Silveira definiu como "atroz" a pol�tica econ�mica do presidente Jair Bolsonaro (PL). E, ao criticar o modelo, volta a artilharia a Paulo Guedes, ministro da Economia, chamado pelo parlamentar de "insens�vel".
"Ele � empregado da Faria Lima. Quem determina as pol�ticas sociais no pa�s, hoje, s�o os banqueiros", disparou, em men��o � rua paulistana que abriga investidores e agentes do sistema financeiro.
A soma de for�as entre esquerda e centro, para o parlamentar, � essencial a fim de superar o fosso social visto no pa�s. "N�o d� para fazer um discurso que atenda aos grandes empres�rios sem nos isolarmos dos 33 milh�es passando fome. Temos de buscar um equil�brio, e essa alian�a � a cara disso. Nem o PSD se torna o PT, e nem o PT fica sendo s� o PT".
O congressista afirmou, ainda, que o governador Romeu Zema (Novo) fez gest�o "feij�o com arroz". Por isso, defendeu a candidatura ao governo do correligion�rio Alexandre Kalil.
"Ele foi reeleito com 63% dos votos dos belo-horizontinos e, na pandemia, demonstrou sensibilidade social, socorreu a popula��o e cuidou das pessoas. Teremos a oportunidade de alinh�-lo � sensibilidade social e ao apre�o de Lula por Minas".
A �ntegra da conversa com Silveira est� dispon�vel no canal do Portal Uai no YouTube. Ao longo dos pr�ximos dias, o EM ir� publicar mais sabatinas com os primeiros colocados na pesquisa do Instituto F5 Atualiza Dados a respeito da corrida pelo Senado. Leia, abaixo, os principais pontos da conversa:
Como o senhor analisa sua atua��o no Senado desde que assumiu a vaga de Antonio Anastasia?
J� s�o v�rios os projetos apresentados - alguns, aprovados de forma terminativa, como o que d� prote��o � mulher no caso de feminic�dio (pro�be a tese de leg�tima defesa da honra). Fui o relator da Lei Paulo Gustavo, e aprovamos por 74 a 0. � est�mulo � cultura: R$ 3,8 bilh�es ser�o aplicados por n�s neste ano. Aprovamos no Senado, o presidente vetou, mas derrubamos o veto. Os recursos v�o para mais de 5 mil munic�pios, com R$ 380 milh�es para Minas.
Minha primeira a��o parlamentar foi a PEC, aprovada agora, que aumentou o Aux�lio Brasil de R$ 400 para R$ 600, criou o aux�lio de R$ 1 mil mensais para 700 mil caminhoneiros aut�nomos e dobrou, para R$ 106 a cada 60 dias, o aux�lio-g�s.
A PEC n�o est� sendo usada com fins pol�ticos e eleitoreiros?
Apresentei a PEC porque compreendia que o maior problema, hoje, � a perda do poder de compra. Atinge frontalmente a classe m�dia, mas atingiu de morte os mais pobres. S�o 33 milh�es de brasileiros passando fome, em situa��o de mis�ria. N�o � ret�rica; basta andar por Minas. A vida das pessoas piorou muito.
� �poca, (houve cr�ticas do) ministro Paulo Guedes (da Economia), uma pessoa completamente insens�vel � realidade do pa�s, que n�o conhece as v�rias regi�es do Brasil. O grande problema dele � que seu sapato nunca viu um dedo de poeira. � muito te�rico, que saiu da Universidade de Chicago e foi para a Faria Lima. S� pensa em pagar os juros da d�vida.
O maior erro do governo foi ter entregue as pol�ticas sociais ao ministro da Economia, que conhece de pagar juros a banqueiros; ele � empregado da Faria Lima. Quem determina as pol�ticas sociais no pa�s, hoje, s�o os banqueiros. Atravessamos um momento de pandemia e um momento de guerra, quando o pre�o do combust�vel ficou completamente inacess�vel � classe m�dia. Mais inacess�vel ainda (ficou) a vida dos pobres. Paulo Guedes, conservador, chamou essa PEC de 'kamikaze'. Em vez de 'kamikaze', ele deveria consider�-la 'comida em casa'. Voltamos ao mapa da fome e da mis�ria.
Gastei quatro meses para sensibilizar o Senado e a C�mara. �s portas da elei��o, o governo apresentou uma PEC similar. A�, sim, pode haver cr�ticas. Minha PEC � a 1° de 2022, de fevereiro; a PEC 16, apresentada pelo l�der do governo, Carlos Portinho (PL-RJ), � de junho. Uma PEC que o governo combateu de forma atroz, violenta e agressiva, foi apresentada de forma id�ntica �s v�speras da elei��o.
A minha PEC � oportuna, pois enxergava de forma clara que a infla��o campeava de forma muito forte, comprimia o pre�o dos alimentos, impedia a classe m�dia de manter seu padr�o de vida, mas, principalmente, atingia frontalmente os pobres. O governo apresentou de forma oportunista - � outra palavra - pensando na elei��o. Mas o brasileiro � consciente, s�bio, e j� mostrou que, em momentos de temperatura normal - espero que seja assim nesta elei��o - sabe escolher. E sabe que o presidente Lula � quem se preocupa com os pobres e com as pol�ticas sociais.
Kalil e o senhor apareceram em segundo na pesquisa do Instituto F5, divulgada pelo EM na semana passada. Quando associados a Lula, no entanto, pulam para a lideran�a. O que pretendem fazer para converter, em votos, o apoio que receberam do PT?
Minha primeira grande oportunidade de servir ao Brasil foi no governo Lula, em 2003. Convidado pelo vice-presidente Jos� Alencar, fui superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Minas por um ano e, depois, diretor-geral no pa�s. Encontramos a malha rodovi�ria de Minas acabada. Restauramos a BR-135, entre a BR-040 e Montes Claros, que estava intransit�vel. Participei da duplica��o da BR-040, de Sete Lagoas a Curvelo, iniciei a duplica��o da BR-262 de Betim a Nova Serrana e comecei o projeto de viabilidade para a duplica��o da BR-381 - depois interrompido.
Lula � um l�der capaz nesses momentos, principalmente, de grave crise social. Beiramos o caos social no Brasil em termos de desigualdades. A elei��o est� muito polarizada. � um momento de muita tens�o pol�tica. H� quest�es que temos de defender de forma intransigente. Temos valores inegoci�veis na sociedade, alguns pelos quais muitos perderam a vida no passado; o primeiro deles � a democracia - e a democracia est� sendo colocada em xeque toda hora.
H� uma confus�o muito grave entre as institui��es, e temos de voltar a ter um l�der que coloque o Judici�rio para exercer suas fun��es dentro dos limites de julgar os processos que chegam. Vemos o Judici�rio, muitas vezes, ultrapassando esses limites e entrando na seara de outros poderes - e reconhe�o que muito por omiss�o do Congresso no passado. O Congresso deixou uma lacuna e o Judici�rio ocupou.
Bolsonaro queria o apoio expl�cito de Zema, mas o governador parece n�o se interessar pelo apoio do presidente. Como o senhor analisa essa situa��o?
O eleitor perdoa muita coisa, mas n�o a incoer�ncia. H� quatro anos, o partido do governador tinha um candidato � presid�ncia: Jo�o Amo�do. E, nos �ltimos dias (antes) da elei��o, Zema declarou apoio a um candidato que sequer tinha participado do pleito por causa daquele triste incidente de Juiz de Fora - que lamentamos, porque qualquer viol�ncia tem de ser repudiada por todos.
O governador, de forma oportunista, declarou apoio ao atual presidente e praticamente se elegeu por esse impulso dado. Foi o que aconteceu com Jo�o Doria, em S�o Paulo, que fez o BolsoDoria e venceu.
Agora, o Novo tamb�m apresenta uma candidatura (Felipe d'Avila). Mas o governador, aliado do presidente em todo este tempo e seu grande palanque no final da elei��o passada, agora nega-o claramente. N�o aceita o apoio de Bolsonaro, uma parceria com ele, colocando o presidente em constrangimento. O presidente da Rep�blica est� sem palanque em Minas Gerais. � algo que n�o lembro de ter acontecido na democracia.
O presidente est� ficando sem palanque e o governador vai neg�-lo o tempo todo. Mas a sociedade sabe que Zema e Bolsonaro s�o um s�, pensam e agem igual, t�m a mesma pol�tica econ�mica, defendem o estado m�nimo, a venda da Cemig e da Copasa e as privatiza��es a qualquer pre�o.
Qual � o maior problema de Minas em sua vis�o? Como resolver?
A falta de vis�o a respeito da gest�o de estado. N�o houve investimentos em Minas nos �ltimos quatro anos. As estradas, estaduais e federais, est�o em peti��o de mis�ria. A sa�de vai mal. Os hospitais regionais iniciados no governo Anastasia, paralisados depois, continuam paralisados. Foi feito um feij�o com arroz, mas Minas pode muito mais. Teremos, nesta elei��o, uma grande oportunidade de alinhar o governo do estado ao governo federal. Kalil foi reeleito com 63% dos votos dos belo-horizontinos e, na pandemia, demonstrou sensibilidade social, socorreu a popula��o e cuidou das pessoas. Teremos a oportunidade de alinh�-lo � sensibilidade social e ao apre�o de Lula por Minas.
O que o senhor pretende priorizar se for eleito?
Precisamos discutir problemas reais, ajudar a mudar a pol�tica econ�mica atroz que prioriza o pagamento de juros sem entender as grandes desigualdades. Todos os mineiros conseguem identificar o ministro do Desenvolvimento Social e Combate � Fome no governo Lula: Patrus Ananias. Hoje, est� tudo no Minist�rio da Economia.
Disse ao presidente: 'o senhor cometeu um grande erro ao n�o colocar o ministro da Economia em um avi�o com o senhor para rodar o Nordeste brasileiro, ao Jequitinhonha, ao Mucuri e a Montes Claros'. Ele deu uma risada, mas n�o falou nada. O grande erro deste governo foi concentrar as pol�ticas econ�micas na m�o de quem s� quer saber de pagar juros a banqueiros.
O senhor tem trajet�ria ligada a Anastasia, que por muitos anos foi do PSDB. E comp�s o governo estadual dele, que teve o PT como opositor. Apoiar Lula neste ano n�o soa como contradi��o?
Minha hist�ria com Lula come�ou com Alencar, homem de centro, do emprego e da renda, presidente da Fiemg, que se tornou vice-presidente para levar as ideias do setor produtivo ao governo. O PSD, partido de centro, somar-se ao governo do presidente Lula, vai levar o mesmo esp�rito que Alencar levou. S� vamos construir um pa�s com o fortalecimento das nossas empresas, gera��o de emprego e renda, gera��o de divisas, investimento no setor produtivo, desburocratiza��o e previsibilidade - o que os investidores internacionais querem para investir no Brasil.
N�o d� para fazer um discurso que atenda aos grandes empres�rios sem nos isolarmos dos 33 milh�es passando fome. Temos de buscar um equil�brio, e essa alian�a � a cara disso. Nem o PSD se torna o PT, e nem o PT fica sendo s� o PT. Vamos construir, juntos, um pa�s que vai resgatar a dignidade, tirar 33 milh�es de pessoas da mis�ria e continuar defendendo o agroneg�cio - querem nos afastar do agroneg�cio.
Tanto o agricultor familiar quanto o pequeno, o grande e o m�dio produtor s�o a grande voca��o do pa�s. Temos �gua, solo, clima e povo trabalhador. Temos de comemorar nossas exporta��es de carne e prote�na, mas n�o podemos comemorar essas exporta��es tendo um povo sem poder de consumir o que produz.
