � frente do colegiado, que pela primeira vez era chefiada por um presidente em primeiro mandato na Casa, o ent�o deputado aprovou 300 propostas em car�ter conclusivo. Desse total, 154 projetos de lei foram remetidos ao Senado Federal e 19 foram encaminhados a san��o. � frente da comiss�o, teve que lidar, tamb�m, com temas espinhosos, como as duas den�ncias contra ent�o presidente da Rep�blica Michel Temer.
O candidato � presid�ncia do Senado tamb�m disputou, em 2016, a corrida eleitoral pela prefeitura de Belo Horizonte. O fato ganha destaque, pois, para se firmar como sucessor de Alcolumbre, o senador abriu m�o de se candidatar ao governo do estado em 2022. A decis�o fez parte da negocia��o para fechar acordo com o primeiro bloco de apoiadores, a bancada do PSD, segunda maior da Casa.
Candidata independente
Simone Tebet (MDB-MS)
Filha do ex-governador do Mato Grosso do Sul Ramez Tebet, Simone Tebet come�ou sua vida pol�tica em 2002, quando se elegeu deputada estadual, j� pelo MDB, com pouco mais de 25 mil votos. Na metade do mandato, em 2004, concorreu � Prefeitura de Tr�s Lagoas, sua cidade natal, e venceu.

Com o rompimento do MDB com o PT no governo federal, Tebet votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Com o seu correligion�rio Michel Temer no Pal�cio do Planalto, Tebet votou com o governo nas pautas da reforma trabalhista e na proposta de emenda � Constitui��o do Teto de Gastos. Mostrando lealdade partid�ria.
Favor�vel a Opera��o Lava-Jato, a parlamentar travou um embate com o seu colega de partido, o senador Renan Calheiros (AL), quando votou contra o projeto de Lei de Abuso e Autoridade. Em 2019, voltou a enfrentar Calheiros na disputa pela presid�ncia do Senado. No entanto, abriu m�o para apoiar Davi Alcolumbre (DEM-AP), que saiu vitorioso contra o senador alagoano. Naquele mesmo ano, a emedebista assumiu a presid�ncia da Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ), considerado o principal colegiado da Casa.
Agora, em 2021, o MDB acabou escolhendo Tebet para disputar novamente a cadeira da presid�ncia do Senado. A senadora conseguiu a chancela do partido depois que demais nomes da sigla n�o conseguiram avan�ar nas negocia��es com outras bancadas. No entanto, j� na reta final da campanha, a emedebista acabou sendo abandonada pelo pr�prio partido na disputa.
Nesta semana, o l�der do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), passou a negociar cargos na Mesa Diretora com o principal advers�rio de Tebet na disputa, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG). O senador mineiro conta com o apoio do atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre, e do governo Jair Bolsonaro. Com isso, Pacheco transformou em avulsa a candidatura da segunda favorita na corrida.
Mesmo assim, Simone Tebet resolveu manter sua candidatura de forma independente. Na �ltima quinta-feira (28/1), a senadora afirmou que a “independ�ncia” da Casa est� comprometida. De acordo ela, h� um “jogo” para transformar o Senado em “ap�ndice” do Executivo.
Quem s�o os outros candidatos: Major Ol�mpio e Jorge Kajuru