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Estado de Minas DEN�NCIAS VAZIAS

Damares d� diferentes vers�es sobre den�ncias de abuso contra crian�as

Senadora eleita d� diferentes vers�es sobre den�ncias, citando CPIs j� encerradas, a ouvidoria do minist�rio e depoimentos de moradores da Ilha de Maraj� (PA)


13/10/2022 21:46 - atualizado 14/10/2022 07:41

Damares prega em igreja evangêlica em Goiás
Damares prega em igreja evang�lica em Goi�s (foto: Reprodu��o/Youtube)
Senadora eleita pelo Distrito Federal e ex-ministra da Mulher, da Fam�lia e dos Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos) n�o � clara ao tentar explicar a origem dos supostos casos de explora��o e abuso de crian�as no Par� que ela descreveu durante um culto.

Damares d� diferentes vers�es sobre o surgimento das supostas den�ncias, citando como origem CPIs (comiss�es parlamentares de inqu�rito) j� encerradas, a ouvidoria do minist�rio e depoimentos de moradores da Ilha de Maraj� (PA).

Ap�s ser questionada diversas vezes por mais detalhes, a ex-ministra passa a dizer que os casos est�o em um inqu�rito sigiloso, e, por isso, n�o poderia dar mais informa��es. "Eu vou pagar o pre�o por muito tempo ainda de acharem que eu menti, mas � para preservar as investiga��es. Aguardem", afirmou � reportagem.

Em v�deo propagado pelo senador Fl�vio Bolsonaro (PL-RJ), ela afirma durante um culto evang�lico que saberia de casos de estupros de rec�m-nascidos, al�m de casos de crian�as de 3 e 4 anos que teriam dentes arrancados para praticar sexo oral e que seriam obrigadas a se alimentar de comida pastosa para ter o intestino livre para sexo anal.

No v�deo, Damares continua o discurso dizendo que o presidente Jair Bolsonaro (PL) determinou que o governo fosse atr�s de todas essas crian�as e que o "inferno se levantou contra ele" —citando em seguida, sem uma liga��o clara, a imprensa, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso como agentes que agem em uma "guerra" contra o presidente.

Damares disse que as den�ncias foram devidamente encaminhadas �s autoridades, como o Minist�rio P�blico.

O Minist�rio P�blico Federal, por sua vez, afirma que atuou em inqu�ritos sobre supostos casos de tr�fico internacional de crian�as desde 1992 no arquip�lago do Maraj� e que, em 30 anos, nenhuma das den�ncias mencionou nada semelhante ao citado pela ex-ministra.

Os promotores aguardam esclarecimentos sobre as declara��es para que o caso seja investigado. "A gente vai ter que entender", respondeu Damares sobre a solicita��o do Minist�rio P�blico.

O relator da CPI da Assembleia Legislativa do Par�, Arnaldo Jordy (Cidadania), j� disse ao jornal Folha de S.Paulo que tamb�m nunca ouviu falar nos casos citados pela ex-ministra.

*

PERGUNTA - A senhora pode explicar melhor o que sabe sobre o caso?

DAMARES ALVES - Se voc� assistir ao v�deo todo, eu falo de fronteiras. Claro que a gente come�a cuidando das crian�as de Maraj�. N�s temos duas CPIs da C�mara [ambas j� encerradas], que j� apontavam o tr�fico de crian�as naquela �rea. E temos a pr�pria CPI da Assembleia Legislativa do Par� que mostrava a explora��o sexual de crian�as. Ent�o s� de CPI, s� de encaminhamento para Minist�rio P�blico, tinha tr�s j�. Fora as den�ncias. Agora, todas as den�ncias que chegaram na nossa ouvidoria foram encaminhadas para as autoridades competentes.

 

P - Por que a senhora n�o falou sobre esses casos antes?

DA - Sempre falei. S� estou achando estranho estar sendo divulgado agora em per�odo eleitoral.

 

P - Mas como a senhora recebeu a den�ncia?

DA - Populares. Por isso que a gente cria o Disque 100 dentro de barcos. A gente quer as pessoas possam se empoderar, ter coragem de denunciar. Como elas iam ligar para denunciar se nem energia el�trica tinha? Se nem conectividade tinha? Ent�o a minha resposta imediata foi colocar barcos em regi�o ribeirinha e nossa equipe da ouvidoria andar de cidade em cidade. Todas as den�ncias que chegaram na ouvidoria foram devidamente encaminhadas.

P - O que significa encaminhar? Seria repassar a den�ncia para o Minist�rio P�blico?

DA - Quando eu assumi, fizemos termo de parceria e coopera��o com CNJ [Conselho Nacional de Justi�a], com Conselho Nacional do Minist�rio P�blico e com os Minist�rios P�blicos estaduais. Os acordos s�o para que toda den�ncia que chegasse at� n�s fosse para o Minist�rio P�blico.

 

P - Em rela��o �s den�ncias que a senhora citou sobre a Ilha de Maraj�. A senhora se lembra de quando recebeu essa den�ncia e o que fez?

DA - Conversei com todas as autoridades locais. Minha equipe esteve dentro da Ilha de Maraj� conversando com as autoridades locais, com o Minist�rio P�blico, com ju�zes, conselheiros tutelares e promotores. As pessoas falam mais abertamente com o Minist�rio dos Direitos Humanos do que com a pol�cia. Ent�o as pessoas t�m mais acesso aos conselheiros tutelares. Tudo isso que foi colhido foi encaminhado �s autoridades.

 

P - Ent�o o Minist�rio P�blico j� tem o material sobre essas den�ncias na Ilha de Maraj�?

DA - N�o � s� Ilha de Maraj�. No v�deo eu falo do programa Abrace Maraj�, mas n�s vamos levar para todas as �reas de fronteira. Se voc� assistir o resto do v�deo, eu falo fronteiras. Eu n�o tenho fronteiras s� no Maraj�. Tenho fronteira em todo lugar.

 

P - Mas o Minist�rio P�blico do Par� pediu para que a senhora d� mais explica��es sobre essas den�ncias.

DA - Pois �… a gente vai ter que entender.

 

P - Eles j� tinham essas informa��es?

DA - O tr�fico de crian�as e de mulheres no Brasil n�o � novo. J� tivemos at� novela sobre isso. O que eu trouxe de novidade? Que as crian�as s�o machucadas. Voc� acha que uma crian�a traficada � tratada com flores e p�rolas? Eu s� trouxe o que populares, o que todo mundo fala no Maraj�. N�o � s� no Maraj�. S�o nas �reas de fronteiras.

As pessoas est�o chocadas com a crueldade que eu falei? Ou est�o chocadas porque eu trouxe � tona algo que ningu�m quer falar? Em 2019, quando eu falava de estupro de rec�m-nascido, todo mundo achava que eu estava exagerando. E a� todo dia voc�s est�o noticiando um estupro de um beb�. Eu agora n�o estou denunciando tr�fico de crian�as, isso � den�ncia antiga. Eu s� trouxe � mem�ria qu�o cruel � o tr�fico de crian�as. N�o houve omiss�o. O melhor seria entrevistar a relatora da CPI de 2013, a ex-deputada Liliam S�. Quando ela vai ao meu minist�rio e me entrega o relat�rio da CPI e quando ela registra que tentou ir ao Suriname e Guiana e a CPI foi interrompida; ela � a voz de tudo isso.

P - As CPIs n�o mostraram casos como o que a senhora citou. O Minist�rio P�blico arquivou den�ncias semelhantes. Ent�o h� a d�vida sobre a origem dessas den�ncias citadas no v�deo.

DA - As den�ncias que chegam na ouvidoria eu n�o tenho acesso porque s�o dados sigilosos. Por lei, eu n�o posso ter acesso aos dados da ouvidoria, mas tudo que a ouvidoria coletou a ouvidoria encaminhou. Eu tenho a garantia do atual ouvidor e do anterior de que tudo foi encaminhado.

 

P - Encaminhado para quem?

DA - Para o Minist�rio P�blico, para a pol�cia, para os �rg�os competentes. Os conselhos tutelares tamb�m recebem as den�ncias.

 

P - Acho que ainda n�o est� claro. Essas den�ncias s�o de 2010, que resultaram em CPIs, ou s�o den�ncias recentes?

DA - Do mesmo jeito que eu andava nas aldeias e as pessoas falavam com a gente, e todo mundo dizia que era mentira e eu demorei para chegar a fatos e evid�ncias. Quando a gente anda nas ruas do Maraj�, as pessoas falam no seu ouvido sobre essas crian�as. E o medo do povo? Ent�o a ouvidoria dos direitos humanos foi para colher as den�ncias e encaminhar para a pol�cia, ao Minist�rio P�blico. N�s n�o temos poder de pol�cia. O Minist�rio s� recebe a den�ncia.

 

P - Mas e sobre o caso que veio � tona no s�bado [O v�deo foi gravado no s�bado, mas foi propagado na segunda-feira]?

DA - O caso que veio � tona no s�bado l� no v�deo.... por que est� todo mundo querendo saber desse caso? Por que eu falei que os dentinhos s�o arrancados?

P - A senhora disse tamb�m ter fotos e v�deos disso.

DA - H� coisas que eu n�o posso falar. Eu j� passei pela quarentena [per�odo que sucede a sa�da de cargo p�blico], mas h� coisas que eu n�o posso falar. Mesmo porque est�o sob investiga��o. Eu vou pagar o pre�o por muito tempo ainda de acharem que eu menti, mas � para preservar as investiga��es. Aguardem.

 

P - Mas onde est�o as imagens dessas crian�as que a senhora citou?

DA - As imagens que eu falo s�o dos estupros de rec�m-nascidos. As imagens de crian�as dopadas tamb�m foram encaminhadas pela ouvidoria [no v�deo do culto, por�m, ela cita imagens dos outros casos tamb�m].

 

P - O discurso no v�deo foi baseado em den�ncias de CPIs antigas apenas? Ou h� informa��es novas?

DA- N�o. A gente tem. Aguardem. Busque os inqu�ritos abertos na regi�o. Tem tanto inqu�rito aberto j�.

 

P - H� informa��es sobre como e onde est�o essas crian�as citadas?

DA - N�o. N�o sabemos. Est� todo mundo querendo que Damares d� respostas de coisas que Damares n�o tem acesso. Eu n�o posso ter acesso a inqu�ritos sigilosos, den�ncias sigilosas. Eu tenho acesso ao que o povo me fala na rua e que a gente manda o povo encaminhar para a ouvidora.

 

P - A senhora diz que tudo foi encaminhado �s autoridades. Qual sua avalia��o sobre a rea��o dessas autoridades?

DA - No Par�? Num estado que � totalmente oposi��o a n�s? Politizando? Que pena que politizaram isso quando eu queria um clamor social.

 

P - A senhora depois publicou um v�deo dizendo que estava sofrendo amea�as. E que pessoas se "levantaram" contra o Bolsonaro. Por que a senhora publicou logo depois?

DA - Esse v�deo j� estava pronto antes. Essas pessoas n�o est�o preocupadas com as crian�as. Eu n�o vi nenhuma peti��o para cuidar das crian�as da fronteira, ou pedindo investiga��o do Minist�rio P�blico.

As pessoas est�o pedindo para cassar a Damares. A preocupa��o � com Damares ou � com as crian�as? Isso me deixa muito triste. Voc� acha que toda a persegui��o contra n�s � porque somos de direita e religiosos? Voc� n�o acha que o crime organizado todo � contra Bolsonaro? � contra Damares? Eu tenho amea�as de mortes h� anos. Por essa causa, eu dou a minha vida. Que pena que pegaram o v�deo de dentro de uma igreja e politizaram.

 

P - A divulga��o do v�deo sobre o tr�fico de crian�as est� sendo usado pelo Fl�vio Bolsonaro para fazer campanha. Foi planejado pela campanha?

DA - Eu n�o sei quem vazou esse v�deo. A igreja estava transmitindo. E a imprensa deu repercuss�o. Eu n�o respondo por ele [Fl�vio]. Mas foi s� ele que usou? Ou a esquerda est� usando de forma inversa? A morte violenta de crian�as e adolescentes no Brasil caiu 53% em tr�s anos e meio. E ningu�m fala disso.

 

P - A religi�o entrou na pauta da campanha presidencial. Isso � algo proposital da campanha? � algo que favorece Bolsonaro?

DA - Isso favorece o presidente Bolsonaro. As pessoas est�o com medo de a esquerda voltar ao poder.

 

P - J� houve CPI no Congresso sobre tr�fico de crian�as. O que a CPI que a senhora e o senador eleito Magno Malta prop�em pode fazer de novo?

DA - Aumentar o Or�amento da Uni�o para aumentar os efetivos nas fronteiras, capacitar nossos policiais, mais equipamento, mais helic�ptero. Eu vou para o Senado para a gente rever o Or�amento da Uni�o.

*

RAIO-X

DAMARES ALVES, 58

Nascida em Paranagu� (PR), � pastora evang�lica e foi assessora no Congresso. Assumiu o Minist�rio da Mulher, da Fam�lia e dos Direitos Humanos no governo Bolsonaro. Formou-se em 1986 em pedagogia (Faculdade Pio X, de Aracaju) e, em 1992, direito (Faculdades Integradas de S�o Carlos)

 

 

 

 

 

 

 


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