O fim das pr�vias tucanas serviu para delimitar uma esp�cie de n�cleo duro do centro pol�tico para a disputa presidencial de 2022. Expandido por mais sete pr�-candidaturas, a chamada terceira via tem agora tr�s postulantes que trabalham efetivamente para liderar uma candidatura: Ciro Gomes (PDT), S�rgio Moro (Podemos) e Jo�o Doria (PSDB).
Ciro e o PDT t�m assegurado que n�o abrem m�o da disputa. O governador paulista e o ex-juiz da Lava Jato admitem a ideia de composi��o futura. Ambos, por�m, esperam arregimentar apoios, demonstrando at� o fim do primeiro trimestre do pr�ximo ano que seus projetos possuem mais perspectiva de poder.
O tucano conta com uma vantagem: segue no comando do Estado mais rico do Pa�s at� abril, quando, por for�a de lei, ter� de se desincompatibilizar. Nesses quatro pr�ximos meses, Doria pretende inaugurar esta��es de metr� e trechos de rodovias, anunciar investimentos internacionais, assinar novas concess�es e, claro, nacionalizar ainda mais seu discurso, al�m de refazer pontes para atrair novos e antigos aliados.
Ao Estad�o, o tucano disse que pretende conversar com outras lideran�as da chamada terceira via assim que voltar de sua viagem oficial para os EUA (mais informa��es nesta p�gina). "Quero me reunir, primeiro, com os outros pr�-candidatos do PSDB, Eduardo Leite e Arthur Virg�lio, e com o presidente do partido, Bruno Ara�jo. Em seguida, vou procurar os presidentes dos partidos do nosso campo para conversar", afirmou o governador.
Enquanto Doria planeja os pr�ximos passos, Moro segue rodando o Pa�s: anunciou agendas em S�o Paulo, Bras�lia, Curitiba e Porto Alegre. Apesar de abandonar a toga para integrar o governo de Jair Bolsonaro como ministro da Justi�a, ele quer se apresentar como o "novo" na pol�tica, aliando ao combate � corrup��o as bandeiras de responsabilidades fiscal, ambiental e social.
Segundo representantes do Podemos, um dos focos da articula��o ser� a busca por apoio entre os evang�licos, por meio do principal bra�o pol�tico do segmento, o Republicanos. Visto por advers�rios como o nome mais � direita desse grupo, Moro vai tentar avan�ar em pautas ditas conservadoras, onde Bolsonaro at� agora tem falhado em cumprir parte de suas promessas.
POLARIZA��O
Com Doria, Moro e Ciro j� mais avan�ados sobre o eleitorado de centro, a almejada candidatura �nica fica mais distante. Apesar disso, o ex-tucano Luiz Felipe d�Avila (Novo) disse ao Estad�o que espera "esp�rito p�blico" de Doria para seguir trabalhando por esse objetivo.
Ao menos nesse ponto, d�Avila e Ciro t�m discursos semelhantes, de que � preciso unir for�as para evitar a polariza��o no segundo turno entre o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro. Mas o pr�-candidato do PDT, nesse momento, est� mais distante das conversas sobre o afunilamento do centro.
Com a entrada de Moro na disputa, a tentativa de Ciro de puxar para si partidos como o DEM e o PSL ganha um concorrente de peso. Se vingar, o futuro Uni�o Brasil (fus�o das duas siglas) j� virou alvo tamb�m do Podemos, al�m de estar na lista de Doria.
TEMPO
Para o presidente nacional do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), no entanto, � preciso dar tempo ao tempo. "O que se sabe apenas � que nenhuma candidatura vai vingar sozinha." Presidente do Cidadania, Roberto Freire segue a mesma linha e disse que os nomes para 2022 est�o colocados. "Resta saber � quem ser�o os protagonistas. A tend�ncia � de afunilamento em torno dessas candidaturas, especialmente Doria, Moro e Ciro."
O cientista pol�tico Rafael Cortez, da Tend�ncias Consultoria, afirmou que "o mercado eleitoral est� muito competitivo com a entrada de Moro". "O vencedor das pr�vias tucanas � um dado secund�rio diante dos desafios estruturais que o PSDB enfrenta. Existe a janela de oportunidade para recuperar o status, mas n�o h� sinais de que o partido aprendeu li��es no p�s-Lava Jato. H� uma perda de identidade e uma permanente falta de coes�o das lideran�as nacionais frente ao governo Bolsonaro." (Colaboraram Marcelo de Moraes e Felipe Fraz�o)
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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