Prestes a investigar as a��es do governo federal na pandemia, a maioria dos senadores da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Covid acredita que a gest�o de Jair Bolsonaro errou na condu��o da crise sanit�ria no Pa�s. Segundo levantamento do Estad�o, seis dos 11 senadores do grupo veem falhas do Executivo no enfrentamento da doen�a, antecipando que este deve ser o foco dos trabalhos da comiss�o, prevista para come�ar na ter�a-feira.
Aliados do governo s�o minoria na CPI. Dos 11 integrantes, apenas quatro est�o alinhados ao Pal�cio do Planalto, dois fazem oposi��o e outros cinco atuam de forma independente, mudando de posi��o de acordo com seus interesses. Dos seis que apontam erros de Bolsonaro na pandemia, quatro s�o deste �ltimo grupo. Os senadores governistas Marcos Rog�rio (DEM-RO) e Ciro Nogueira (Progressistas-PI) n�o responderam �s perguntas da reportagem.
Numa esp�cie de defesa antecipada, Bolsonaro tem dito que "acertou todas" na pandemia, apesar de declara��es minimizando a doen�a e previs�es de que a crise iria acabar logo, o que n�o ocorreu. "N�o errei nenhuma desde mar�o do ano passado", disse o presidente a apoiadores no dia 1.� de mar�o, em frente ao Pal�cio da Alvorada.
At� sexta-feira, 23, o Pa�s somava mais de 14 milh�es de casos de covid-19 e 383.502 mortes. S� fica atr�s dos Estados Unidos, que acumula mais de meio milh�o de vidas perdidas para o novo coronav�rus.
Uma vers�o preliminar do plano de trabalho da CPI prev� investigar quest�es como o atraso na compra de imunizantes pelo Pa�s, a omiss�o do Minist�rio da Sa�de no colapso na rede de sa�de de Manaus no in�cio do ano e a insist�ncia de Bolsonaro em recomendar o chamado tratamento precoce - que, al�m de n�o ter efic�cia para a covid-19, ainda pode levar pacientes � fila dos transplantes.
A CPI foi proposta inicialmente com o objetivo de investigar apenas as a��es e omiss�es do governo federal na pandemia. Ap�s press�o do Pal�cio do Planalto, no entanto, o alvo do colegiado foi ampliado e passou a incluir eventuais desvios de recursos federais enviados a Estados e munic�pios.
Cinco senadores dizem ser favor�veis a tamb�m convocar governadores na CPI
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), que, por acordo entre os partidos, deve assumir a fun��o de relator, � um dos que veem responsabilidade do presidente na falta de controle da doen�a no Pa�s. "Em todos os momentos esse assunto foi mal conduzido pelo governo. Acho que o governo continuar� errando, mas ele tem caracter�sticas, a essa altura, bastante conhecidas", afirmou Renan em entrevista ao Estad�o em 16 de abril.
Sob fogo cerrado de bolsonaristas, que tentam tirar o emedebista da relatoria da CPI, o senador disse, no entanto, que n�o pretende "pr�-datar alvos". "Nosso inimigo � a pandemia, n�o vamos investigar pessoas, vamos investigar fatos", afirmou. O filho do emedebista, Renan Filho (MDB), � governador de Alagoas e tamb�m pode se tornar um dos alvos da CPI.
Dos 11 integrantes da comiss�o, cinco disseram ser favor�veis a tamb�m convocar governadores para prestarem esclarecimentos sobre como usaram recursos federais durante a pandemia. Renan n�o quis se posicionar sobre este ponto e condicionou ouvir gestores locais ao avan�o das investiga��es do colegiado. "Voc� n�o pode fazer uma CPI contra governadores ou prefeitos ou contra o presidente da Rep�blica. Tem de fazer a investiga��o", declarou o emedebista.
A opini�o � compartilhada pelo l�der do MDB, senador Eduardo Braga (AM), que deve disputar o governo do Amazonas nas elei��es do ano que vem. "Havendo conex�o, no caso de m� aplica��o de recursos repassados pela Uni�o, governos estaduais, municipais e at� mesmo institui��es poder�o ser chamados a depor."
Prov�vel presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM) evitou responder se v� equ�vocos de Bolsonaro na crise sanit�ria. "As a��es do governo federal ser�o investigadas para apurar eventuais responsabilidades", disse ele. Apesar do acordo para que Aziz comande o colegiado, a indica��o ainda precisa ser confirmada em vota��o na ter�a-feira.
O senador Eduardo Gir�o (Podemos-CE) corre por fora para assumir o posto e pretende disputar a vaga. Mesmo alinhado ao Pal�cio do Planalto, ele entende que houve, sim, erros da gest�o federal, mas relativiza a responsabilidade de Bolsonaro. "A pandemia � um quadro severo de crise jamais enfrentado por outros governos. � natural que tenham ocorrido problemas na condu��o", disse o senador.
Fecham a lista dos que atribuem a culpa ao governo os dois senadores identificados com a oposi��o. Autor do requerimento que resultou na CPI, Randolfe afirmou que o governo � "totalmente" respons�vel pelos problemas enfrentados pelo Pa�s. "Esse � o fato primeiro a ser investigado na CPI. As a��es e omiss�es que nos levaram ao atoleiro sanit�rio em que estamos. Nossa hip�tese � de que o governo tem responsabilidade nisso", disse o senador da Rede. "Tenho convic��o de que errou redondamente e tem total responsabilidade", afirmou Humberto Costa (PT-PE) ao Estad�o.
Pazuello deve ser ouvido pela CPI da Covid
Ministro da Sa�de mais longevo na pandemia, por dez meses, o general Eduardo Pazuello est� na lista dos que devem ser ouvidos pela CPI. Dos 11 senadores, cinco confirmaram a inten��o de convoc�-lo para prestar esclarecimentos. "Todos os ex-ministros da Sa�de e o atual devem ser ouvidos", afirmou Aziz.
Como mostrou o Estad�o, a CPI aberta pelo Senado deve mirar primeiro nos militares. Al�m de Pazuello, demitido do cargo no m�s passado, o general Walter Braga Netto, atual ministro da Defesa, que comandou um comit� de crise quando estava na chefia da Casa Civil, entre outros oficiais, devem ir a um inc�modo "banco dos r�us" no Senado.
Na gest�o Pazuello, pelo menos 20 militares da ativa e da reserva assumiram cargos no Minist�rio da Sa�de, enquanto t�cnicos com experi�ncia em crises sanit�rias deixaram o governo ou foram isolados. Enquanto isso, o Centro de Opera��es de Emerg�ncias (COE) sobre a covid-19, montado para ser o cora��o das a��es, foi esvaziado. O �rg�o passou das m�os de t�cnicos ao comando de militares. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA