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Estado de Minas POL�TICA

Apoio ao impeachment refor�a racha na direita e deve afetar alian�as em 2022


07/02/2021 16:08

Em meio � queda de popularidade e ao aumento da press�o pelo impeachment, com a mobiliza��o de advers�rios nas redes sociais e a multiplica��o de carreatas e panela�os, o presidente Jair Bolsonaro conquistou algumas casas preciosas no xadrez pol�tico do Pa�s.

Com a vit�ria dos candidatos do Pal�cio do Planalto �s presid�ncias do Senado e da C�mara dos Deputados, cujo ocupante tem a atribui��o de aceitar - ou n�o - um pedido de impeachment, o afastamento de Bolsonaro parece ter ficado mais distante do que muitos de seus opositores gostariam.
"N�s estamos num momento de pandemia, de crise social, de crise econ�mica. N�o precisamos abrir uma crise pol�tica", afirmou o deputado Arthur Lira (PP-AL), novo comandante da C�mara, ao responder a uma pergunta sobre o tema um dia antes de ser eleito para o cargo, em entrevista ao programa Em Foco, da GloboNews.

L�der do Centr�o - que avalizou a sua candidatura na C�mara e a de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no Senado -, Lira disse que n�o via motivos para levar o processo de impeachment adiante. "Se o atual presidente (da C�mara), Rodrigo Maia (DEM-RJ), com muita prud�ncia e muito equil�brio, n�o pautou nenhum dos 59 pedidos de impeachment que ele tem na gaveta, � porque sabe que n�o h� nada l� que tipifique uma ruptura pol�tica desta gravidade."

"Tempestade perfeita". Embora alguns l�deres, influenciadores e apoiadores do movimento pelo impeachment afirmem que a mobiliza��o dever� continuar no mesmo diapas�o e at� crescer nos pr�ximos meses, a postura de Lira poder� esfriar as pretens�es do grupo - ao menos enquanto durar a lua de mel de Bolsonaro com o Centr�o.

"Acredito que n�o vai ter mais impeachment, n�o", diz Fernando Schuler, cientista pol�tico e professor do Insper, escola de economia, engenharia e direito de S�o Paulo. "Para a gente chegar numa tempestade perfeita de impeachment, que ainda est� bem longe, tem de haver uma queda mais forte de popularidade do presidente", afirma o cientista pol�tico Lucas de Arag�o, da Arko Advice, uma consultoria de Bras�lia. "Essa queda de popularidade ter� de ser barulhenta, gerar protestos, grandes manifesta��es."

Com o recrudescimento da pandemia e as restri��es impostas a grandes aglomera��es, tamb�m parece improv�vel que as manifesta��es pelo impeachment alcancem as dimens�es necess�rias para ampliar o apoio pol�tico � medida no Congresso. A n�o ser que Bolsonaro continue a jogar contra si mesmo, cometendo erros em s�rie e ati�ando os advers�rios com vara curta - o que est� longe de ser uma possibilidade remota, considerando o seu retrospecto nos primeiros dois anos de governo.

Entrega de cargos. "O grande advers�rio do Bolsonaro � ele pr�prio", afirma o agr�nomo Xico Graziano, ex-secret�rio da Agricultura e do Meio Ambiente de S�o Paulo, que deixou o PSDB para apoiar Bolsonaro em 2018 e se "desencantou" com ele, embora n�o esteja apoiando o impeachment. "A capacidade do Bolsonaro de fazer besteira � muito grande."

Os analistas apontam tamb�m que a fidelidade do Centr�o, conhecido pelos interesses fisiol�gicos que costumam pautar as a��es de seus integrantes, vai depender muito do cumprimento das promessas feitas por Bolsonaro e da entrega de cargos e emendas aos integrantes do grupo. Dependendo do que acontecer neste quesito, a percep��o dos parlamentares do bloco em rela��o ao impeachment pode mudar subitamente. At� agora, por�m, os sinais indicam que Bolsonaro, aparentemente, obteve uma sobrevida no posto.

"Esse grupo n�o tem lealdade ao presidente, mas a ele mesmo. Se o presidente n�o andar na linha e cumprir o que prometeu, eles v�o come�ar a mandar recados nas vota��es do Congresso", diz Arag�o. "O Centr�o � aquele namorado, aquela namorada, desconfiado. � um relacionamento naturalmente tenso."

"Nova esquerda". Agora, desde j�, independentemente dos desdobramentos que o impeachment ter� nas ruas, nas redes e no Congresso, o movimento pelo afastamento de Bolsonaro, aliado � sua aproxima��o com o Centr�o, gerou efeitos colaterais que dever�o ter uma repercuss�o consider�vel no atual cen�rio pol�tico e nas elei��es de 2022.

Com a ades�o de grupos e personalidades de direita e centro-direita que apoiaram Bolsonaro em 2018 � mobiliza��o pelo impeachment, o racha na frente que viabilizou a sua elei��o ganhou contornos de um div�rcio litigioso. A turma, chamada de "direita limpinha", "nova esquerda" ou simplesmente de "traidora" pelas brigadas bolsonaristas nas redes, j� vinha se afastando do presidente por uma raz�o ou por outra, mais cedo ou mais tarde, nos dois primeiros anos de governo. Mas, ao abra�ar a bandeira do impeachment, at� agora defendida apenas pela esquerda, levou as diverg�ncias na direita a um novo patamar.

A lista de ex-apoiadores de Bolsonaro que encamparam o impeachment inclui grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua (VPR), que lideraram as manifesta��es pelo afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, al�m de integrantes das alas lavajatista e liberal, que perderam espa�o no governo. Inclui tamb�m figuras como o apresentador e comediante Danilo Gentili, que passou a chamar Bolsonaro de "Minto", em vez de "Mito", os cantores e compositores Lob�o e Raimundo Fagner, o cineasta Jos� Padilha, o m�sico e youtuber Nando Moura, o ator Carlos Vereza e intelectuais como Denis Rosenfield, Francisco Razzo, Mart�m Vasques e o professor de filosofia pernambucano Rodrigo Jungmann, que disse fazer parte da "direita com superego", ao se distanciar do presidente.

Da atua��o desastrada na pandemia � quebra da promessa de n�o disputar a reelei��o, da paralisa da privatiza��o e das reformas � alian�a com o Centr�o e � sa�da do ex-ministro S�rgio Moro do governo, os motivos que levaram ex-apoiadores de Bolsonaro a se bandear para a oposi��o e a se juntar ao coro pelo impeachment se contam �s dezenas e viraram temas de memes nas redes sociais.

"O caldo bolsonarista foi se juntando com o que h� de pior na vida p�blica brasileira", afirma Lob�o, um dos primeiros a defender o impeachment de Bolsonaro entre seus ex-apoiadores. "O malef�cio que Bolsonaro est� fazendo ao Pa�s se tornou indiscut�vel e insuport�vel. Ele prometeu combater a corrup��o e desarmou as estruturas anticorrup��o que levaram anos para ser conquistadas", diz o empres�rio Rogerio Chequer, um dos fundadores do VPR e ex-candidato ao governo de S�o Paulo pelo Novo. "Bolsonaro prometeu acabar com a mamata, com o �toma l�, d� c�, mas se uniu com o Centr�o", disse o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), um dos l�deres do MBL. "Dizia que era contra a reelei��o e agora s� pensa em 2022."

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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