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Estado de Minas POL�TICA

Prefeito de SP � alvo de investiga��o por lavagem de dinheiro


24/05/2021 13:02

O novo prefeito de S�o Paulo, Ricardo Nunes (MDB), � investigado pela Pol�cia Civil por suspeita de participar de um esquema de lavagem de dinheiro desviado da Prefeitura no per�odo em que foi vereador. Os investigadores apuram detalhes sobre dep�sitos na conta da empresa do emedebista, de sua mulher e de seus filhos, ap�s alerta de �rg�os de controle.

As evid�ncias foram levantadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que tamb�m mapeou movimenta��es financeiras suspeitas de entidades comandadas por ex-funcion�rios do prefeito. Elas gerenciavam creches da cidade, mas parte dos recursos recebidos da Prefeitura foi parar em contas de seus pr�prios gestores, depois de passar por contas de empresas que, para a pol�cia, s�o de fachada.

Um dos pontos da investiga��o s�o dois dep�sitos em dinheiro, que totalizam R$ 150 mil, feitos na conta de uma dedetizadora registrada em nome do prefeito e seus familiares. O Coaf emite alertas para transa��o em esp�cie em valores elevados para prevenir lavagem de dinheiro. Os investigadores apuram as circunst�ncias dos dep�sitos at�picos.

Questionado pelo Estad�o, Nunes afirmou, por meio de nota, que "n�o h� dep�sitos sem origem" na conta de sua empresa, mas n�o informou quem fez os pagamentos que levaram o Coaf a emitir o alerta.

O Minist�rio P�blico j� se manifestou favoravelmente � continuidade do inqu�rito, que est� em segredo de Justi�a e teve in�cio em dezembro de 2020. A apura��o � uma nova frente de investiga��o contra o prefeito, que j� foi alvo de um processo na Promotoria de Justi�a do Patrim�nio P�blico e Social de S�o Paulo por suspeitas com a "M�fia das Creches". Esta primeira apura��o, de cunho civil, n�o encontrou ind�cios contra ele.

Ricardo Nunes comanda a Prefeitura desde o in�cio do m�s, quando o prefeito Bruno Covas (PSDB) se afastou para se tratar de um c�ncer. Ele assumiu o cargo em definitivo na semana passada, ap�s a morte de Bruno. Antes de ser eleito vice, ele foi vereador da cidade por dois mandatos (entre 2012 e 2020). A investiga��o est� relacionada aos seus dois �ltimos anos na C�mara Municipal.

Esquema

No esquema investigado pela pol�cia, a organiza��o social Associa��o de Moradores Jacinto Paz, que recebe dinheiro da Prefeitura para administrar creches na zona sul de S�o Paulo, fez pagamentos a duas empresas: uma construtora, WMR, e uma distribuidora de material escolar, �guia. Os repasses somam R$ 1,5 milh�o. O montante chamou a aten��o do Coaf porque ambas s�o registradas como empresas de pequeno porte.

Entre 2019 e 2020, per�odo da investiga��o, a associa��o Jacinto Paz recebeu R$ 20,6 milh�es da Prefeitura para atender cinco creches em Santo Amaro, reduto eleitoral do prefeito. A entidade � presidida pelo casal Andrea Miranda e Gilson dos Santos. Ela trabalhou na campanha que reelegeu Nunes na C�mara Municipal, em 2016. O Estad�o identificou que Andrea consta na presta��o de contas entregue pelo prefeito � Justi�a Eleitoral. Os pagamentos foram registrados como "despesas com pessoal".

Os repasses da associa��o comandada por Andrea e o marido �s duas empresas foram feitos sem licita��o, uma vez que entidades dessa natureza s�o dispensadas da obriga��o de fazer processos licitat�rios.

O Coaf, no entanto, apontou que tanto a WMR quanto a �guia tamb�m fizeram transfer�ncias consideradas suspeitas em suas contas. Al�m de saques em esp�cie e compensa��es de cheques, que dificultam o rastreamento do dinheiro, o �rg�o de controle identificou uma s�rie de pagamentos para a conta de uma outra empresa de Gilson dos Santos (o administrador da associa��o Jacinto Paz e marido de Andr�a), que depois foram parar na conta pessoal dele.

A investiga��o da Pol�cia Civil sobre lavagem de dinheiro desviado de creches de S�o Paulo envolve tamb�m a Associa��o Amigos da Crian�a e do Adolescente (Acria), outra entidade contratada pela Secretaria Municipal de Educa��o da capital ligada ao prefeito Ricardo Nunes (MDB).

O Coaf identificou que as empresas WMR e �guia, suspeitas de simular transa��es comerciais para limpar dinheiro il�cito, fizeram 29 repasses para a entidade, que somam R$ 974 mil, entre dezembro de 2018 e setembro de 2020.

Chamou a aten��o dos investigadores que apenas um desses pagamentos somou R$ 122 mil. A investiga��o apura as raz�es dessas transfer�ncias, uma vez que a entidade, sem fins lucrativos, n�o presta servi�os sen�o a gest�o de creches para a Prefeitura de S�o Paulo, segundo informa��es de seu pr�prio site.

A presidente da Acria, Elaine Targino, tamb�m trabalhou com o prefeito. Ela foi funcion�ria de uma das empresas de Nunes entre 2005 e 2008 e, desde que ele virou vereador, passou a pedir votos para Nunes nas redes sociais, al�m de manter fotos no Facebook com ele, a quem chama de "chefe". Nas elei��es passadas, ela tamb�m fez campanha para o candidato a vereador que era apoiado por Nunes, Marcelo Messias (MDB), que foi eleito.

Como o Estad�o revelou em outubro, antes da elei��o, a Acria contratou a empresa da fam�lia do prefeito, a dedetizadora Nikkey, por R$ 50 mil ao longo de 2019. Esses repasses n�o est�o na rela��o de transa��es sob investiga��o.

O prefeito disse � �poca que a empresa de sua fam�lia foi contratada para oferecer o servi�o de dedetiza��o �s creches administradas pela associa��o, e que cobrou valores abaixo do pre�o de mercado porque conhecia o trabalho da entidade.

A reportagem procurou a Acria, a Jacinto Paz, a WMR e a Distribuidora �guia, al�m de seus representantes, em 14 telefones diferentes, ao longo das duas �ltimas semanas. Nenhum deles foi localizado para comentar o inqu�rito.

A 1.� Delegacia de Pol�cia de Crimes contra a Administra��o e Lavagem de Dinheiro, que cuida do caso, e a Promotoria de Crimes Tribut�rios, Organiza��es Criminosas e Lavagem de Dinheiro, que est�o encarregadas do caso, informaram � reportagem que a investiga��o est� sob sigilo e n�o fizeram coment�rios.

A Prefeitura de S�o Paulo negou que haja uma investiga��o policial contra o prefeito Ricardo Nunes e informou, por nota, que o prefeito n�o tem rela��es nem proximidade com as pessoas citadas no inqu�rito por lavagem de dinheiro do qual ele � alvo. A nota afirma que a Prefeitura "repudia veementemente as reiteradas tentativas de colocar em d�vida a reputa��o do prefeito".

O inqu�rito est� sob sigilo e, segundo o Estad�o apurou, a defesa do prefeito ainda n�o foi procurada para prestar esclarecimentos � pol�cia. De acordo com a nota, enviada pela Secretaria Especial de Comunica��o, Nunes "est� � disposi��o das autoridades competentes para prestar eventuais esclarecimentos, como j� o fez em outras apura��es j� encerradas por n�o comprovarem irregularidades". "O prefeito sempre se pautou pela lisura e legalidade em suas atividades privadas e na sua vida p�blica."

Na nota, Nunes negou que Andrea Miranda tenha prestado servi�os a ele. "Nunca foi funcion�ria", diz. Segundo o pr�prio prefeito declarou na presta��o de contas da campanha de 2016, quando disputou a reelei��o como vereador, por�m, pagamentos a Andrea foram registrados como "despesa com pessoal".

Sobre Elaine Targino, o prefeito admitiu que ela trabalhou em sua empresa e informou que ela "faz servi�o social na regi�o sul", mas afirmou que "n�o h� proximidade" com a ex-funcion�ria nem com os demais citados.

Diante do questionamento sobre os alertas do Conselho de Controle de Atividades Financeiras a respeito de dep�sitos em esp�cie na conta da empresa, o prefeito informou que "n�o h� dep�sito sem origem" nas contas, sem mais coment�rios sobre as transa��es financeiras. A Prefeitura informou ainda que a entidade Associa��o Moradores Jacinto Paz, apontada como origem da s�rie de transfer�ncias sob investiga��o, "foi descredenciada e teve os contratos com a Prefeitura cancelados em 14 de janeiro de 2021". A nota n�o esclarece o motivo do descredenciamento. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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