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Estado de Minas ENTREVISTA

'Dificilmente, Minas ter� uma terceira via', diz Felipe Nunes

Coordenador da pesquisa Quaest/Genial avalia que polariza��o nacional se repetir� em Minas Gerais


27/03/2022 07:00 - atualizado 27/03/2022 10:06

Felipe Nunes
Felipe Nunes, cientista pol�tico e CEO da Quaest (foto: Arquivo pessoal)
Assim como no cen�rio nacional, a elei��o para governador de Minas caminha para tamb�m ser uma disputa entre dois candidatos – o governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), com poucas chances para um terceiro nome na disputa. Esta � a avalia��o de Felipe Nunes, CEO da Quaest e coordenador da pesquisa de inten��o de voto Quaest/Genial em Minas, divulgada neste m�s em primeira m�o pelo Estado de Minas.

 

“Dificilmente, Minas ter� uma terceira via nesta elei��o. Primeiro, porque os dois principais candidatos, Zema e Kalil, t�m baixa rejei��o. Segundo, porque o candidato � reelei��o aparece desde j� muito forte. O cen�rio mais prov�vel � a polariza��o nacional se repetir em Minas tamb�m”, afirma Nunes em entrevista ao Estado de Minas.

 

O cientista pol�tico avalia ainda o cen�rio nacional, com a polariza��o entre o presidente Jair Bolsonaro (PL), que lan�a hoje sua candidatura � reelei��o, e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), considerando as vantagens e desafios de cada um deles diante do eleitorado.

 

Ambos vencem e perdem parte da narrativa. Aquele que conseguir mobilizar melhor seus eleitores em torno do que � vantagem pra ele e desvantagem pro outro deve ganhar a elei��o

Felipe Nunes

 

 

Nunes � Ph.D. em ci�ncia pol�tica pela Universidade da Calif�rnia em Los Angeles (UCLA) e professor de comunica��o pol�tica e m�todos quantitativos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Fundador da Quaest, em 2016, Nunes j� coordenou pesquisas para v�rios partidos, governos e empresas do pa�s.

 

O cientista pol�tico tamb�m � o inventor e detentor da patente do �ndice de Popularidade Digital (IPD) e recebeu pr�mios da American Political Science Association (APSA), do Clube de Associados em Marketing Pol�tico (Camp), do Cepesp-FGV e da divis�o de doutores da UCLA.

 

A �ltima pesquisa, realizada neste m�s, mostra que em Minas Gerais o governador Romeu Zema (Novo) lidera com 34% das inten��es de voto e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) tem 21%. Com o apoio do ex-presidente Lula (PT), por�m, Kalil teria mais votos que Zema, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

J� na disputa nacional, os residentes de Minas ouvidos pelo levantamento deram a Lula 46%, ante 21% de Bolsonaro. O cen�rio � semelhante ao respondido pelos brasileiros na pesquisa nacional, em que os candidatos obtiveram 45% e 25%, respectivamente. Leia abaixo a �ntegra da entrevista.

 

Nas elei��es em Minas h� espa�o para outros candidatos ao governo al�m de Romeu Zema e Alexandre Kalil?

Dificilmente Minas ter� uma terceira via nesta elei��o. Primeiro, porque os dois principais candidatos, Zema e Kalil, t�m baixa rejei��o. Segundo, porque o candidato � reelei��o aparece desde j� muito forte. O cen�rio mais prov�vel � a polariza��o nacional se repetir em Minas tamb�m.

 

A elei��o para o governo de Minas Gerais pode ser definida no primeiro turno?

A elei��o em Minas tem grandes chances de ser definida no primeiro turno se Zema e Kalil polarizarem demais a disputa. Outros nomes podem desistir, ou mesmo serem candidatos deles mesmos, sem apoio, sem for�a pol�tica.

 

Zema vai tentar se desvincular de Bolsonaro ao inv�s de retribuir a ajuda de 2018?

A pesquisa Quaest/Genial sugere que Zema tenha que se desvincular de Bolsonaro para ser competitivo, mas esse � um fator que ele n�o controla. As campanhas advers�rias far�o de tudo para colar Zema na rejei��o de Bolsonaro. Por outro lado, a alian�a com Lula parece muito importante para Kalil e vice-versa.

 

Ao deixar a prefeitura, Kalil disse que vai andar pelo estado. Qual a import�ncia disso?

A diferen�a em inten��es de voto entre Zema e Kalil pode ser explicada em grande medida pelo grau de desconhecimento que Kalil tem fora da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Ser conhecido � a primeira tarefa de quem quer se candidatar ao governo. As viagens e reuni�es no interior v�o servir para isso, principalmente no Tri�ngulo e no Sul de Minas, onde Zema tem grande vantagem hoje.

 

Quais os principais pontos que devemos considerar no cen�rio eleitoral nacional?

Para analisar pol�tica � fundamental entender o pano de fundo econ�mico e como as narrativas encontram ader�ncia na sociedade. A percep��o sobre a economia continua sendo muito importante, mas o confronto de narrativas pode fazer com que, mesmo em cen�rios econ�micos negativos, o presidente encontre uma forma de terceirizar a responsabilidade dos problemas e se livre da culpa pol�tica. O melhor exemplo disso � o aumento dos combust�veis neste momento em que Bolsonaro est� tentando dizer, de todas as maneiras, “isso n�o � culpa minha, isso � culpa da guerra e da Petrobras”. Ambos vencem e perdem parte da narrativa. Aquele que conseguir mobilizar melhor seus eleitores em torno do que � vantagem pra ele e desvantagem pro outro deve ganhar a elei��o.

 

At� que ponto esta quest�o econ�mica influencia na disputa entre Bolsonaro e Lula?

� comum dizer que presidentes que buscam a reelei��o em momentos econ�micos favor�veis tendem a ganhar, e em momentos de baixa econ�mica tendem a perder. Este cen�rio estrutural � fundamental para entender por que Lula est� t�o na frente de Bolsonaro. Porque ele � visto pela popula��o como o principal nome capaz de resolver os problemas econ�micos. Na pesquisa nacional, a gente perguntou qual a principal raz�o para se votar em um candidato. A primeira, para 43%, � a “situa��o econ�mica no pa�s”; e a segunda, para 17%, uma “boa gest�o no passado”.

 

Quais os principais aspectos que favorecem e atrapalham Bolsonaro?

Bolsonaro tem hoje a seu favor que os brasileiros concordam que a pandemia foi grande demais e que qualquer um teria dificuldade de lidar com isso, al�m de ter conseguido vencer a batalha em torno da ideia de que o isolamento foi exagerado e atrapalhou demais a economia. Por outro lado, pesa contra o presidente que para um peda�o enorme da sociedade o Brasil poderia ter enfrentado melhor a pandemia se ele n�o tivesse feito campanha contra a vacina. As pessoas tamb�m concordam que Bolsonaro exagerou quando disse que a COVID era simplesmente uma gripezinha.

 

Quais os principais aspectos que favorecem e atrapalham Lula?

A vantagem que o ex-presidente Lula tem � de que para 60% dos eleitores o seu governo de 2003 a 2010 foi classificado como �timo ou bom. Isso � muito positivo para ele. Por outro lado, metade do eleitorado acredita que ele foi condenado de maneira correta, sinalizando que ele pode ter desgaste nesta pauta.

 

Como Bolsonaro pode reduzir o �ndice de rejei��o?

Bolsonaro tem 63% de rejei��o, e seu governo 49%. Ou seja, na vis�o dos eleitores, o governo � melhor que o pr�prio presidente. Al�m da crise econ�mica e da pandemia, muito dessa rejei��o tem a ver com a postura, que no senso comum chamam de “Bolsonaro fala bobagem demais”. A modera��o desse discurso vai ser fundamental para que o presidente consiga melhorar a sua imagem.

 

Como Lula pode reduzir o �ndice de rejei��o?

Lula tem 42% de rejei��o. � mais baixo porque ele tem um contingente de militantes muito expressivo no pa�s. Na pesquisa, 38% disseram que votam com certeza e outros 18% n�o veem problemas em votar nele. Esse baixo �ndice est� associado, na minha vis�o, ao fato de que aos poucos foi se constituindo na sociedade brasileira a ideia de que Lula foi injusti�ado. N�o de que ele seja inocente, mas prevalece a ideia de que ele foi perseguido.

 

Ser� uma elei��o polarizada entre Lula e Bolsonaro?

Por um lado, a pesquisa mostra que aproximadamente 50% dos eleitores ainda n�o escolheram seu candidato. Por outro, o levantamento mostra que aqueles que se decidiram est�o com Lula ou Bolsonaro. Ou seja, s�o indicadores muito favor�veis � polariza��o. Dif�cil imaginar que a gente vai escapar dessa dualidade entre os dois. At� porque, a terceira via virou uma grande frustra��o para o eleitorado. Mesmo com 25% querendo uma op��o diferente, eles n�o encontram em nenhum dos outros pr�-candidatos uma posi��o competitiva.

 

Qual a consequ�ncia dessa polariza��o nacional? Isso tamb�m afeta os estados?

H� uma grande chance de que Minas Gerais, S�o Paulo e Rio de Janeiro reproduzam o cen�rio nacional. Caso esse quadro se mantenha, a politiza��o vai for�ar um embate no eleitorado que pode ter duas consequ�ncias: aumentar o n�vel de politiza��o da sociedade ou provocar um desgaste social t�o grande que todos v�o se individualizar, o que seria muito ruim, porque depois da elei��o algu�m vai governar para todo mundo. 


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