Sem citar a CPI da Covid - que investiga se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime ao lidar com a pandemia -, a Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma nota nesta sexta-feira, dia 9, em que defende indiretamente os trabalhos da comiss�o ao exigir a "apura��o, irrestrita e imparcial, de todas as den�ncias" de prevarica��o e corrup��o no enfrentamento da pandemia, "com consequ�ncias para quem quer que seja". A nota foi emitida em meio � crise entre a CPI e a c�pula militar.
"A tr�gica perda de mais de meio milh�o de vidas est� agravada pelas den�ncias de prevarica��o e corrup��o no enfrentamento da pandemia da COVID-19", diz o texto. "Apoiamos e conclamamos �s institui��es da Rep�blica para que, sob o olhar da sociedade civil, sem se esquivar, efetivem procedimentos em favor da apura��o, irrestrita e imparcial, de todas as den�ncias, com consequ�ncias para quem quer que seja, em vista de imediata corre��o pol�tica e social dos descompassos", continua a nota.
A CPI da Covid avalia a possibilidade de comunicar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a ocorr�ncia de suposto crime cometido por Bolsonaro, no caso da compra da vacina Covaxin. Nesse caso, o mandat�rio teria conhecimento de um caso de corrup��o e deixou de agir ou comunicar �s autoridades competentes - ina��o que configura prevarica��o. De acordo com o deputado Luis Miranda (DEM-DF), o mandat�rio sabia de �rolo� na compra da Covaxin, cuja aquisi��o j� foi cancelada devido �s suspeitas de superfaturamento.
O aparente envolvimento de alguns militares nos crimes investigados foi tema de coment�rio do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), o que acabou irritando a c�pula militar. Em rea��o - combinada com o presidente - o ministro da Defesa e os comandantes do Ex�rcito, da Marinha e da Aeron�utica emitiram uma nota na qual acusam Aziz de ter sido "leviano" ao afirmar que h� militares envolvidos.
No contexto dos trabalhos da CPI, diversos integrantes das For�as Armadas - alguns dos quais det�m ou detiveram altos cargos no governo Bolsonaro - foram citados nas investiga��es. Diversos militares j� foram convocados para depor e um militar � citado como membro de um esquema de rachadinha em �udios da ex-cunhada do presidente da Rep�blica.
Na fala que irritou a c�pula militar, Omar Aziz disse que "as For�as Armadas, os bons das For�as Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje est�o na m�dia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil n�o via membros do lado podre das For�as Armadas envolvidos com falcatrua dentro do Governo".
Ap�s a nota dos militares acusando Aziz de ser "leviano", diversos integrantes da CPI reiteraram a mensagem de que os senadores n�o v�o se intimidar e dar�o continuidade aos trabalhos. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comiss�o, foi um dos que proferiu falas nesse sentido.
Visando dissipar a tens�o, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e o comandante do Ex�rcito, general Paulo S�rgio de Oliveira, conversaram sobre o incidente na quarta-feira e reiteraram o respeito m�tuo entre For�as Armadas e Senado.
Leia a �ntegra da nota:
A Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB levanta sua voz neste momento, mais uma vez, para defender vidas amea�adas, direitos desrespeitados e para apoiar a restaura��o da justi�a, fazendo valer a verdade. A sociedade democr�tica brasileira est� atravessando um dos per�odos mais desafiadores da sua hist�ria. A gravidade deste momento exige de todos coragem, sensatez e pronta corre��o de rumos.
A tr�gica perda de mais de meio milh�o de vidas est� agravada pelas den�ncias de prevarica��o e corrup��o no enfrentamento da pandemia da COVID-19. "Ao abdicarem da �tica e da busca do bem comum, muitos agentes p�blicos e privados tornaram-se protagonistas de um cen�rio desolador, no qual a corrup��o ganha destaque." ( CNBB, Mensagem da 56�. Assembleia Geral ao Povo Brasileiro, 19 de abril de 2018).
Apoiamos e conclamamos �s institui��es da Rep�blica para que, sob o olhar da sociedade civil, sem se esquivar, efetivem procedimentos em favor da apura��o, irrestrita e imparcial, de todas as den�ncias, com consequ�ncias para quem quer que seja, em vista de imediata corre��o pol�tica e social dos descompassos.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB
Dom M�rio Ant�nio da Silva
Bispo de Roraima (RR)
Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de S�o Sebasti�o do Rio de Janeiro (RJ)
Secret�rio-geral da CNBB
POL�TICA