Bolsonaro tem agenda esvaziada e � ironizado pela imprensa italiana

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, � um dos �nicos l�deres do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) que n�o tem reuni�es previstas com outros mandat�rios, � exce��o do presidente italiano Sergio Mattarella, anfitri�o do evento que, pelo protocolo, se encontra com todos os l�deres presentes em Roma.

 

Segundo o Itamaraty, a agenda do presidente brasileiro seria atualizada ao longo da visita � It�lia, e reuni�es estavam sendo negociadas com outros pa�ses, mas nada foi fechado at� o momento. O encontro do G20 ocorre neste fim de semana (30 e 31/10), e em seguida muitos deles seguem para a C�pula do Clima em Glasgow, na Esc�cia (COP26).

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Sob forte press�o internacional por causa do aumento do desmatamento e das queimadas na Amaz�nia, Bolsonaro decidiu n�o ir � COP26, o que gerou cr�ticas de outros pa�ses e de organiza��es ambientais. Segundo o vice-presidente da Rep�blica, Hamilton Mour�o, o mandat�rio brasileiro evitar� a reuni�o do clima porque iriam jogar "pedras" nele.

 

A pol�tica ambiental de Bolsonaro colaborou muito para o isolamento dele em foros internacionais como o G20, e a aus�ncia na COP26 acentua isso.

 

Em geral, reuni�es bilaterais entre l�deres em eventos como o G20 e a Assembleia Geral das Na��es Unidas servem como um dos indicadores da import�ncia do pa�s no cen�rio global. Historicamente, o Brasil costumava ser requisitado por seu papel de articulador em negocia��es e debates globais envolvendo pa�ses em desenvolvimento.

 

Oliver Stuenkel, cientista pol�tico e professor de Rela��es Internacionais na Funda��o Getulio Vargas (FGV), afirma que o Brasil est� muito isolado, e a reputa��o de Bolsonaro no exterior j� est� consolidada, ent�o, suas declara��es dificilmente v�o mudar a posi��o de outros governos ou gerar manchetes como antes.

 

"Al�m disso, como a elei��o est� chegando, ningu�m quer apostar ou v� muito valor em restabelecer algum di�logo ou alguma parceria estrat�gica. E, mesmo com l�deres bem conectados, isso costuma acontecer quando falta um ano de mandato."

 

Para Stuenkel, "o melhor que o Brasil poderia fazer n�o seria reverter o estrago, mas simplesmente aparecer pouco,e h� uma boa chance de o Brasil sair do G20 n�o despercebido, mas sem gerar manchetes fora do pa�s".

Sinais de isolamento

O presidente argentino, Alberto Fern�ndez, por exemplo, tem encontro bilateral marcado com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

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J� o presidente da Indon�sia, Joko Widodo, se encontrou em reuni�es privadas com o colega franc�s, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro da Austr�lia, Scott Morrison. No encontro com o presidente da Fran�a, Widodo discutiu investimentos no setor de defesa indon�sio e metas para reduzir desmatamento e emiss�es de gases do efeito estufa, entre outros assuntos.

 

H� outros sinais do isolamento do l�der brasileiro durante o evento.

 

Uma reportagem do jornal italiano La Repubblica ressaltou que a edi��o da c�pula de l�deres do G20 deste ano foi marcada pela volta dos apertos de m�os, praticamente banidos durante a pandemia de covid-19. "Mas nem para todo mundo", ressalva a publica��o.

 

"(O presidente italiano) Mario Draghi deu a m�o a muitos dos primeiros-ministros que chegaram nesta manh� � Nuvola, onde ocorrem os trabalhos destes dois dias. Mas n�o para o presidente Bolsonaro, que disse que ser� a �ltima pessoa no Brasil a se vacinar - afinal, ele acredita que as vacinas causam a Aids: algo dito por ele em um v�deo que as redes sociais nos deram a gra�a de censurar."

 

Draghi teve reuni�es com diversos l�deres mundiais, entre eles Joe Biden (EUA) e Narendra Modi (�ndia).

'A Petrobras � um problema'

Na antessala da primeira reuni�o de l�deres do G20, Bolsonaro s� havia trocado palavras com os gar�ons, at� que os assessores o levaram para cumprimentar o colega turco, Recep Erdogan.

 

Em conversa informal com o presidente da Turquia, Bolsonaro disse que a economia do Brasil est� voltando forte, mas a "m�dia como sempre atacando" - o Brasil � o �nico pa�s do G20 com estimativas de recess�o em 2022, mas a avalia��o n�o � um consenso entre institui��es financeiras.

 

Em resposta, o mandat�rio da Turquia mencionou que o Brasil tem grandes recursos petrol�feros e a Petrobras. Bolsonaro rebate: "Petrobras � um problema. Mas estamos quebrando monop�lios, com uma rea��o muito grande. H� pouco tempo era uma empresa de partido pol�tico. Mudamos isso".

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Erdogan perguntou, por fim, sobre a elei��o brasileira e, ao ouvir que ela ocorrer� em 11 meses, disse a Bolsonaro que ele ainda tem bastante coisa para fazer.

 

"Eu tamb�m tenho um apoio popular muito grande. Temos uma boa equipe de ministros. N�o aceitei indica��o de ningu�m. Fui eu que botei todo mundo. Prestigiei as For�as Armadas. Um ter�o dos ministros [� de] militares profissionais. N�o � f�cil. Fazer as coisas certas � mais dif�cil", responde o presidente brasileiro.

 

Ap�s a reuni�o do G20, na manh� deste s�bado (30/10), Bolsonaro se encontrou com o secret�rio-geral da Organiza��o para a Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE), Mathias Cormann, na embaixada brasileira em Roma.

O Brasil tenta ingressar na organiza��o, conhecida como clube dos pa�ses ricos, mas a candidatura sofre resist�ncia de pa�ses europeus por causa das pol�ticas ambientais.

 

"N�s queremos a ascens�o � OCDE, e ele � simp�tico � nossa posi��o. � dif�cil, n�? Mas pelo que tudo indica, em vez de um pa�s, a ideia � de seis pa�ses adentrarem simultaneamente. Ent�o, isso facilita se essa tese for avante", disse Bolsonaro em frente � embaixada brasileira em Roma na tarde deste s�bado, ap�s a reuni�o do G20.

 

Segundo o presidente brasileiro, nesse formato, ingressariam tr�s pa�ses do continente americano e tr�s do continente europeu.

Vaias e xingamentos

No segundo dia de visita a Roma, Bolsonaro foi xingado e vaiado nas redondezas da embaixada brasileira, onde est� hospedado. O mandat�rio brasileiro foi chamado de "genocida" e "incompetente" quando voltava de um passeio na regi�o do Vaticano.

 

"Como voc� vai explicar a incompet�ncia de seu governo?", gritou um dos manifestantes. Outra repetia palavras de ordem como "Fora, Bolsonaro" e "Genocida".

 

� medida que as vaias e os xingamentos foram se intensificando, apoiadores de Bolsonaro se aproximaram gritando "Mito, mito!", e o presidente, visivelmente irritado, deixou de tirar fotos com apoiadores e apressou o passo para chegar � embaixada, onde jornalistas n�o t�m acesso.

 

Agentes de seguran�a brasileiros e italianos impediram rep�rteres de se aproximarem do presidente, empurrando e segurando os profissionais de imprensa.

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tamb�m foi vaiado em frente � embaixada brasileira.

 

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