O que unifica o Pa�s n�o � a agenda identit�ria ou guerra cultural, mas a necessidade de retomar o desenvolvimento, combater a desigualdade e valorizando a democracia. Com essa bandeira, o ex-presidente da C�mara dos Deputados Aldo Rebelo (sem partido) decidiu se tornar pr�-candidatura � Presid�ncia da Rep�blica. Ex-PCdoB, ele lan�ou o livro O Quinto Movimento, onde exp�e suas ideias. Eis a entrevista dele ao Estad�o:
O sr. lan�ou a candidatura mesmo sem estar em um partido. Pode explicar esse projeto?
Atendi um apelo de amigos de participar do debate nacional em fun��o do livro que escrevi. A ideia � lan�ar uma pr�-candidatura independente. Depois, pensamos no partido. Essa agenda se volta para tr�s quest�es decisivas: a retomada do desenvolvimento, combate �s desigualdades e valoriza��o da democracia, que eu respondo tr�s, quatro vezes por dia se vai ter golpe, se n�o vai ter golpe. S�o esses os grande desafios.
O que o sr. responde �s pessoas quando elas perguntam se vai ter golpe?
Que n�o. S� alucinados imaginam que podem instalar uma ditadura para chamar de sua no Brasil. Qual a corpora��o que vai reunir for�as, energias pol�ticas e materiais para impor uma ditadura no Brasil? N�o estamos em 1964.
Como o sr. acredita ser poss�vel fazer a ocupa��o sem devastar a Amaz�nia?
� preciso ter um programa que re�na em primeiro lugar a soberania brasileira. Isso n�o est� em negocia��o. Segundo: o direito ao desenvolvimento econ�mico da agricultura, da ind�stria da biotecnologia. Terceiro: a prote��o das popula��es ind�genas. Ela devem receber a assist�ncia do estado brasileiro. Elas vivem hoje manipuladas por essas ONGs. E quarto, a prote��o da biodiversidade, da floresta, das �guas.
Como as ONGs manipulam a quest�o ind�gena?
Chega uma ONG europeia e abre um escrit�rio na (Avenida) Faria Lima (em S�o Paulo) e come�a a vender para o exterior que a Amaz�nia vai ser destru�da em breve e que precisa de dinheiro para proteg�-la. Esse � um tipo de manipula��o expl�cita e mais clara. Deixa eu fazer um reparo: h� tamb�m ONGs humanit�rias.
De que forma atacando as ONGs, o governo Bolsonaro fortalece essas ONGs?
Evidente que fortaleceu e deu protagonismo que elas n�o tinham mais. O Brasil � um pa�s isolado, sem aliados no mundo. Vai desembarcar por esses dias uma autodenominada internacional progressista, dirigida por celebridades americanas e europeias e recebeu apoio de intelectuais e l�deres progressistas. Tem coisa mais desorientada do que isso? Querem barrar a "Ferrogr�o". Eles nem sabem o que � a "Ferrogr�o". Voc� imagina os EUA, a China, a R�ssia, a Fran�a permitir que personalidades estrangeiras entrassem no pa�s para dizer que ferrovia pode ser constru�da? A China que construiu 30 mil quil�metros de ferrovias nos �ltimos dez anos. Isso � uma fragilidade do Brasil e mostra um governo fraco e uma oposi��o desorientada. O Brasil virou palco de disputa entre a agenda do Partido Republicano e a agenda do Partido Democrata.
O sr. quer ser uma candidatura de terceira via?
N�o. Terceira via n�o tem mais vaga. A candidatura � de uma agenda que pode unir amplamente o Pa�s. N�o � da esquerda nem da direita. N�o � identitarismo nem da guerra cultural.
O sr. diz que o momento atual deve marcar uma nova �poca no Pa�s. Por qu�?
Porque ainda dispomos dos recursos materiais e do conhecimento para retomar a reconstru��o do Pa�s interrompida recentemente. O Brasil voltou as suas energias para construir seu territ�rio, sua base f�sica, mas hoje n�s nos voltamos contra os principais respons�veis por isso, que foram os bandeirantes, e alguns se dedicam em queimar as suas est�tuas e vilipendiar a sua mem�ria. N�s nos perdemos. Vivemos da guerra identit�ria - abandonamos a ideologia pela biologia - e da guerra cultural. E o que o Pa�s necessita, que � voltar a crescer e ser mais socialmente equilibrado e valorizar a democracia, ficou � margem do Pa�s. Voc� ter� gente conservador nessa agenda? N�o tenho d�vida nenhuma. Muita gente conservadora quer isso e muita gente progressista, de esquerda tamb�m quer. O que unifica o Pa�s e atrai as energias materiais e espirituais para remover os obst�culos ao nosso desenvolvimento n�o � a agenda identit�ria e nem da guerra cultural.
Por que n�o estar com o Lula, que foi seu aliado?
Tenho um grande apre�o pelo presidente Lula. O problema que eu vejo no PT � outro. Os pobres elegem os governos do PT para melhorar a vida, a educa��o, sa�de e seguran�a e a classe m�dia petista da Vila Madalena acha que o presidente foi eleito para fazer a agenda identit�ria, que � minoria na sociedade. Esses grupos organizados e articulados dentro do partido acham que devem governar o Pa�s com a agenda identit�ria e das ONGs na Amaz�nia. Como � o caso do Bolsonaro tamb�m. Como � que Bolsonaro foi eleito? Naturalmente porque o povo queria uma renova��o, algu�m que n�o fosse acusado de corrup��o, que tivesse a imagem do militar e a� ele se elege presidente. E ele pensa que foi eleito para fazer a guerra cultural, para brigar com os chineses, com os americanos, com os franceses, com os argentinos, com os venezuelanos, com bolivianos e peruanos. Esse � que � o problema.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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