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Estado de Minas Mulheres na pol�tica

Fala machista de ministro da CGU no Senado exp�e hist�rico de agress�es

Rea��o de Wagner Ros�rio a questionamento da senadora Simone Tebet (MDB-MS) � apenas um dos casos de desrespeito contra a bancada feminina no Congresso


26/09/2021 04:00 - atualizado 26/09/2021 07:48

Em sessão do comitê de investigação, senadora Simone Tebet foi chamada de ''descontrolada'' pelo ministro Wagner Rosário, da CGU
Em sess�o do comit� de investiga��o, senadora Simone Tebet foi chamada de ''descontrolada'' pelo ministro Wagner Ros�rio, da CGU (foto: Leopoldo Silva/Ag�ncia Senado - 15/7/21)
Bras�lia – A fala machista do ministro da  Controladoria-Geral da Uni�o (CGU) Wagner Ros�rio  direcionada � senadora Simone Tebet (MDB-MS) escancarou a agressividade � qual as mulheres que trabalham na pol�tica est�o expostas.

Durante o depoimento de Wagner Ros�rio � CPI da COVID, do Senado, na quarta-feira da semana passada, sem conseguir responder aos questionamentos da senadora, o ministro tentou se esquivar das perguntas chamando a parlamentar de “descontrolada”. O ataque repercutiu mal em todo o pa�s.

Ao Correio Braziliense , dos Di�rios Associados , a senadora Leila Barros (Cidadania-DF) lamentou o fato e destacou que a situa��o, apesar de ser chocante, n�o � rara.

“Nos espa�os de poder, como � o caso da pol�tica, n�s, mulheres, sentimos diariamente essa ‘influ�ncia’ atrapalhando”, disse. “Comigo, n�o � diferente. Sou a primeira mulher eleita senadora pelo Distrito Federal. S� esse fato j� diz muito”, destacou a parlamentar.

Para Leila Barros, a baixa representatividade feminina na pol�tica favorece epis�dios de agress�o �s mulheres e eles t�m ocorrido com mais frequ�ncia.

“O machismo � estrutural e cultural em toda sociedade e na pol�tica n�o � diferente. Mesmo sendo maioria na popula��o, nossa participa��o nos espa�os de poder � �nfima”, afirmou. “O Congresso Nacional � um reflexo atenuado da triste realidade brasileira. Somos apenas 12 senadoras entre os 81 integrantes da Casa. Tivemos avan�os, mas ainda h� um caminho a ser percorrido”, concluiu a senadora.

A Secretaria da Mulher da C�mara dos Deputados tamb�m repudiou as falas do ministro da CGU e manifestou apoio a Simone Tebet. “� not�rio o crescimento dos atos de viol�ncia pol�tica contra as mulheres”, disse.

“A Coordenadoria dos Direitos da Mulher da C�mara se manifesta, representando toda a bancada feminina, e, juntamente com a Procuradoria da Mulher, n�o deixar� de se manifestar em nenhuma ocasi�o em que as mulheres forem desrespeitadas, e sempre envidar� todos os esfor�os para cobrar as provid�ncias legais cab�veis dos �rg�os respons�veis”, ressaltou o comunicado.

A fala do ministro da CGU gerou bate-boca entre os presentes � reuni�o do comit� de investiga��o do Senado e fez com que Wagner Ros�rio passasse � condi��o de investigado pela CPI da COVID. Encerrada a sess�o, o ministro pediu desculpas � senadora Simone Tebet no Twitter. Na avalia��o de especialistas, o combate ao machismo estrutural em que a sociedade est� imersa requer investimento na educa��o.

A despeito do grande apoio � causa do respeito �s mulheres na pol�tica, ap�s o epis�dio, o descaso est� presente na pr�pria Casa. Em publica��o nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ironizou a situa��o e chamou Simone Tebet de “Maria do Ros�rio do Senado”.

O filho 02 do presidente Jair Bolsonaro ainda completou a publica��o escrevendo: “� ou n�o � um circo?”. A postagem incluiu o v�deo do momento em que Wagner Ros�rio faz a ofensa contra a senadora.

A briga � qual Eduardo faz refer�ncia ocorreu em 2014, quando Jair Bolsonaro, � �poca deputado federal, disse que n�o estupraria a colega da C�mara Maria do Ros�rio porque ela n�o merecia por ser “muito feia”. O ent�o deputado foi condenado pela Justi�a em 2019 devido � agress�o.

Um dia ap�s o ataque na CPI da COVID, Simone Tebet disse que as palavras de Wagner Ros�rio est�o no inconsciente de quem ainda pensa que mulheres s�o inferiores aos homens.

“N�o vem � toa. Ela est� no inconsciente daqueles que ainda acham que as mulheres s�o menores, inferiores. Essa palavra nos toca muito fortemente. N�o agridam mulheres que s�o porta-vozes de outras mulheres. Jamais digam que, quando ela eleva a voz, � hist�rica ou descontrolada”, disse durante abertura da comiss�o.  Procurada pela reportagem, a senadora n�o quis se manifestar sobre o assunto.


Representatividade 


Sendo minoria tanto na C�mara dos Deputados quanto no Senado, a bancada feminina trabalha para garantir a presen�a de mais mulheres no Congresso. Na C�mara, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), foi cobrado para que o Projeto de Lei 1.951/21, j� aprovado pelo Senado, seja colocado em pauta o mais breve poss�vel.

A mat�ria estabelece a reserva de vagas �s mulheres nos cargos legislativos nas diferentes esferas da Federa��o de maneira escalonada no tempo, come�ando com um m�nimo de 18% em 2022 e atingindo uma cota de 30% em 2040.

Para a cientista pol�tica C�ntia Souza, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o percentual ainda � pequeno diante da urg�ncia da demanda. “Embora a iniciativa de incentivar mulheres na pol�tica seja relevante, esses percentuais s�o bastante t�midos se considerarmos o per�odo de duas d�cadas sobre as quais a lei ser� aplicada”, avalia.

C�ntia Souza explica que, no Brasil, h� uma subrepresenta��o das mulheres na pol�tica, se for avaliada a diferen�a entre a propor��o de mulheres eleitoras e mulheres eleitas.

“Somos mais da metade da popula��o, mas alcan�amos apenas 15% das eleitas para cada Casa do Congresso. Essa situa��o � ainda pior se pensarmos nos cargos de destaque no Congresso, como presidentes de comiss�es ou l�deres de partido, por exemplo”, ressalta.

A advogada Ladyane Souza, integrante do grupo que trata do tema da viol�ncia pol�tica no Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), destaca que a viol�ncia pol�tica de g�nero est� enraizada na cultura e funciona como mecanismo para silenciar a representatividade dessas mulheres.

“Quando a gente pensa na seriedade do tema, a gente pensa no que n�s queremos para a nossa democracia. O objetivo dessa viol�ncia � silenciar. A partir dessa ideia de silenciamento, se torna muito s�rio. Atinge os nossos interesses”, afirma. (Com Tain� Andrade)



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