
Bras�lia – O economista e empres�rio Adriano Pires comunicou, oficialmente, em carta ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que n�o pretende assumir a presid�ncia da Petrobras. A desist�ncia ocorre ap�s a divulga��o da informa��o de que sua indica��o representa conflitos de interesse pela sua atua��o na iniciativa privada e n�o seria aprovada, por exemplo, pelo Tribunal de Contas da Uni�o (TCU). No documento, Adriano Pires agradece ao ministro pela indica��o e reafirma o “compromisso de continuar nessa luta” pelo desenvolvimento do mercado de �leo e g�s. Ele diz, entretanto, que n�o poderia conciliar o cargo com as atividades de consultoria que j� desempenha para empresas do setor.
Na carta, Pires justifica sua decis�o: “Ficou claro para mim que n�o poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exerc�cio da presid�ncia da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que fundei h� mais de 20 anos e hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, por�m, percebi que, infelizmente, n�o tenho condi��es de faz�-lo em t�o pouco tempo. � por isso, senhor presidente, que sou obrigado a declinar de t�o honroso convite”.
Ainda ontem, o economista recebeu a resposta do ministro Bento Albuquerque: “Em decorr�ncia de suas considera��es consignadas na carta encaminhada a essa pasta, compreendemos as raz�es que o motivaram a declinar da indica��o � presid�ncia da Petroras”.
O nome de Pires foi indicado pelo governo na semana passada, no lugar do general da reserva Joaquim Silva e Luna. A troca foi anunciada por causa da insatisfa��o do presidente Jair Bolsonaro com as altas frequentes nos pre�os dos combust�veis. Pires n�o chegou a assumir porque o seu nome precisava ser aprovado pela assembleia geral de acionistas, marcada para quarta-feira da semana que vem.
Na carta entregue a Bento Albuquerque, o economista afirma que chegou a come�ar as tratativas para se desvincular do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), empresa de consultoria que ele comanda com o filho. Pires afirma, no entanto, que n�o teria como encerrar esse processo em “t�o pouco tempo”. O CBIE presta consultoria h� mais de 20 anos para empresas do setor de energia, muitas delas concorrentes diretas da Petrobras e algumas at� em lit�gio com a estatal petrol�fera.
IMPEDIMENTO
Na �ltima sexta-feira, o Minist�rio P�blico pediu ao TCU que Pires fosse impedido de assumir o cargo enquanto n�o houvesse investiga��o do governo, pela Controladoria-Geral da Uni�o (CGU) e pela Comiss�o de �tica, al�m de apura��o pela pr�pria Petrobras sobre o fato de ele ter atua��o de interesse da estatal na �rea na iniciativa privada.
Al�m de Adriano Pires, o filho dele, Pedro Rodrigues Pires, tamb�m � s�cio do CBIE. A Lei 13.303/2016, conhecida como Lei das Estatais, veda que executivos dessas empresas tenham parentes em empreendimentos concorrentes. O assunto � tratado no processo 005.990/2022-0 do TCU, de relatoria do ministro Antonio Anastasia, e ainda aguarda decis�o, conforme informado pela assessoria do �rg�o.
O CBIE se apresenta como consultoria especializada em regula��o e assuntos estrat�gicos em energia. Mesmo que Pires se afastasse da empresa, ainda estaria pendente das atividades profissionais do filho, que tamb�m teria de se afastar do cargo.
A quest�o familiar e empresarial de Adriano Pires n�o � a �nica a ser definida para a sucess�o na presid�ncia da estatal. O presidente do Clube de Regatas do Flamengo, Rodolfo Landim, tamb�m comunicou sua decis�o de recusar a indica��o para o Conselho de Administra��o da Petrobras. Landim integra a lista com outros 13 nomes indicados em mar�o pelo governo.
Guedes diz estar “sem luz” sobre estatal
Bras�lia – Ao ser questionado ontem sobre quem deve assumir o comando da Petrobras, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou estar “sem luz” sobre poss�veis nomes. A afirma��o foi feita durante evento no hotel Fairmont, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Guedes j� havia dito na semana passada que a troca no comando da estatal n�o era problema dele e que n�o participou da indica��o do economista Adriano Pires ao cargo.
“A Petrobras � do Minist�rio de Minas e Energia. Quem indica o presidente � o presidente da Rep�blica, junto com o ministro de Minas e Energia”, afirmou o chefe da pasta de Economia, durante evento em Paris.
J� o vice-presidente da Rep�blica, Hamilton Mour�o (Republicanos), disse que � dif�cil mudar a pol�tica de pre�os da Petrobras, porque a estatal “tem a��es na bolsa de valores”. “Mudan�a na marra” n�o funciona, disse ele em entrevista para a Gazeta do Sul. A quest�o da pol�tica de pre�o acompanha a metodologia internacional. A empresa tem a��es em bolsa. Tem Accountability, normas dentro do conselho de administra��o, que caso decis�es causem preju�zos, essas pessoas ser�o responsabilizadas. Fica muito dif�cil uma mudan�a na marra, como congelamento de pre�os”, afirmou Mour�o.
Durante a conversa, o vice-presidente comparou a situa��o de alta dos pre�os no Brasil com o mundo. “Os combust�veis est�o caros no mundo inteiro. Nosso pre�o est� dentro da m�dia mundial e o que o governo pode fazer � subsidiar. Redu��o de impostos como IPI e PIS Cofins e reduzir em cima do diesel, que � o combust�vel do transporte urbano, mercadorias e impacta na quest�o inflacion�ria”, explicou o general.
A��es
As a��es da Petrobras ca�ram 2% no mercado ontem, diante da indefini��o no comando da empresa. J� o d�lar fechou em queda de 1,27%, cotado a R$ 4,6076. O dia foi novamente de for�a para moedas de pa�ses exportadores de commodities, como o petr�leo, enquanto o patamar alto dos juros b�sicos brasileiros continuou a atrair investidores em busca de alta rentabilidade. O resultado � o menor desde o in�cio da pandemia – desde 4 de mar�o de 2020, quando a moeda fechou cotada a R$ 4,5806.