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Estado de Minas ENTREVISTA

Renan Calheiros � 'escandalosamente parcial', diz senador Eduardo Gir�o

Membro da CPI da COVID, senador se diz independente e cr�tica postura do relator e do presidente


07/06/2021 04:00 - atualizado 07/06/2021 09:37

''O show de agressividade e parcialidade desta CPI está fazendo a sua credibilidade derreter na opinião pública a cada dia. A CPI teria que ser técnica, e não pirotécnica como tem sido'' (foto: Pedro Franca/Agência Senado - 23/3/20)
''O show de agressividade e parcialidade desta CPI est� fazendo a sua credibilidade derreter na opini�o p�blica a cada dia. A CPI teria que ser t�cnica, e n�o pirot�cnica como tem sido'' (foto: Pedro Franca/Ag�ncia Senado - 23/3/20)
Eduardo Gir�o (Podemos-CE) contesta o r�tulo de defensor da gest�o de Jair Bolsonaro (sem partido) nas sess�es da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da COVID-19. Para provar seu vi�s independente, garante que n�o participa de reuni�es no Pal�cio do Planalto para definir estrat�gias de atua��o e questiona o relator da apura��o, Renan Calheiros (MDB-AL), a quem classifica como “escandalosamente parcial. Segundo Gir�o, a CPI tem sido usada como palanque eleitoral e permeada por agressividade. “A CPI teria que ser t�cnica, e n�o pirot�cnica como tem sido”, diz, em entrevista ao Estado de Minas.

Gir�o � autor do requerimento que estendeu o foco da CPI ao exame dos gastos de repasses da Uni�o feitos a estados e munic�pios. � �poca da instala��o do colegiado, perdeu a disputa pela presid�ncia para Omar Aziz (PSD-AM). Na semana passada, Aziz chamou o colega cearense de “oportunista pequeno” em debate sobre acordo que adiou a vota��o de of�cios para pedir depoimentos de prefeitos. “Ele agrediu sozinho. Estava desequilibrado e fora de si”, dispara o filiado ao Podemos.

Embora seja chamado de “governista” em conte�dos feitos pela ag�ncia de not�cias do Senado Federal, Gir�o argumenta ter postura independente. Congressista h� dois anos e meio, critica a��es do chefe do Executivo federal ante medidas de combate � pandemia. “Aglomera��es do presidente sem o uso de m�scara, assim como declara��es dele e de alguns ministros contra a China mais atrapalham do que ajudam na corrida pelas vacinas”, afirma.

Como o senhor define a sua postura na CPI? Se considera governista?
Minha postura � absolutamente independente. N�o s� pelas posturas p�blicas que tenho adotado na CPI a partir de requerimentos de minha autoria, que buscam informa��es sobre a agenda do presidente da Rep�blica, que tem causado aglomera��es e sem uso de m�scara, dando exemplo ruim � popula��o nesta pandemia. Tamb�m n�o tenho indica��o de cargos no governo nem recebi recursos de emendas parlamentares extras. As minhas s�o apenas as impositivas e constitucionais. Tive muitos votos p�blicos contr�rios � posi��o do governo, como a indica��o, do presidente, de Kassio Nunes Marques ao STF. E, tamb�m, na flexibiliza��o de armas, fui dos articuladores para a derrubada dos decretos presidenciais. Na CPI, estamos trabalhando para buscar a verdade, esclarecer os fatos, extrair ensinamentos que ajudem na constru��o de um Brasil melhor e olhar com equil�brio para as eventuais omiss�es e a��es do governo federal, assim como tamb�m para rastrear a corrup��o nas dezenas de bilh�es de reais de verbas federais enviadas a estados e munic�pio. Esse requerimento, ali�s, de minha autoria, foi subscrito por 45 senadores e tamb�m deu origem a essa CPI. A sociedade espera uma resposta a partir de uma CPI que deveria ser independente, ampla e justa — o que definitivamente n�o est� sendo a partir da escandalosa parcialidade de relator e presidente durante as sess�es que tivemos at� agora. J� houve, inclusive, a antecipa��o do julgamento deles antes mesmo de come�ar a CPI, com declara��es dadas � imprensa, dizendo quem � o culpado e quem � o inocente.

Poderia apontar os erros e acertos do governo federal no combate � pandemia?
Apontar erros e acertos dos Executivos federal, estadual e municipal � o caminho mais curto e f�cil, mas n�o � produtivo ficar somente neste ponto. � evidente que medidas como isolamento f�sico, uso de m�scaras e �lcool em gel devem ser adotadas e incentivadas por todos n�s. Mas � preciso aprofundar nossa busca e questionar, enquanto cidad�os e profissionais: por que politizamos tanto esta pandemia? Por que n�o conseguimos nos unir para atingirmos o �nico objetivo, que � a prote��o da sociedade? Ao procurar responder estas quest�es, talvez encontremos os erros e acertos de cada um e as solu��es para que n�o se repitam. Na comiss�o, ainda estamos  cruzando as falas trazidas nas oitivas e comparando com dados que ainda est�o sendo enviados. N�o quero cometer o erro de colegas de fazer uma antecipa��o do julgamento com declara��es dadas � imprensa, dizendo quem � o culpado e quem � o inocente. Estamos na comiss�o para fazer o trabalho com responsabilidade at� o final, dando amplo direito de defesa e ao contradit�rio aos investigados. Mas � ineg�vel: aglomera��es do presidente sem o uso de m�scara, assim como declara��es dele e de alguns ministros contra a China mais atrapalham do que ajudam na corrida pelas vacinas. 

O senhor j� participou de reuni�es no Pal�cio do Planalto para definir estrat�gias em rela��o � COVID como fazem outros senadores?
Nunca participei de reuni�es no Planalto. Eles sabem que sou independente, assim como (sabem) os oposicionistas – todos os integrantes do G7 – que tamb�m n�o me chamam para suas reuni�es por isso. N�o fa�o o jogo da situa��o ou da oposi��o. Quero a apura��o de toda a verdade, e n�o apenas uma parte da verdade. Vejo uso politiqueiro e palanque para 2022 nesta CPI. Penso que isso � desumano no momento em que ainda perdemos vidas, (e h�) desemprego e fome por causa da pandemia. Precisamos urgentemente de pacifica��o, serenidade, mais di�logo e menos intoler�ncia. O show de agressividade e parcialidade desta CPI est� fazendo a sua credibilidade derreter na opini�o p�blica a cada dia. A CPI teria que ser t�cnica, e n�o pirot�cnica como tem sido.

Como avalia a postura do relator Renan Calheiros?
Infelizmente, escandalosamente parcial. (�) um dos motivos pelos quais vem derretendo a credibilidade junto aos brasileiros. H� uma situa��o que n�o tem como resolver. Ele � pai de um governador (Renan Filho, AL). E esta CPI, em seu escopo, deve investigar tamb�m gestores estaduais que receberam bilh�es de reais do governo federal no enfrentamento � COVID 19. Deveria ter se declarado impedido, mas n�o o fez. O fato � que isso faz o povo desacreditar na CPI, vendo, na pr�tica, apenas fins politiqueiros nela j� que o relator, que � o cora��o e o pulm�o de uma comiss�o, n�o pode fazer meio relat�rio. Ou se faz um relat�rio ou n�o se faz. E esse conflito flagrante de interesses dele n�o tem solu��o

O que o senhor espera dos depoimentos dos governadores?
Que tragam dados e esclarecimentos quanto �s a��es implementadas no combate � pandemia e (ajudem a) compreender como foram empregados os recursos federais disponibilizados para este fim.

O senhor se envolveu em um pequeno bate-boca com Omar Aziz, que o chamou de oportunista ap�s pedir a convoca��o de prefeitos – tema que ficou fora da pauta. O incidente j� est� superado?
Na verdade n�o foi um bate-boca, porque eu o deixei colocar tudo pra fora e decidi n�o retrucar. Ele agrediu sozinho. Estava desequilibrado e fora de si. Quem age assim, com viol�ncia, � porque est� sofrendo. Sempre respeitei e respeitarei todas as pessoas. N�o h� nenhuma justificativa para a atitude do senador Aziz, j� que � meu direito cobrar a convoca��o dos governadores e prefeitos, por ser o autor do requerimento gerador desta CPI, junto ao (requerimento) do senador Randolfe (Rodrigues). Aziz deixa de cumprir seu papel de presidente da comiss�o ao n�o acolher meu plano de trabalho e n�o atender meus requerimentos de convoca��o. Como est� em falta, quando cobrado, reage daquela forma, totalmente em desacordo com as posturas de um parlamentar. Temos e devemos ter diverg�ncias pol�ticas, ess�ncia da democracia, mas jamais partir para agress�es pessoais. Demonstra despreparo e falta de civilidade. A sociedade n�o merece espet�culo degradante entre parlamentares. N�o responderei porque o mesmo perdeu a raz�o. N�o foi um debate de ideias acalorado, e sim ofensas pessoais.

Durante a oitiva de Dimas Covas, o senhor utilizou a morte de Nelson Sargento, j� vacinado com duas doses da Coronavac, para questionar a efic�cia das vacinas. O diretor do Butantan, ent�o, respondeu que � preciso levar em conta fatores individuais. Porqu� o senhor recorreu a algu�m que tinha morrido poucas horas antes? Se arrepende da cita��o?
N�o me arrependo. N�o fui desrespeitoso e tudo depende da inten��o da pergunta. O objetivo dos questionamentos �, tamb�m, suscitar eventuais preconceitos da popula��o para que, com as respostas de um cientista, se possa esclarecer a opini�o p�blica ainda resistente a ver que o processo de vacina��o � fundamental, independentemente de alguns resultados encarados como negativos. Doutor Dimas Covas trouxe as informa��es  necess�rias para que as pessoas se sintam seguras no processo de vacina��o.

Como o senhor espera ficar conhecido nacionalmente depois da CPI?
N�o espero nenhum reconhecimento. Trabalho com o estrito sentimento do cumprimento do dever e em respeito � minha consci�ncia. Desta vida, ao partirmos, nada levamos. Somente nossa consci�ncia.
 
Depoimentos como o de Luiz Henrique Mandetta d�o ind�cios de que havia, no Pal�cio do Planalto, um gabinete paralelo respons�vel por orientar Bolsonaro ante a pandemia. O senhor acredita na exist�ncia desse grupo?
N�o tenho rela��es com o governo que permitam fazer esta avalia��o.

O senhor est� no primeiro mandato e j� integra uma CPI com repercuss�o nacional. Por que fez quest�o de participar?
Primeiro, porque um dos requerimentos geradores � de minha autoria. Segundo, porque entendo que poderia e posso contribuir para que a CPI seja um espa�o para a busca de fatos que permitam tirar li��es, buscando sempre a verdade. 

Onde a CPI vai chegar?
Espero que produza um relat�rio imparcial e verdadeiro, que contenha ensinamentos para que, no futuro, n�o repitamos os erros de hoje. 


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