
Bras�lia – Pr�- candidata do MDB ao Pal�cio do Planalto, a senadora Simone Tebet (MS) afirma, nesta entrevista ao Correio Braziliense/Estado de Minas, que os seus dois principais advers�rios, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, est�o no teto dos seus votos e que h�, sim, caminho para uma terceira via contra os dois extremos. “As pessoas querem pacifica��o”, avalia a senadora, que minimiza o encontro de Lula com “quatro senadores” do MDB.
Desde que o ex-presidente Lula esteve em Bras�lia para o jantar com os senadores, houve certo ru�do em torno da sua candidatura. Os senadores asseguraram que n�o havia inten��o de boicotar a candidatura pr�pria do MDB. Como isso foi recebido pela senhora?
Em rela��o ao MDB, estamos falando de uma fotografia com Lula e quatro senadores. Temos 37 deputados federais, 13 senadores. � o maior n�mero de prefeitos filiados. Temos algo em torno de 20 diret�rios do MDB dos 27 totais com nossa candidatura. Est�o dando um valor muito grande a um encontro natural. Renan Calheiros e Eun�cio sempre foram Lula e nunca esconderam isso. Precisam inclusive disso, no caso do Eun�cio mesmo pela situa��o l� do estado [Cear�] por um processo de elei��o � compreens�vel. N�o temos a unidade do partido e ningu�m tem, mas teremos unanimidade, mas teremos a unidade na conven��o, eu n�o tenho d�vida.
H� algum acordo j� firmado com Leite? Quem iria de vice?
N�o estou conversando com Eduardo Leite sobre vice e jamais o faria. O PSDB fez uma escolha certa ou errada, eu n�o saberia responder. Isso � uma decis�o interna do PSDB que passou por pr�vias, um instrumento dos mais democr�ticos e mais importantes para fortalecer a democracia. O vencedor foi o ex-governador [de S�o Paulo] Jo�o Doria. Ent�o, at� que se prove o contr�rio, at� que o governador se pronuncie de forma contr�ria, o que o pr�prio PSDB junto com o ex-governador chegue a um outro denominador comum, n�o podemos nos pronunciar sobre decis�es de outros partidos. A pol�tica � din�mica e tudo pode acontecer, mas n�s temos que aguardar os acontecimentos.
Como a senadora enxerga as negocia��es entre partidos e a falta de coes�o em torno de seu nome?
Vejo com naturalidade, n�o podemos esquecer que o Brasil � continental e estamos diante de um partido que tem o maior n�mero de prefeitos espalhados pelo Brasil todo. Voc� tem alian�as regionais importantes que n�o podem ser desprezadas e nunca foram desprezadas por nenhum partido. Eu dou exemplos do pr�prio presidente Bolsonaro, ou acha que os deputados federais e senadores do Centr�o, que apoiam Bolsonaro v�o estar no palanque com ele, mesmo que isso tire voto deles? N�o v�o. As alian�as regionais no Nordeste s�o muito mais pr�ximas do Lula para todos os partidos do que para Bolsonaro porque a �nica regi�o que o Lula ainda pontua na frente nas pesquisas. Ent�o, serve para o MDB em alguns estados todos e serve para os outros tamb�m. Da mesma forma que Lula se prejudica nos palanques do Sul, do Centro-Oeste e do Norte onde ele tem dificuldade de ter apoio.
A �nica pr�-candidata mulher tem dificuldade para avan�ar nas pesquisas e parte de seu partido prefere apoiar um dos postulantes homens. O que isso significa?
Na minha candidatura, fui procurada, n�o me ofereci, ao contr�rio, demorei para assimilar a import�ncia de uma candidatura pr�pria do MDB nesse momento. Veio n�o s� da base do MDB jovem, diversidade, afro, mulher, socioambiental, trabalhista, como veio a pedido dos pr�prios parlamentares. Boa parte deles e de diret�rios regionais dizendo que precisamos de um palanque neutro e leve.
O eleitorado feminino � maior que o masculino, mas ainda sim vota mais em homens. Sendo mulher, como captar a aten��o e a confian�a desse p�blico?
Uma mulher puxa a outra. Uma mulher d� credibilidade nos espa�os p�blicos ou na iniciativa privada que seja bem-sucedido competente. Abre espa�o para outras mulheres. Ent�o, gra�as a essa nova gera��o, inclusive de pedido da idade, da sua idade e especialmente das mulheres de 40 anos pra baixo. Essa nova mentalidade se faz presente tamb�m hoje no voto. Mulher vota em mulher. O problema � que temos poucas mulheres porque as mulheres at� pouco tempo atr�s essa era apenas a segunda elei��o que � diferente. A mulher n�o tinha o mesmo espa�o de tempo de r�dio, televis�o e de fundo partid�rio eleitoral para disputar com equidade, com igualdade. Tenho experi�ncia pol�tica como a primeira mulher e prefeita, vice-prefeita, primeira vice-governadora, a primeira presidente da comiss�o de combate � viol�ncia contra a mulher do Congresso Nacional, primeira l�der da bancada do MDB, primeira mulher na nossa bancada feminina. Al�m de ter sido a primeira mulher a presidente da CCJ [Comiss�o de Constitui��o e Justi�a] do Senado e a primeira mulher a disputar a presid�ncia do Senado. E confesso que na verdade, h� 20 anos, eu concordaria que mulher n�o votava em mulher. Hoje, percebo que nos �ltimos dez, mais especialmente nas �ltimas duas elei��es, nos �ltimos oito anos, uma mudan�a radical nessa postura da mulher. N�s mulheres come�amos um movimento e as redes sociais foram fundamentais para isso de mostrar o protagonismo da mulher.
Diante de uma elei��o polarizada, qual � a estrat�gia para tentar angariar mais eleitores? Por onde come�ar a campanha?
Temos dois candidatos que pontuam bem, mas chegaram em um teto porque tem uma rejei��o grande. Como � que o presidente da Rep�blica com 50%, mais de 50% de rejei��o pode estar no segundo turno? Falta op��o, pois o centro, a frente democr�tica n�o apresentou o nome. Quando tivermos uma fotografia, nome, sobrenome e a pessoa olhar o hist�rico do candidato, aquela franja que est� com o Lula, porque n�o quer o Bolsonaro. Ou aquele que est� com Bolsonaro porque n�o quer Lula, ent�o, estamos falando de uma franja muito grande. Quando fala assim, “Ah! Tem poucos indecisos!". N�o � verdade. Se voc� olhar al�m dos indecisos, daqueles que est�o com um ou por outro falta de op��o e tenho certeza de que voc� conhece muita gente na sua pr�pria fam�lia nessa situa��o. As pessoas querem um caminho para pacifica��o pol�tica, nenhuma coisa nem outra. Estou dizendo, uma faixa de pelo menos 40%, se ela existe vai tirar de onde esses votos?