
O Estado de Minas listou 5 momentos em que a senadora ganhou espa�o na CPI da COVID e acabou alavancando sua chegada ao terceiro lugar da corrida eleitoral, agora polarizada entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e Lula.
- A participa��o feminina na CPI
Composta por apenas homens, a comiss�o investigou a conduta do governo do presidente Bolsonaro no combate � pandemia. Tebet foi uma das senadoras, que, apesar de n�o ter cargo oficial na comiss�o, esteve presente na maioria das sess�es e interrogando investigados. L�der da bancada feminina, foi ela que lutou pela participa��o das mulheres na comiss�o.
Mesmo sem contar com uma representante entre os membros da comiss�o e apesar de n�o terem tido direito a voto, as senadoras conquistaram o direito a voz durante todas as reuni�es da CPI. As integrantes da bancada se revezaram ao longo do inqu�rito para que todas prestassem sua contribui��o.
Dentre as mais de 1.200 p�ginas do relat�rio do senador Renan Calheiros (MDB-AL), 47 p�ginas foram designadas apenas para recomenda��es da bancada feminina, al�m outros pontos conseguidos por conta da a��o e argui��o das parlamentares.

A Bancada Feminina foi criada em mar�o, M�s da Mulher, com a aprova��o do Projeto de Resolu��o do Senado 6/2021, e a senadora Simone Tebet foi indicada como primeira l�der. Em agosto, a bancada formalizou o nome de Leila Barros (Cidadania-DF) como nova Procuradora da Mulher no Senado. Atualmente, s�o 14 as senadoras em exerc�cio.
2. Lu�s Miranda indica Ricardo Barros
Em uma das sess�es mais marcantes da comiss�o, foi Tebet que convenceu o deputado Luis Miranda (DEM-DF) a revelar o nome do l�der do governo da C�mara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), no esc�ndalo da Covaxin.
Foi Miranda e o irm�o Luis Ricardo Fernandes Miranda, chefe da divis�o de importa��o do minist�rio da Sa�de, que trouxeram um ingrediente explosivo para CPI. Em depoimento aos senadores, os irm�os apontam para um suposto esquema de fraude na negocia��o para a compra de 20 milh�es de doses do imunizante Covaxin, envolvendo o Minist�rio da Sa�de e a empresa brasileira Precisa Medicamentos, que seria a respons�vel pela venda da vacina no Brasil, produzida pelo laborat�rio indiano Bharat Biotech.
A senadora pediu que Miranda n�o tivesse receio de indicar o nome citado pelo presidente Jair Bolsonaro. Na �poca, Miranda dizia que ao descobrir o esquema foi contar ao presidente, que afirmou que um deputado estaria “metido no rolo”.
Simone defendeu uma homenagem ao servidor Luis Ricardo, irm�o do deputado. Segundo Simone, Luis Ricardo impediu um neg�cio suspeito, e lembrou que uma das bandeiras de campanha de Bolsonaro era o combate � corrup��o. Em resposta, Luis Miranda disse que, em alguns momentos, “� importante a gente esquecer o que a gente escutou”.
Com isso, em depoimento, Miranda confirmou que o presidente Jair Bolsonaro citou o nome do deputado Ricardo Barros como suspeito de ser o mentor por tr�s das supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin.
3. Simone x Fl�vio Bolsonaro
Diversas vezes quando Simone tinha a fala na CPI, Fl�vio Bolsonaro, filho do presidente, a interrompia. Durante o depoimento de Emanuela Medrades, funcion�ria da Precisa Medicamentos, os dois chegaram a discutir.
A senadora foi interrompida por Flavio Bolsonaro e ficou irritada. “N�o estou me dirigindo a Vossa Excel�ncia. Vossa Excel�ncia s� usar� o microfone quando o presidente desta comiss�o determinar. Pe�o que respeite uma senadora da Rep�blica”, disse Tebet.

A discuss�o entre os dois continuou e ficou ainda mais acalorada. Quando todos os microfones dos senadores estavam fechados, Simone Tebet acusou o filho do presidente de t�-la ofendido. “O senhor me respeita”, pede a senadora.
“Senhor presidente, eu pe�o a palavra pela ordem. Se esse senador (Flavio Bolsonaro) repetir o que disse sobre mim agora, eu vou invocar o Conselho de �tica”, amea�a Simone Tebet. “Porque no microfone ele n�o tem coragem de dizer o que ele disse pra mim agora.”
Fl�vio Bolsonaro, com o microfone ligado, diminuiu o tom: “A senhora est� induzindo a depoente a dizer o que a senhora quer”.
4. Destrinchando os documentos da Covaxin
Tebet tamb�m apresentou uma an�lise feita por seus assessores a respeito de documentos divulgados relativos � negocia��o pela vacina de origem indiana Covaxin, com apontamento do que, na vis�o da parlamentar, s�o ind�cios de fraude.
Em seu momento de fala na sess�o que ouviu a servidora Regina C�lia Silva Oliveira, fiscal do contrato, a senadora apresentou a an�lise de tr�s vers�es diferentes do invoice, a nota fiscal de importa��o de produtos.
A primeira, fornecida pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o irm�o, o servidor Luis Ricardo Miranda. As outras duas, as oficiais originadas do governo federal, sendo que uma foi apresentada pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral, Onyx Lorenzoni, durante pronunciamento.
SIMONE TEBET, O TERROR DOS CONTRATOS FRAUDELENTOS pic.twitter.com/Mr6kx53fXV
%u2014 CPI DOS MEMES (@cpidosmemes) August 18, 2021
Na �poca, Tebet projetou em um tel�o na comiss�o, os documentos, e mostrou erros inclusive de grafia em ingl�s e de diagrama��o, al�m de n�o aparentar ter sido digitalizado.
Para a senadora, h� ind�cios de fraude, que podem configurar o crime de falsidade ideol�gica.
“N�s estamos falando de falsidade ideol�gica formulada por algu�m. Ele tem a marca e o logotipo desenquadrados, n�o est�o alinhados em alguns pontos, como se fosse uma montagem. Eu tenho in�meros erros de ingl�s, e, talvez, o mais desmoralizante dele seja o (erro) 17: no lugar de pre�o, ‘price’, est� ‘prince'”, descreveu a senadora.
Em ingl�s, “price” � o equivalente � palavra “pre�o” em portugu�s. J� a palavra “prince” significa, na tradu��o, “pr�ncipe”. Segundo a senadora, s�o 23 erros no documento analisado pela sua equipe.
5. Descontrolada
A senadora tamb�m foi destaque depois do epis�dio onde, o ent�o ministro da Controladoria-Geral da Uni�o (CGU) Wagner Ros�rio chamou-a de "descontrolada". A fala de Ros�rio gerou tumulto entre os senadores, e o ministro precisou deixar a sess�o. Naquele momento ele se tornou investigado pela CPI.
Wagner Ros�rio fez a declara��o ap�s Tebet ter criticado a atitude do ministro em rela��o ao presidente Jair Bolsonaro e ao processo de aquisi��o pelo governo federal da vacina Covaxin.

Na �poca, a senadora afirmou que a CGU "n�o foi criada para ser �rg�o de defesa de ningu�m", sugerindo que Ros�rio atua para atender aos interesses do presidente Jair Bolsonaro. "Temos um controlador que passa pano, deixa as coisas acontecerem", afirmou Simone Tebet. Segundo a senadora, o ministro n�o pode se comportar como "advogado do governo"
"Bem, senadora, com todo o respeito � senhora, eu recomendo que a senhora lesse tudo de novo porque a senhora falou uma s�rie de inverdades aqui", disse o ministro.
Tebet respondeu: “N�o fa�a isso. O senhor pode dizer que eu falei inverdades, mas n�o me pe�a para fazer algo porque eu sou senadora da Rep�blica". Tebet disse ainda que Ros�rio estava "se comportando como um menino mimado."
"A senhora me chamou de engavetador, me chamou do que quis", retrucou o ministro. "Me chama de menino mimado, eu n�o lhe agredi. A senhora est� totalmente descontrolada, me atacando".
A frase gerou tumulto na comiss�o. Senadores foram em defesa de Tebet e chamaram Wagner Ros�rio de "machista". A sess�o acabou suspensa pelo presidente da CPI, Omar Aziz.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que o ministro quis "agredir" Simone Tebet (MDB-MS) e a institui��o Senado Federal.
Na retomada da sess�o, Aziz disse que o ministro veio com "quatro pedras", peitando senadores e o grande final da participa��o de Ros�rio foi um ataque a uma senadora.
Ap�s sugest�o de Aziz, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) aceitou transformar Ros�rio em investigado pela CPI. Na sequ�ncia, a reuni�o da CPI foi encerrada.