(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ELEI��ES

PSDB faz pr�vias em meio a tentativa de recuperar relev�ncia para 2022

Partido que j� governou o pa�s por oito anos quer voltar ao poder nas pr�ximas elei��es.


21/11/2021 06:58 - atualizado 21/11/2021 10:30


Colagem de fotos de Arthur Virgílio, Eduardo Leite e João Doria
Arthur Virg�lio, Eduardo Leite e Jo�o Doria; tucanos v�o escolher nesse domingo candidato do PSDB � presid�ncia (foto: Ag. Senado/Ag. Brasil/AFP)

Na manh� deste domingo (21/11), milhares de filiados ao PSDB em todo o Brasil participar�o das pr�vias do partido para escolher o seu candidato � Presid�ncia da Rep�blica em 2022.

Mas o partido que vai �s urnas neste final de semana parece distante daquele que comandou o pa�s por oito anos e foi a principal for�a de oposi��o aos governos do PT.

Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil e o presidente da legenda, Bruno Ara�jo, as pr�vias do PSDB fazem parte de uma tentativa do partido de recuperar relev�ncia e protagonismo no cen�rio pol�tico brasileiro.

O PSDB foi fundado em 1988 a partir de uma cis�o do antigo PMDB (atual MDB) com uma inspira��o na chamada social-democracia europeia. O partido venceu duas elei��es presidenciais consecutivas (1994 e 1998), com Fernando Henrique Cardoso.

A partir de ent�o, perdeu quatro disputas nacionais seguidas para o PT: 2002, 2006, 2010 e 2014. Apesar disso, manteve sua domin�ncia em estados considerados poderosos como S�o Paulo e Minas Gerais e se consolidou, neste per�odo, como a principal for�a de oposi��o aos governos petistas.

Ap�s o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, o PSDB se aliou ao ent�o presidente Michel Temer (MDB) e passou a integrar diversos minist�rios. Em 2018, com o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) preso como resultado da Opera��o Lava Jato, a expectativa era de que o partido pudesse voltar ao poder.

No entanto, seu candidato na �poca, o ex-governador de S�o Paulo Geraldo Alckmin, ficou em quarto lugar com apenas 4,76% dos votos. Al�m disso, o partido viu sua participa��o na C�mara dos Deputados despencar. Em 2014, o PSDB elegeu 54 deputados e era a terceira maior bancada da Casa.

Quatro anos depois, o partido elegeu apenas 29, ficando em em nono lugar. E enquanto tudo isso acontecia, o PT, at� ent�o principal advers�rio dos tucanos, tamb�m perdeu deputados, mas conseguiu se manter como a maior bancada na C�mara e ainda levou seu candidato, Fernando Haddad, ao segundo turno das elei��es de 2018.


Geraldo Alckmin em discurso pelo PSDB
Em 2018, Alckmin ficou em quarto lugar na disputa presidencial, com apenas 4,76% dos votos (foto: AFP)

Nesse cen�rio descendente, o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, passou a tentar emplacar o seu nome como candidato � Presid�ncia em 2022, mas encontrou resist�ncia de diferentes grupos na legenda.

Tr�s nomes disputam a chance de representar o partido nas elei��es presidenciais de 2022: Doria; o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; e o ex-prefeito de Manaus e ex-senador pelo Amazonas Arthur Virg�lio.

A disputa est� polarizada em torno de Doria e Leite. As elei��es acontecer�o em todo o Brasil por meio de votos eletr�nicos e poder�o participar todos os filiados ao partido at� o dia 31 de maio deste ano.

A expectativa � de que o resultado seja divulgado no domingo (21/11). Se nenhum dos tr�s candidatos atingir a maioria absoluta dos votos, haver� segundo turno, previsto para o dia 28 de novembro.

O desafio do vencedor em 2022 ser� grande uma vez que os dois principais candidatos do partido, Doria e Leite, n�o aparecem entre os primeiros colocados nas pesquisas de inten��o de voto realizadas at� o momento e que colocam o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e o atual presidente Jair Bolsonaro nas duas primeiras posi��es.

Nesse contexto, uma das perguntas a serem respondidas �: a realiza��o das pr�vias pode ajudar o PSDB a recuperar a relev�ncia que teve no passado?

Perda de relev�ncia

Para o professor de ci�ncia pol�tica na Funda��o Get�lio Vargas (FGV) Cl�udio Couto, a resposta �: n�o. Ele afirma que antes de avaliar os impactos das pr�vias, � preciso entender o que levou o partido a perder o prest�gio e o protagonismo que teve durante quase 20 anos.

Segundo ele, isso se deve a dois fatores: a perda consecutiva de elei��es presidenciais e a dilui��o da sua identidade.

"N�o acho que as pr�vias, em si, podem fazer o partido recuperar a sua relev�ncia. O PSDB perdeu protagonismo porque perdeu muitas elei��es seguidas e isso tem um impacto direto no partido. Al�m disso, especialmente depois de 2014, o PSDB teve sua identidade dilu�da. Desde sua funda��o, ele se propunha a ser uma legenda progressista, mas isso se perdeu quando o partido deu uma guinada para o centro-direita e est� indo cada vez mais � direita", afirmou.

O cientista pol�tico Fernando Bizzarro faz doutorado na Universidade de Harvard e estuda partidos h� quase 10 anos. Ele diz que as pr�vias t�m um ponto positivo que � o de produzir aten��o em dire��o ao PSDB.

"Se n�o fosse pelas pr�vias, n�o estar�amos falando do PSDB agora. E isso � bom. Traz m�dia e coloca o partido em evid�ncia", explica.

Bizzarro aponta dois outros fatores para explicar a perda de protagonismo do PSDB. Um deles foi a mudan�a de prioridade do eleitorado a partir de 2014.

"At� 2014, a principal preocupa��o do eleitorado era a economia. Depois, passou a ser a corrup��o. No campo da economia, o PSDB ia bem, tinha repert�rio. Mas no campo do combate � corrup��o, isso mudou, especialmente quando algumas figuras do partido como A�cio Neves passaram a ser alvos da Lava Jato", afirmou.

"O PSDB n�o tinha a mesma capacidade de incorporar essa pauta como outros partidos ou nomes como Jair Bolsonaro. O PSDB acabou perdendo o bonde da hist�ria", afirma.

O outro fator apontado por ele � a incapacidade de o partido criar uma base s�lida e militante em torno dele. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, entre 2011 e 2021, o n�mero de filiados do PSDB caiu 1,6%, saindo de 1,370 milh�o para 1,354 milh�o. No mesmo per�odo, o total de filiados ao PT aumentou 5,4%, saindo de 1,524 milh�o para 1,607 milh�o.

"No per�odo em que esteve no poder, o PSDB n�o foi capaz de transformar seus eleitores em partid�rios. O antipetismo nunca foi uma posi��o de ades�o ao PSDB e isso se tornou uma fraqueza quando o ambiente mudou e outros atores passaram a ocupar o espa�o deixado pelo partido", explica.


Aécio Neves e Michel Temer se cumprimentam; Aécio sorri
A�cio Neves e Michel Temer em foto de 2016; ap�s o impeachment de Dilma Rousseff (PT), PSDB se aliou ao governo do emedebista (foto: Ag�ncia Brasil)

� BBC News Brasil, o presidente do PSDB, Bruno Ara�jo, admite que o partido perdeu protagonismo e disse que as pr�vias s�o uma tentativa de recuperar essa lideran�a.

"O PSDB teve, sim, enorme protagonismo nas �ltimas d�cadas. Em 2018, tivemos um trope�o, mas j� estamos nos recuperando. As pr�vias s�o, sim, um movimento para devolver um certo protagonismo ao partido. Agora, ganhar ou vencer a elei��o ser� o resultado de uma s�rie de vari�veis e de trabalho a ser feito", disse.

Riscos das pr�vias

Cl�udio Couto aponta que, ao contr�rio do que sustenta Bruno Ara�jo, o PSDB pode sair das pr�vias mais fraco do que entrou. Isso aconteceria, segundo ele, porque o processo de escolha interna suscita disputas entre grupos que poderiam levar o partido ao "esfacelamento".

"O problema que eu vejo � a possibilidade de esfacelamento do partido. Em vez de resolver o problema da indica��o de um candidato, voc� acaba criando um ponto de atrito incontorn�vel. Pelo andar da carruagem � pouco prov�vel que o partido se una inteiro em torno do nome que vencer", afirmou Couto.

Atualmente, os dois principais candidatos das pr�vias tucanas s�o Jo�o Doria e Eduardo Leite. Apesar de se tratarem com cordialidade sob os holofotes, os dois disputam acirradamente a indica��o.

Em outubro, um grupo de apoiadores de Leite acusou Doria de ter fraudado os registros de filia��es no diret�rio do partido em S�o Paulo para ampliar a base eleitoral do governador de S�o Paulo. Doria negou as alega��es.


Colagem de fotos de Eduardo Leite e João Doria
Eduardo Leite e Jo�o Doria s�o os principais nomes em disputa nas pr�vias do PSDB (foto: Ag�ncia Brasil)

"Duvido que se Doria for o vencedor, o partido vai se unir como fazem os partidos Democrata ou Republicano nos Estados Unidos. No Brasil, essa disputa interna deixa marcas, fere sensibilidades e acaba produzindo um estrago muito grande", afirmou o cientista pol�tico.

"O risco � o PSDB sair mais fraco do que se tivesse conseguido manter um m�nimo de unanimidade. E isso pode acontecer especialmente agora que aumenta a competi��o na chamada terceira via com a poss�vel candidatura do ex-juiz Sergio Moro", afirmou Couto em refer�ncia � filia��o de Moro ao Podemos.

Fernando Bizzarro discorda da possibilidade de que o partido possa sair das pr�vias pior do que entrou.

"Se o PSDB sair pior, ent�o � melhor fechar o partido. Dada a posi��o do partido, n�o tem como isso acontecer. Acho que vai sair ou na mesma posi��o ou em posi��o relativamente melhor", afirmou.

O cientista pol�tico ressaltou que al�m do acirramento das tens�es internas citado por Cl�udio Couto, as pr�vias geram um risco externo ao expor as fraquezas do partido ao p�blico exterior.

"As pr�vias exp�em � sociedade as divis�es internas do partido e cria a possibilidade de que candidatos advers�rios explorem isso ao longo das elei��es. Acaba gerando um fogo amigo que pode ser usado mais adiante", explicou.

Bruno Ara�jo admite que o processo de escolha interna pode causar "rusgas", mas ele diz acreditar que essas "feridas" precisam da lideran�a do vencedor para serem curadas.

"Eu n�o convoquei uma confraria. Convocamos uma elei��o e elei��es deixam rusgas. Essas rugas deixam feridas abertas no tempo e precisam da lideran�a do vencedor pra serem curadas. Depois do resultado, h� meses at� agosto do ano que vem para as costuras e as feridas serem cicatrizadas", afirmou.

Mudan�a no vento

Apesar dos riscos da realiza��o de pr�vias em temperatura alta, Fernando Bizzarro diz que o partido pode se aproveitar de uma mudan�a de prioridades do eleitorado em 2022.

Ele explica que com a poss�vel piora do ambiente econ�mico e recrudescimento da infla��o e do desemprego, a economia pode voltar a ser a principal preocupa��o do eleitorado nas pr�ximas elei��es. Se isso acontecer, o PSDB pode voltar a ser relevante no debate pol�tico do ano que vem, diz Bizzarro.

"Se o foco sair da corrup��o para a situa��o econ�mica, a� o PSDB voltar� a navegar em um terreno no qual se sente confort�vel. Isso pode representar uma oportunidade para o partido retomar algum protagonismo nas pr�ximas elei��es", afirmou.

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)