Em seu discurso de posse, o novo ministro das Rela��es Exteriores, o embaixador Carlos Alberto Franco Fran�a, enfatizou a import�ncia do di�logo na sua �rea e afirmou que o diplomata � um "construtor de pontes". O evento ocorreu em ambiente fechado, sem a participa��o da imprensa e sem transmiss�o ao vivo. Conforme texto enviado pela pasta, no pronunciamento, ele sublinhou tr�s urg�ncias a serem combatidas pelo governo com a ajuda do Itamaraty. "O di�logo � essencial na resposta a todas essas urg�ncias: a sanit�ria, a econ�mica e a ambiental", citou.
Fran�a lembrou que o Brasil sempre foi ator relevante no amplo espa�o do di�logo multilateral. "Isso n�o significa, como � evidente, aderir a toda e qualquer tentativa de consenso que venha a emergir, nas Na��es Unidas ou em outras inst�ncias. N�o precisa ser assim e n�o pode ser assim", afirmou, acrescentando que o que orienta o corpo diplom�tico s�o os valores e interesses do Pa�s. "Em nome desses valores e interesses, continuaremos a apostar no di�logo como m�todo diplom�tico", afirmou.
Esse m�todo, de acordo com o embaixador, abre possibilidades de arranjos e converg�ncias que sempre foram exploradas em favor do Pa�s. O consenso multilateral bem trabalhado, continuou, tamb�m � express�o da soberania nacional. Outro lugar onde o di�logo se imp�e � na vizinhan�a, de acordo com o novo ministro. Ele mencionou os acordos nucleares do Brasil com a Argentina, que j� t�m mais de tr�s d�cadas e s�o s�mbolo do predom�nio da coopera��o sobre a rivalidade. O Mercosul, que completa 30 anos, tamb�m foi citado como uma etapa construtiva da integra��o com os vizinhos. Para Fran�a, por�m, � preciso ir al�m e abrir novas oportunidades.
Estar voltado para fora do Pa�s, no entanto, n�o � a �nica tarefa do Itamaraty. "N�o ser� suficiente dialogar com outros pa�ses. Esse � o m�nimo, � a alma do nosso neg�cio", declarou. "Diante das urg�ncias que somos chamados a enfrentar, e no encaminhamento de tantas outras quest�es, manterei canais abertos tamb�m dentro do nosso pa�s - com meus colegas de Esplanada, com os Poderes da Rep�blica, com os setores produtivos, com a sociedade", prometeu.
Segundo o novo ministro, estes s�o canais indispens�veis, inclusive, na solu��o de pend�ncias administrativas que "legitimamente afligem os integrantes do servi�o exterior brasileiro". Fran�a fez esta men��o ap�s corte de or�amento para manter o corpo diplom�tico no Exterior. "Foi assim que aprendi, no Itamaraty, a entender o of�cio do diplomata: um construtor de pontes."
Urg�ncias
O novo ministro das Rela��es Exteriores tomou posse com um discurso em tom apaziguador interna e externamente. A maior parte de seu pronunciamento, distribu�do pela Pasta, parece querer demonstrar uma guinada em rela��o �s a��es de seu antecessor, Ernesto Ara�jo, a quem Fran�a agradeceu pelo per�odo de transi��o.
Ele falou sobre o papel do Itamaraty no combate � pandemia ao lado do Minist�rio da Sa�de, buscando novas fontes de oferta de vacinas no exterior, e a maior abertura do Pa�s ao globo, independentemente de quest�es de outras naturezas que n�o sejam �s dos interesses do Brasil.
Logo no in�cio de sua fala, o embaixador agradeceu a confian�a do presidente Jair Bolsonaro em seu trabalho e disse que ele poderia contar com seu empenho integral. "O momento � de urg�ncias. E o presidente Bolsonaro instruiu-me a enfrent�-las. Essa � a nossa miss�o mais imediata", disse ele, sublinhando que tr�s delas ser�o a urg�ncia no campo da sa�de, a urg�ncia da economia e a urg�ncia do desenvolvimento sustent�vel.
Fran�a prometeu ampliar a rede de contatos das miss�es e consulados brasileiros no exterior para realizar uma "verdadeira diplomacia da sa�de". "Em diferentes partes do mundo, ser�o crescentes os contatos com governos e laborat�rios, para mapear as vacinas dispon�veis. Ser�o crescentes as consultas a governos e farmac�uticas, na busca de rem�dios necess�rios ao tratamento dos pacientes em estado mais grave", garantiu. "S�o aportes da frente externa que podemos e devemos trazer para o esfor�o interno de combate � pandemia. Aportes que n�o bastam em si, mas que podem ser decisivos", acrescentou.
"Sabemos todos que essa � tarefa que extrapola uma vis�o unicamente de governo. E que, no governo, compete tamb�m ao Itamaraty, em conjunto com o Minist�rio da Sa�de", defendeu sobre a coordena��o do governo em rela��o ao surto.
Na cerim�nia de posse, o novo ministro tamb�m disse que seu compromisso ser� com a intensifica��o e a maior articula��o das a��es em curso. "Maior articula��o no �mbito do Itamaraty; maior articula��o com outros �rg�os p�blicos, com o Congresso Nacional. Assim ser�o maiores as chances de que nosso trabalho diplom�tico se traduza em resultados para a vida dos brasileiros", citou.
Coopera��o externa
Uma atua��o no Itamaraty no Exterior sem prefer�ncias ou exclus�es. Esta foi uma das promessas feitas pelo novo ministro das Rela��es Exteriores durante seu discurso de posse. Este tamb�m � um dos pontos que mais o separam de seu antecessor, o embaixador Ernesto Ara�jo, que, durante sua gest�o nos dois primeiros anos do governo de Bolsonaro, participou de alguns epis�dios p�blicos em posi��o contr�ria � China.
"Meu compromisso � engajar o Brasil em intenso esfor�o de coopera��o internacional, sem exclus�es. E abrir novos caminhos de atua��o diplom�tica, sem prefer�ncias desta ou daquela natureza", afirmou ele mais cedo, conforme discurso distribu�do pelo MRE.
Como exemplo, Fran�a disse que, na Organiza��o Mundial do Com�rcio (OMC), o Itamaraty est� trabalhando por uma iniciativa sobre Com�rcio e Sa�de. Segundo ele, s�o positivas as declara��es da nova diretora-geral da institui��o, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, sobre a necessidade de um consenso amplo que garanta acesso a vacinas, com mais produ��o e melhor distribui��o.
"A tarefa n�o � simples. Ningu�m ignora que existe no mundo hoje uma escassez de insumos m�dicos. Mas asseguro que os recursos da nossa diplomacia permanecer�o mobilizados para atender �s demandas das autoridades de sa�de", garantiu.
Moderniza��o da economia
A agenda da moderniza��o da economia � fundamental para o Brasil e ela n�o tem como ocorrer sem que o Pa�s se abra para o mundo, segundo o novo ministro. "Como ensina o presidente (Jair) Bolsonaro, o brasileiro quer vacina e quer emprego. E para crescer, e gerar mais empregos, a agenda da moderniza��o da economia � fundamental", disse, acrescentando que esta n�o se trata de uma agenda estritamente dom�stica, por mais cruciais que sejam as reformas que est�o sendo encaminhadas no Pa�s.
Para o novo ministro, n�o h� moderniza��o sem mais com�rcio, investimentos e melhor integra��o �s cadeias globais de valor. Sobre este terceiro ponto, ele destacou que est� a� o significado da pauta de negocia��es comerciais do Brasil. Tamb�m, de acordo com Fran�a, n�o h� moderniza��o sem a exposi��o do Pa�s aos mais elevados padr�es de pol�ticas p�blicas.
Em rela��o a este tema, o embaixador refor�ou a import�ncia de se ter um relacionamento com a Organiza��o para Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE) cada vez mais estreito - o Brasil tenta se candidatar a uma vaga no organismo multilateral com sede em Paris desde a oficializa��o do pedido, ainda no governo de Michel Temer.
"N�o h� moderniza��o sem abertura ao mundo - e por essa raz�o a nossa pol�tica externa tem um sentido universalista, sempre guiado pela prote��o de nossos leg�timos interesses", declarou ele em uma cerim�nia que ocorreu sem transmiss�o ao vivo nem participa��o da imprensa.
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