
"Eu acho que essa avalia��o, essa multa eventual do presidente Bolsonaro, ela tem que ser avaliada pelo povo", disse Paes, durante entrevista coletiva, ap�s participar de uma inaugura��o na Taquara, na zona oeste da capital fluminense. "O presidente � a principal autoridade do Brasil, ele vai ser sempre bem-vindo no Rio de Janeiro, e n�s n�o vamos ficar nesse joguinho de multa, n�? O presidente tem essa responsabilidade, ele pode avaliar."
Sem citar o epis�dio, Paes se referia � iniciativa do governo do Maranh�o, que emitiu auto de infra��o contra Bolsonaro na sexta-feira, 21, pelo mesmo motivo: participar de evento sem m�scara e provocar aglomera��o na cidade de A�ail�ndia. O presidente est� sujeito a pagar multa de R$ 2 mil a R$ 1,5 milh�o. Ap�s receber a notifica��o, Bolsonaro tem 15 dias para apresentar sua defesa e, s� depois disso, a Superintend�ncia de Vigil�ncia Sanit�ria do Maranh�o vai definir o valor da multa.
Desde a cerim�nia de posse como prefeito, Paes faz acenos ao presidente. Bolsonaro fez campanha eleitoral para seu advers�rio Marcelo Crivella (Republicanos).
Na mesma entrevista em que deu a entender que n�o multar� Bolsonaro, o prefeito, ao citar a multa aplicada pela prefeitura a si pr�prio, afirmou que "aqui a gente cumpre as regras".
"Um dia, por descuido, eu infringi uma regra, eu tirei a m�scara num lugar onde n�o poderia tirar a m�scara, e a prefeitura me multou, pedi que a prefeitura me multasse. Aqui, a gente cumpre as regras, e quando n�o cumpre o pr�prio prefeito paga a sua multa", disse.
O Estad�o perguntou ao prefeito se ele pretende fazer alguma consulta ao povo para orientar a prefeitura na aplica��o ou n�o da multa a Bolsonaro. Perguntou ainda se essa chancela pelo povo das puni��es estabelecidas na legisla��o vale tamb�m para outras pessoas. Paes n�o respondeu at� a publica��o desta reportagem.
Passeio de moto de Bolsonaro atravessou o Rio
No domingo, 23, Bolsonaro liderou um passeio que reuniu milhares de motociclistas a partir do Parque Ol�mpico, na zona oeste, at� o Aterro do Flamengo, na zona sul. Ao fim, o presidente subiu num carro de som e fez um breve com�cio para apoiadores - sempre sem m�scara. No palanque, tamb�m estavam sem prote��o o ministro da Infraestrutura, Tarc�sio Gomes de Freitas, o ex-ministro da Sa�de Eduardo Pazuello e deputados aliados. Houve aglomera��o de pessoas, tamb�m desprotegidas, no caminho e no pronunciamento final.
A resolu��o conjunta 871, emitida pelas secretarias estadual e municipal de Sa�de em 12 de janeiro, regulamenta as medidas de prote��o � vida, relativas � covid-19, no munic�pio do Rio de Janeiro. Estabelece como "medidas permanentes para todos os indiv�duos" o uso de m�scara facial "em qualquer ambiente de uso coletivo ou compartilhado, somente retirando-a temporariamente em situa��es de absoluta necessidade ou em locais abertos aonde (sic) se garanta a dist�ncia superior a 4 metros".
O Decreto Municipal 48.573, de 3 de mar�o, menciona a resolu��o. Prev� multa de R$ 562,42 a quem desrespeitar as regras previstas. Foi com base nessa norma que Paes foi multado, ap�s ser flagrado sem m�scara, cantando em um bar no centro do Rio, em 8 de maio. No dia 10, a Secretaria municipal de Ordem P�blica e a Vigil�ncia Sanit�ria aplicaram a multa de R$ 562,42. O prefeito pagou no mesmo dia.
Na ocasi�o, por meio das redes sociais, ele admitiu o erro e se desculpou.
"Errei e me desculpo. (...) Errei ao resolver me juntar aos m�sicos e cantar algumas m�sicas. Al�m disso, retirei minha m�scara por algum tempo enquanto cantava. Me desculpo com a popula��o por esse gesto. Me desculpo por minha atitude e deixo bem claro aqui que n�o me inibirei em continuar estabelecendo as medidas necess�rias para enfrentar essa doen�a. Os negacionistas de plant�o que n�o se animem com meu erro."