N�meros da mais recente pesquisa Datafolha mostram que as duas estrat�gias podem ganhar tra��o, a depender do grupo social. A arrancada de Bolsonaro nessa parcela religiosa se deve sobretudo aos fi�is de renda m�dia e alta, enquanto, entre os mais pobres, Lula se mant�m em empate t�cnico com o rival.
Novo recorte feito pelo Datafolha revela que o ex-presidente tem 41% das inten��es de voto no primeiro turno entre os evang�licos que ganham at� dois sal�rios m�nimos, contra 38% de Bolsonaro. Esse grupo representa 53% dos fi�is entrevistados.
Na outra fatia, os evang�licos que recebem mais de dois sal�rios m�nimos por m�s, Bolsonaro dispara: tem 61% da predile��o, e o petista, 22%.
A conta explica a preval�ncia do presidente nesse nicho como um todo: 49% dos evang�licos est�o com ele, e 32% dizem optar por seu advers�rio � esquerda.
Datafolha: Lula vence em Minas, com 49% das inten��es de voto
O levantamento indica que a economia divide espa�o com a identidade religiosa na forma��o do voto de parte dos fi�is. Quanto menor a renda, mais sens�vel fica esse eleitor a fatores como a infla��o.
A tend�ncia de votar em Lula cresce. N�o o bastante, contudo, para impedir que cren�a e temas morais roubem votos do petista entre os mais pobres, sugere o Datafolha.
O desempenho do ex-presidente entre os evang�licos de baixa renda � bem inferior ao apoio de 60% que ele tem entre eleitores pobres de outras religi�es ou sem religi�o.
Datafolha: Lula venceria Bolsonaro no 2º turno por 54% a 37%
J� a dianteira de Bolsonaro entre crentes com renda superior a dois sal�rios sinaliza que o componente religioso encontra terreno mais f�rtil na por��o do eleitorado que pode ter sentido algum al�vio no cen�rio econ�mico.
De acordo com a pesquisa, os brasileiros de renda mais polpuda perceberam um impacto maior de medidas como a redu��o do pre�o dos combust�veis e alguma recupera��o no mercado de trabalho.
Esse conforto relativo pode explicar a redu��o do peso das preocupa��es econ�micas na forma��o do voto, facilitando a infiltra��o de temas morais martelados pelos bolsonaristas -aborto, drogas, etc.
Entre evang�licos de renda m�dia e alta, 54% consideram o governo Bolsonaro �timo ou bom, e 20% tacham a gest�o de ruim ou p�ssima. Na faixa de fi�is de baixa renda, a aprova��o do presidente � de 35%, e a desaprova��o, de 34%.
A margem de erro dos resultados por faixa de renda entre os evang�licos � de quatro pontos percentuais para mais ou para menos. No levantamento geral, sem distin��o por religi�o, � de dois pontos, tamb�m para mais e menos.
As diferen�as na avalia��o do governo se refletem nos �ndices de rejei��o a Bolsonaro. No grupo de evang�licos de baixa renda, 44% dizem n�o votar no presidente "de jeito nenhum". Na faixa acima, 24% dos fi�is o rejeitam.
A balan�a se inverte no caso de Lula: 40% dos evang�licos mais pobres n�o votam no petista, e essa oposi��o chega a 67% entre fi�is com renda superior a dois sal�rios.
A disputa concentrada entre Lula e Bolsonaro faz com que o cen�rio se repita nas proje��es de segundo turno. O petista � o favorito de 47% dos evang�licos mais pobres, mas tem o apoio de apenas 25% entre aqueles com renda maior.
J� o atual presidente est� em empate t�cnico com Lula no primeiro grupo, com 43%, mas abre vantagem na segunda faixa dos fi�is -aparece com 68%.
Para o cientista pol�tico Vinicius do Valle, diretor do Observat�rio Evang�lico, essa pormenoriza��o do comportamento eleitoral dos fi�is traz implica��es para os pr�ximos passos das campanhas.
"Se Bolsonaro conseguisse melhorar a economia, teria um �ndice de vota��o ainda maior no grupo. Do ponto de vista da estrat�gia lulista, introduzir a quest�o econ�mica dialoga com os evang�licos mais pobres."
Dados do Iser (Instituto de Estudos da Religi�o), segundo um de seus pesquisadores, o soci�logo Clemir Fernandes, corroboram o Datafolha.
"A chamada pauta moral-religiosa � importante para o eleitorado evang�lico mais pobre, principalmente mulheres, mas n�o � determinante para decis�o final do voto."
"A infla��o � um agravante, mas a pobreza aguda e continuada desse enorme contingente � fator racional de op��o por Lula, tido como o mais capaz de enfrentar a luta contra a pobreza", afirma ele.
Valle ressalta que o sufoco financeiro pode segurar a dianteira de Bolsonaro nas igrejas, mas evang�licos pobres ainda abra�am Lula menos do que o brasileiro m�dio de igual renda. "Isso permite caracterizar esse segmento como mais conservador em termos de voto. � um dos motores em sentido contr�rio ao conjunto da popula��o."
Evang�licos s�o um em cada quatro brasileiros, segundo a pesquisa Datafolha, realizada de 16 a 18 de agosto com 5.744 pessoas de 281 cidades e registrada no TSE com o n�mero BR-09404/2022.
O "Beab� da Pol�tica"
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