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Estado de Minas POL�TICA

Pequenos rinc�es concentram mais filiados a partidos


22/05/2021 13:20

Carlos Eduardo da Silva, de 32 anos, foi um cr�tico ferrenho das �ltimas gest�es da cidade onde mora. Mas tudo n�o passava de ret�rica - at� que, nas �ltimas elei��es municipais, ano passado, ele resolveu dar um passo a mais para ampliar o alcance de sua voz e atuar "de igual para igual" com os pol�ticos locais. N�o, ele n�o se lan�ou candidato - como alguns at� chegaram a sugerir. Filiou-se a um partido pol�tico.

Hoje, a rotina de Cadu - como � conhecido pelos colegas na pequena Flora Rica, a 600 quil�metros de S�o Paulo - se divide entre a chefia do setor de almoxarifado da prefeitura e as sess�es da C�mara Municipal, a menos de 50 metros do seu trabalho. Nas horas vagas, como os intervalos para almo�o, ele atravessa a rua para levar aos vereadores demandas de alguns dos 1.430 habitantes da cidade. O roteiro de Cadu � exemplo da principal conclus�o de um recente estudo sobre as filia��es partid�rias no Brasil: elas ocorrem sobretudo nos mais distantes "rinc�es" do Pa�s.

Os autores da pesquisa, Emerson Urizzi Cervi (UFPR), Sonia Terron (IBGE) e Glaucio Ary Dillon Soares (UERJ), estudaram a distribui��o geogr�fica dos eleitores filiados a partidos pol�ticos no Pa�s - com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral de 2018. Um dos achados cruciais foi que os munic�pios maiores e mais desenvolvidos econ�mica e socialmente tendem a apresentar (proporcionalmente, pelo total de habitantes) menor rela��o formal com as siglas do que munic�pios pequenos, com baixo desenvolvimento social e com perfil econ�mico rural.

Os resultados, dizem os pesquisadores, refor�am a possibilidade de existir, no Brasil, uma "filia��o instrumental", e n�o inspirada em motivos ideol�gicos, como muitos imaginam. Ou seja, al�m de se associar a uma legenda para eventualmente se candidatar, os cidad�os, no interior do Pa�s, usam a filia��o como uma forma de ter mais acesso ao Estado.

Perto do poder

E � exatamente o que faz Cadu. Estar associado a uma legenda deu a ele mais "entrada" no poder municipal, que decide a maior parte dos empregos da cidade. Sua luta � por mais trabalho e lazer para os jovens no munic�pio. "Quem se forma nas faculdades da regi�o tem como �nica alternativa ir embora, j� que n�o h� emprego de verdade aqui", disse ele.

No curto per�odo em que � filiado, Cadu j� teve parte de suas demandas atendidas. A mais recente foi a reforma de uma piscina p�blica abandonada. A essa conquista somam-se a inclus�o de lombadas em bairros com circula��o de carros e crian�as e a melhora da merenda escolar. "Me filiei para estar mais inteirado e para poder gritar mais alto por melhorias futuras. Quero que meu filho de 6 anos n�o sofra l� na frente", afirmou Cadu, cujo emprego na prefeitura n�o tem a ver com pol�tica ou com sua filia��o.

O cientista pol�tico Emerson Urizzi Cervi, um dos autores do estudo, explica que, nas regi�es metropolitanas, o mercado e a sociedade s�o atores relevantes para atender �s demandas dos cidad�os. "J� no interior do Pa�s � o Estado quem prov� as aus�ncias de um mercado desenvolvido e de uma sociedade organizada. Por isso, h� uma proximidade do poder p�blico como recurso para atendimento de demandas individuais ou para a representa��o das demandas coletivas."

O agricultor e feirante Valmir Galv�o, de 57 anos, mora no munic�pio com maior porcentual de filiados do Pa�s - Lajeado Grande, no oeste de Santa Catarina, onde 72,6% dos eleitores est�o ligados a alguma sigla. Seu Galv�o � um deles. Fez sua primeira filia��o h� mais de 15 anos e hoje est� no MDB, que, no �ltimo pleito, elegeu dois vereadores.

"Concordo com as ideias do partido e atrav�s dele existem formas de buscar recursos nas mais diversas esferas para o crescimento e bem-estar do munic�pio", contou o agricultor ao Estad�o. Fora da �poca da pandemia, ele participa periodicamente de reuni�es da sigla, que contam com a presen�a de filiados, vereadores e deputados estaduais. Um dos pedidos que fez e que j� foram atendidos foi a destina��o de emendas parlamentares para a aquisi��o de m�quinas e melhoria de estradas da regi�o.

Lurdes F�tima Todescatto Fochezatto tem 57 anos e tamb�m � moradora de Lajeado Grande, que tem 85 mil habitantes. Assim como seu Galv�o, dona Lurdes trabalha no campo, mais especificamente com a produ��o de leite. Recentemente, ela buscou na filia��o partid�ria uma forma de defender os interesses de sua classe. "Estou na luta para tentar mudar um pouco a situa��o do pequeno agricultor e da agricultura familiar. E quando voc� luta junto com outras pessoas em um mesmo partido, a chance de vencer � maior", disse ela. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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