
Desgastado por seguir � risca a pol�tica presidencial para a gest�o da pandemia, o general de divis�o Eduardo Pazuello virou um problema para o presidente Jair Bolsonaro com a futura sa�da dele do Minist�rio da Sa�de — pasta que passar� ao comando do cardiologista Marcelo Queiroga.
Os generais de quatro estrelas n�o se mostram l� muito satisfeitos em ver um tr�s estrelas em um cargo como a Secretaria de Assuntos Estrat�gicos, para a qual est� cotado. Tamb�m n�o h� lugar de destaque para Pazuello no Ex�rcito.
No Planalto, entretanto, considera-se necess�rio dar abrigo ao general para que mantenha o foro privilegiado, pois responde a inqu�rito no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa da gest�o da crise sanit�ria. Nesse sentido, l�deres pr�ximos a Bolsonaro consideram que est� dif�cil fechar essa equa��o.
Desde o ano passado, quando Pazuello foi desautorizado por Bolsonaro no epis�dio da compra de vacinas do Butantan e permaneceu no cargo, os militares defendem, sem sucesso, a passagem do general para a reserva.
O sonho dele, por�m, quando sa�sse do minist�rio, era retomar o lugar no Ex�rcito, sem necessidade de ficar na reserva. Agora, com a imagem abalada por causa do colapso na Sa�de, at� esse retorno est� amea�ado.
Aos 58 anos, Pazuello resiste a passar para a reserva e quer terminar seu per�odo como general de divis�o apenas ao completar a idade-limite, de 64 anos. Embora alguns generais defendam que ele v� para a reserva, seus colegas de quatro estrelas n�o v�o enxot�-lo da For�a.
Afinal, neste per�odo da pandemia, Pazuello cumpriu a miss�o mais dif�cil: coordenar a gest�o da crise sanit�ria de um governo que, na maior parte do tempo, agiu como se a trag�dia n�o existisse.
Fidelidade
Amigos de Pazuello dizem que ele seguiu � risca tudo o que foi pedido pelo Planalto na gest�o da Sa�de. O pr�prio Bolsonaro reconhece isso. Tanto � que, nos �ltimos dias, fez quest�o de deixar claro que Pazuello termine as provid�ncias que adotou em rela��o �s vacinas, como a viagem ao Rio de Janeiro para receber os dois milh�es de vacinas da Fiocruz.
Al�m disso, colocou o ministro na conversa com a m�dica Ludhmila Hajjar, que, sondada, recusou assumir o Minist�rio da Sa�de. O chefe do Executivo ainda divulgou que a troca na pasta era para colocar no lugar um m�dico que pudesse conversar de igual para igual com outros profissionais da sa�de que dominam as secretarias estaduais.
Dentro do governo, h� o reconhecimento de que, se o pa�s at� agora s� vacinou 5% da popula��o, a culpa n�o pode ser atribu�da a Pazuello. Por�m, ningu�m vai jogar a conta em Bolsonaro. A avalia��o � de que as circunst�ncias da falta de vacinas no mundo provocaram essa situa��o.
Mas h� um problema: politicamente, o ministro � acusado de m� gest�o e, diante das 6.045 mortes registradas nesses �ltimos tr�s dias, algu�m no governo federal levar� sua parcela de culpa. Com a inten��o de proteger o presidente, o desgaste sobrar� para Pazuello, enquanto o sucessor ficar� com o papel de tentar salvar a p�tria.