
Os seis parlamentares se utilizam de uma brecha aberta em 2015, na gest�o do ex-deputado Eduardo Cunha (PTB-SP), que permitiu transferir da cota de gastos exclusivos com a atividade parlamentar um extra de R$ 1.747 para pagamento de aluguel dos deputados.;
Al�m de sal�rio de R$ 33,7 mil, de outros R$ 112 mil mensais para contrata��o de assessores e de mais uma cota que varia de R$ 31 mil a R$ 46 mil para gastos com aluguel de escrit�rio, alimenta��o, passagens a�reas e gasolina, entre outros, os deputados federais t�m ainda direito a moradia em Bras�lia.
Dos 513 parlamentares, 364 ocupam atualmente os amplos apartamentos funcionais (quatro quartos) nas Asas Norte e Sul da capital federal --n�o h� im�veis dispon�veis para todos, s�o 432 para um total de 513 deputados, sendo que alguns est�o sem condi��es razo�veis de uso.
Para os demais, h� dispon�vel uma verba mensal de at� R$ 4.253.
Esse valor � liberado de duas formas.
A primeira, escolhida por 42 deputados, � receber em dinheiro, descontado o Imposto de Renda, sem necessidade de apresentar qualquer comprova��o de gasto com aluguel.
A segunda pode liberar os R$ 4.253 de forma integral, desde que haja apresenta��o de comprova��o de gasto com moradia --72 deputados recebem reembolso.
Essa �ltima categoria tem embutida uma brecha que permite reembolso extra para al�m dos R$ 4.253. Dos 72 parlamentares, 26 recorrem a ela, sendo que seis receberam em agosto o teto, que � de R$ 6.000.
Al�m do filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), os deputados Marcos Aur�lio Sampaio (PSD), Marcos Pereira (Republicanos), Marina Santos (Republicanos), Nicoletti (Uni�o Brasil) e Sh�ridan (PSDB) tamb�m foram beneficiados pelo valor m�ximo.
Procurados, eles n�o quiseram se manifestar.
Eduardo Bolsonaro mora com a mulher e a filha em um condom�nio fechado, em Bras�lia.
Em 2015, na gest�o de Cunha, a Mesa da C�mara baixou um ato permitindo que parlamentares engordassem seu reembolso de aluguel com sobras da cota destinada exclusivamente para custeio da atividade parlamentar.
A justificativa foi a de estabelecer isonomia entre os parlamentares que usam o apartamento funcional e os que n�o conseguem vaga.
"Pesquisas em sites especializados apontam com clareza que o custo, em Bras�lia, de aluguel de im�vel em padr�o semelhante ao dos apartamentos funcionais ultrapassa significativamente o valor estabelecido pela Casa para o benef�cio", afirmou a justificativa do ato.
A norma, ent�o, permitiu o uso de R$ 1.747 da cota parlamentar para complemento do aluguel.
Trinta e cinco deputados federais optam por n�o usar nem apartamento funcional nem aux�lio-moradia.
Em 2018, a Folha mostrou que Eduardo e seu pai, o ent�o presidenci�vel Jair Bolsonaro, que tamb�m era deputado federal, recebiam, cada um, R$ 3.083 todo m�s de aux�lio-moradia mesmo a fam�lia tendo im�vel pr�prio em Bras�lia e outros 12 no Rio de Janeiro.
O valor recebido por pai e filho � �poca era em esp�cie, sem necessidade de apresenta��o de qualquer recibo (R$ 4.253, descontados 27,5% de Imposto de Renda).
Jair Bolsonaro recebia da C�mara o aux�lio-moradia desde outubro de 1995, ininterruptamente. Eduardo, desde fevereiro de 2015, quando tomou posse em seu primeiro mandato como deputado.
Ao todo, pai e filho embolsaram R$ 730 mil at� dezembro de 2017 , em valores sem corre��o.
A Folha procurou todos os 26 parlamentares que pedem ou pediram, em 2022, reembolso de aux�lio-moradia al�m de R$ 4.253.
"Tenho um complemento de R$ 247. Alugueis em Bras�lia s�o muito caros, e eu fico em um flat pr�ximo � C�mara. Como ando de t�xi, termino economizando [para os cofres p�blicos]", disse Gerv�sio Maia (PSB-PB).
Jer�nimo Goergen (PP-RS) disse alugar um flat em Bras�lia com custo total de R$ 5.100, raz�o pela qual pede o reembolso
Eli Corr�a Filho (Uni�o Brasil-SP) disse que realiza uma pequena complementa��o fruto da economia que faz na cota parlamentar. "Houve reajuste das di�rias dos hot�is, sem que houvesse a mesma atualiza��o do valor do aux�lio."
Bozzella (Uni�o Brasil-SP) afirmou que n�o solicita reembolso de despesas com alimenta��o e que tamb�m abriu m�o da aposentadoria vital�cia e outros penduricalhos.
"Contudo, aux�lio moradia n�o � penduricalho. Os parlamentares saem das suas cidades para trabalhar a quil�metros de dist�ncia de suas resid�ncias e precisam de um lugar para morar. Infelizmente, a quantidade de im�veis funcionais disponibilizada aos deputados � insuficiente e, talvez at� por esse motivo, o valor cobrado pelos alugu�is em Bras�lia � extremamente alto", afirmou.
Marcelo Nilo (Republicanos-BA) disse considerar o valor do aux�lio insuficiente para os custos com moradia.
Patrus Ananias (PT-MG) afirmou, por meio de sua assessoria, que utiliza apenas R$ 147 a mais da cota extra e que n�o solicita ressarcimento do gasto com alimenta��o.