O ministro da Secretaria-Geral da Presid�ncia, Onyx Lorenzoni, e o deputado Lu�s Miranda (DEM-DF) estiveram nesta quarta-feira, 14, frente a frente pela primeira vez desde que o caso Covaxin colocou os dois pol�ticos do DEM em lados opostos. O encontro foi em audi�ncia na Comiss�o de Fiscaliza��o e Controle da C�mara, onde Lorenzoni teve de explicar as ofensas dirigidas ao deputado, em pronunciamento no m�s passado, e houve bate-boca.
O ministro reproduziu na comiss�o um �udio no qual Luis Ricardo, servidor do Minist�rio da Sa�de e irm�o de Luis Miranda, relata suspeitas na negocia��o do governo para a compra da Covaxin, a vacina indiana contra o coronav�rus.
Miranda disse � CPI da Covid que informa��es suspeitas contidas na primeira vers�o da "invoice" (nota fiscal) motivaram uma reuni�o com o presidente Jair Bolsonaro no Pal�cio da Alvorada, no dia 20 de mar�o. Entre as informa��es questionadas estavam a exig�ncia de pagamento antecipado de um lote de vacinas em nome de uma offshore com sede no para�so fiscal de Cingapura e doses em quantidade menor do que estava sendo negociado.
Ap�s a reuni�o, Luis Ricardo alertou o irm�o deputado sobre as suspeitas. "Pensa no preju", disse ele, numa refer�ncia �s caracter�sticas da importa��o. Em outro �udio, o t�cnico do Minist�rio da Sa�de respons�vel pelas importa��es afirma: "nunca recebi liga��o de ningu�m. J� nesse (neg�cio), meu amigo, o que tem gente em cima pressionando... A� voc� j� fica com p� atr�s, entendeu?".
Lorenzoni exibiu os �udios e partiu para o ataque. "Se o procedimento (reuni�o com Bolsonaro) era no dia 20, para que tinha necessidade de dizer no presente (sic) �eu marquei, eu recebi�? � dia 22. � o seu WhatsApp", disse o ministro, dirigindo-se a Miranda. O senhor produziu prova contra o seu argumento. Conviva com ela, deputado!"
Na reuni�o, o chefe da Secretaria-Geral da Presid�ncia tamb�m fez novas ofensas a Miranda. "Em tese, a pessoa que � paciente de psicopatia (...) vive em um mundo paralelo. Ela n�o tem limite �tico, nem moral: vive num mundo fantasioso", afirmou.
Deputado licenciado pelo DEM do Rio Grande do Sul, Lorenzoni tentou desacreditar a den�ncia de Miranda. "O servidor (Luis Ricardo) relata muito antes os documentos que teve acesso. E n�o relata a corre��o deles, mesmo sabendo que esteve com o presidente da Rep�blica, com acusa��es graves", disse. "E ele n�o comunica ao irm�o parlamentar que estava tudo resolvido. E, 90 dias depois, a hist�ria reaparece midiaticamente".
Em resposta �s declara��es do ministro, Luis Miranda afirmou que "est�o brincando com a cara do povo brasileiro". "Tem um pen drive que foi entregue com todos os documentos, inclusive a �invoice� dentro, que todos os servidores sabem disso", insistiu ele.
"Quando meu irm�o manda para mim dia 22 (de mar�o), � porque na reuni�o com o presidente eu fico tamb�m meio perdido, sem entender essa quest�o. Como tem uma empresa terceira, cara? � imposs�vel ter uma empresa terceira. E agrade�o ter colocado aqui o �udio, porque o �udio dele demonstra claramente que aquilo era grave. Continua sendo grave", disse Miranda.
Luis Ricardo � chefe do Departamento de Log�stica do Minist�rio da Sa�de. Em depoimento ao Minist�rio P�blico Federal, ele disse ter recebido "press�es anormais" para a compra da Covaxin, �nico imunizante adquirido por meio de uma empresa intermedi�ria, a Precisa Medicamentos.
Segundo afirmou Miranda, um documento previa o pagamento antecipado, no valor de US$ 45 milh�es, referente � importa��o da vacina indiana Covaxin. A transa��o, por�m, dependia de seu irm�o, que se recusou a assinar, pois a �rea t�cnica da pasta considerou o pagamento antecipado indevido.
O contrato do Minist�rio da Sa�de para a compra do imunizante s� previa o pagamento ap�s o recebimento das doses. Onyx disse que o documento foi "corrigido" cinco dias depois, sem previs�o de pagamento antecipado.
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