Em busca de um partido para disputar a reelei��o, o presidente Jair Bolsonaro anunciou, nesta quinta-feira, 20, que est� "namorando" com o Progressistas. Durante a inaugura��o de uma ponte ligando o Piau� ao Maranh�o, o presidente disse ter sido convidado pelo presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), para se filiar e que n�o pretende se fazer de "dif�cil".
"Fui do PP (sigla pela qual o Progressistas tamb�m � chamado) por muito tempo. Ele n�o est� apaixonado por mim, mas est� me namorando, quer que eu retorne ao partido Progressistas. Quem sabe, se ele souber conversar, for bom de papo, quem sabe a gente volte. N�o estou me fazendo de dif�cil, � um grande partido."
Bolsonaro j� foi filiado ao PP em dois per�odos, em 2005 e 2016. Ele deixou a legenda porque n�o via espa�o para concorrer � Presid�ncia. Ap�s ser eleito pelo PSL, ele se desfiliou em 2019 e desde ent�o est� sem partido. Em mar�o, Bolsonaro disse que estava de "namoro" com uma sigla que colocaria em suas m�os toda a estrutura partid�ria, sem revelar a agremia��o.
Desde que percebeu as dificuldades para a forma��o do Alian�a para o Brasil, partido em constru��o por seus aliados e para o qual migraria, o presidente tem conversado com v�rias siglas em busca de estrutura para concorrer � reelei��o em 2022. Ele j� fez negocia��es com o PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), com o Democracia Crist� e com o Patriotas.
A �ltima movimenta��o se deu com os herdeiros de Levy Fidelix, ex-presidente do PRTB, mesmo partido do vice-presidente, Hamilton Mour�o. Bolsonaro j� manifestou o desejo de ter total controle sobre a estrutura partid�ria, com influ�ncia em todos os Estados, mas familiares de Fidelix, morto recentemente em decorr�ncia de complica��es da covid-19, n�o concordaram com as demandas, o que interrompeu as negocia��es. Entre os principais "finalistas" dessa corrida para abrigar Bolsonaro, o Progressistas est� entre as siglas com maior estrutura partid�ria.
Isolamento
O presidente aproveitou a entrega da ponte sobre o Rio Parna�ba para atacar quem defende o isolamento social contra a pandemia do coronav�rus. Segundo ele, os "imbecis engravatados" que mandaram "ficar em casa" destru�ram milh�es de empregos. Sem fazer alus�o direta � CPI da Covid, que investiga omiss�es de seu governo na condu��o da crise sanit�ria, Bolsonaro disse que manter os empregos � mais importante que medidas preventivas, como higiene e distanciamento social.
Antes e durante o evento, o presidente n�o usou m�scara e causou aglomera��es. "Quando apareceu aquele v�rus, aqueles imbecis engravatados diziam: 'v�o ficar em casa todo mundo, a economia fica para depois'. N�o � assim, grande parte dos brasileiros vive na informalidade, n�o tem carteira assinada. Foram esquecidos por estes que mandaram fechar o com�rcio e destru�ram milh�es de empregos."
Bolsonaro disse que cumpriu sua obriga��o de buscar solu��es. "Fizemos o poss�vel. De aux�lio emergencial, ofertamos a 65 milh�es de pessoas, mais do que os oito anos do primeiro governo do PT somado com a meia d�zia daquela senhora", falou, referindo-se aos governos petistas dos ex-presidentes Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff. "Estamos tendo problemas com desemprego, sim, querem botar na minha conta tamb�m. A conta � de quem fechou tudo sem qualquer responsabilidade, sem qualquer comprova��o cient�fica, apenas para provar que estava preocupado com a vida de voc�s. Obviamente n�s defendemos as medidas, distanciamento e higiene, mas o emprego � t�o ou mais importante."
Em plena CPI, mas sem abandonar o clima de campanha, o presidente fez agrados aos senadores do Piau� e do Maranh�o que estavam no evento e disse que C�mara e Senado n�o podem estar dissociados do presidente da Rep�blica. "Um depende do outro e assim n�s constru�mos as pol�ticas para todo o Brasil. N�o tem radicalismo, n�s temos uma determina��o, vamos fazer tudo o que for poss�vel para o nosso Brasil. � muito bom quando voc� v� um parlamento em sua maioria ombreado com o presidente para que o Brasil comece a andar de fato", afirmou Bolsonaro.
Ainda no trajeto entre Bras�lia e o local do evento, o presidente causou aglomera��o durante a troca de aeronave no aeroporto de Palmas, no Tocantins. Apesar de n�o constar da agenda oficial, apoiadores reuniram um grupo de pessoas, muitas vestindo verde e amarelo, no interior do aeroporto. Sem m�scara, Bolsonaro se dirigiu at� a grade met�lica, enfeitada com bandeiras do Brasil, e apertou as m�os dos apoiadores.
Campanha
Em Santa Filomena, no Piau�, Bolsonaro chegou acompanhado pelos ministros da Infraestrutura, Tarc�sio Gomes de Freitas; das Comunica��es, Fabio Faria, e do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), Augusto Heleno; al�m do presidente da Caixa, Pedro Guimar�es. Tamb�m fazia parte da comitiva o filho do presidente Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro. "Disseram que minha vota��o foi pequena por aqui, mas eu n�o era conhecido tamb�m. Comecei a andar pelo Brasil quando, em setembro, aconteceu uma tentativa de assassinato por um ex-filiado do PSOL, que � sat�lite do PT, que � irm�o g�meo do PCdoB. Isso a� n�s vencemos gra�as a Deus."
O presidente lembrou que est� rodando o Brasil para entregar obras. "Essa obra foi iniciada no nosso governo. A grande maioria das obras que vem de governos anteriores estava abandonada h� 30, 40, 50 anos. A �gua n�s estamos trazendo para o Nordeste com o ministro Rog�rio Marinho (do Desenvolvimento Regional). Buscamos a transposi��o do Rio S�o Francisco, que n�o � obra nossa, mas estava h� mais de dez anos parada porque a corrup��o estava solta. Aquele pessoal fazia transposi��o � do banco para o pr�prio bolso e a �gua ficava para tr�s", acusou.
Ao lembrar que o Brasil � um pa�s farto de riquezas naturais e minerais, Bolsonaro disse que n�o se justifica este ser um pa�s pobre em terra rica e que � preciso fazer a "coisa certa" para mudar. "� s� ver como est� a nossa Venezuela, com povo pac�fico, ordeiro, onde eles chegaram com o apoio expl�cito de um presidente do Brasil, fugindo a p� para o Estado de Roraima", afirmou, para, em seguida, lamentar a situa��o da Argentina. "Porque quem chegou l�, chegou prometendo tudo, prometendo o para�so, como � comum por parte de pol�ticos do Brasil fazer isso. Depois da coisa feita vem a realidade." O atual presidente da Argentina, Alberto Fern�ndez, � associado a pautas de esquerda.
Ataque
Sem citar o nome do ex-presidente Lula, seu prov�vel concorrente nas elei��es de 2022, o presidente o atacou: "Um bandido a� que n�o tem um dedo falou h� pouco que ia dar aux�lio emergencial de 600 reais para todo mundo. Por que n�o fez l� atr�s com o Bolsa Fam�lia? Hoje em dia a m�dia do Bolsa Fam�lia � 190 reais. Estamos trabalhando para que suba porque sabemos que houve infla��o, que aumentaram os pre�os. Mas isso passa pela n�o destrui��o do emprego, pelo n�o fechamento do com�rcio, pela coragem de decidir ao lado da realidade".
Bolsonaro esteve no Piau� para a entrega de uma ponte sobre o Rio Parna�ba, na BR-235. A obra liga o munic�pio de Alto Parna�ba, no Maranh�o, a Santa Filomena, no Piau�. A constru��o foi iniciada em 2019 e custou cerca de R$ 60 milh�es. Segundo o governo federal, a ponte de 185 metros ajudar� a escoar a produ��o agr�cola da regi�o conhecida como Matopiba, formada pelos Estados do Maranh�o, Tocantins, Piau� e Bahia, pela Ferrovia Norte-Sul. Segundo o ministro Tarc�sio, a obra foi entregue antes do prazo e dar� economia direta aos produtores, que pagavam R$ 257 por caminh�o para fazer a travessia de balsa.
POL�TICA