O depoimento do ex-ministro da Sa�de Eduardo Pazuello � CPI da Covid foi marcado pela tentativa de blindar o presidente da Rep�blica, Jair Bolsonaro. Ao longo de sete horas de sess�o, ontem, Pazuello distorceu fatos sobre a condu��o da crise sanit�ria pelo governo, disse inverdades ao negar a ordem de Bolsonaro para cancelar a compra da vacina Coronavac e foi desmentido pelo Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) ao afirmar que havia restri��es da Corte � compra de imunizantes da Pfizer.
A sess�o foi interrompida, � tarde, porque Pazuello sentiu um mal estar durante um intervalo e teve queda da press�o arterial. O general foi atendido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que � m�dico. � sa�da do Senado, no entanto, Pazuello negou o problema, confirmado pelo jornal O Estado de S. Paulo com seus advogados. "Eu n�o passei mal. N�o houve nada", desconversou. O depoimento ser� retomado hoje.
O ex-ministro deixou senadores irritados ao dizer que Bolsonaro n�o lhe mandou cancelar o contrato para a compra da Coronavac, vacina produzida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. "Nunca o presidente me mandou desfazer qualquer contrato, qualquer acordo com o Butantan. Ele nunca falou um 'ai' sobre o Butantan", afirmou.
No dia 21 de outubro, por�m, Bolsonaro usou as redes sociais para anunciar o fim do acordo. "Ele (Pazuello) tem um protocolo de inten��es, j� mandei cancelar, se ele assinou. O presidente sou eu. N�o abro m�o da minha autoridade", escreveu Bolsonaro, que, vinte e quatro horas depois, foi visitar o ent�o ministro. "� simples assim: um manda, o outro obedece", disse Pazuello, na ocasi�o, ao lado do chefe.
Agora, a vers�o do general � a de que a manifesta��o do presidente foi uma rea��o a provoca��es do governador de S�o Paulo, Jo�o Doria: "O que o presidente colocou, na rede social, ele n�o repetiu para mim".
Pazuello foi submetido a constrangimento ao destacar que, entre os motivos para n�o assinar rapidamente um memorando de entendimento com a Pfizer, estavam pareceres de �rg�os de controle, como o TCU. Mas o tribunal informou que n�o havia apresentado nada nesse sentido. O ex-ministro, ent�o, disse que cometera um equ�voco.
Os momentos mais tensos da CPI ocorreram quando o ex-ministro negou ter recomendado o "tratamento precoce" com cloroquina (sem efici�ncia comprovada contra a covid), e quando disse ter sido informado sobre a falta de oxig�nio em Manaus apenas em 10 de janeiro.
Logo depois, chegou � CPI um documento no qual o ex-secret�rio executivo do Minist�rio da Sa�de, �lcio Franco, admitia que Pazuello soube da falta de oxig�nio no Amazonas em 7 de janeiro, em conversa por telefone com o secret�rio estadual de Sa�de, Marcellus Camp�lo. A nota de Franco foi uma resposta a requerimento apresentado pelo deputado Jos� Ricardo (PT-AM).
"N�o � poss�vel isso. O senhor assistiu com seus olhos os nossos brasileiros amazonenses morrerem por falta de oxig�nio", reagiu Eduardo Braga (MDB-AM). "O depoente foi treinado e est� mentindo muito. Vamos agora pedir que a CPI contrate uma ag�ncia de checagem on line de fatos", afirmou o relator, Renan Calheiros (MDB-AL).
At� o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), bateu boca com o senador Lu�s Carlos Heinze (Progressistas-RS) e o chamou de "mentiroso" por ele dizer que o governo Bolsonaro havia enviado dinheiro ao Amazonas para combate ao coronav�rus. "N�o me chame de mentiroso", gritou Heinze. A sess�o foi suspensa e Aziz pediu desculpas. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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POL�TICA
Pazuello distorce dados e blinda Bolsonaro na CPI no primeiro dia de depoimento
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