A charge ilustra bem o que parte do empresariado brasileiro sentiu sob a gest�o do atual presidente Jair Bolsonaro (PL): eleito como um defensor do discurso liberal, a favor das privatiza��es, do Estado m�nimo, Bolsonaro fez com que, em sua gest�o, a carga tribut�ria brasileira atingisse 34% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2021, o maior patamar em pelo menos 12 anos. As privatiza��es, por sua vez, empacaram, com exce��o da Eletrobras.
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Para piorar, a gest�o err�tica da pandemia fez com que a retomada da economia no pa�s demorasse mais tempo que o esperado. O descaso da gest�o do atual presidente com a Amaz�nia e o avan�o do desmatamento arranhou a imagem do Brasil no exterior, indo na contram�o da cartilha de desenvolvimento ambiental, social e corporativo (ESG), que vem pautando as decis�es empresariais em todo o mundo. Neste sentido, a elei��o de Lula trouxe al�vio aos empres�rios descontentes.
"O Lula fez um �timo discurso, de acolhimento, de abertura, de reinser��o do Brasil na agenda mundial, tamb�m do ponto de vista ambiental", disse � reportagem Fabio Barbosa, presidente da multinacional brasileira Natura&Co. "Mas a prioridade n�mero 1 agora � detalhar o seu programa econ�mico, definir quais s�o os nomes da equipe econ�mica e como vai endere�ar a quest�o fiscal", diz ele, ex-presidente do Santander Brasil e da Febraban (Federa��o Brasileira de Bancos).
No primeiro turno, Barbosa havia votado na senadora Simone Tebet (MDB), que apoiou Lula no segundo turno. "O apoio da Simone foi decisivo, eu adorei [a participa��o dela]", disse.
Quem tamb�m havia escolhido Simone Tebet como presidente em 2 de outubro foi Roberto Klabin, acionista da fabricante de papel e celulose Klabin.
"Foi a primeira vez que eu votei em Lula e no PT", diz o empres�rio, fundador da SOS Mata Atl�ntica e da SOS Pantanal, organiza��es n�o governamentais ligadas � defesa ambiental. "Votei para garantir que o Brasil continue sendo uma democracia e consiga reverter a devasta��o do meio ambiente", diz ele, que em elei��es anteriores apoiou o PSDB.
Na opini�o de Klabin, foi importante Lula n�o ter vencido no primeiro turno. "Ele foi obrigado a se aproximar mais do centro, n�o ficou preso ao universo do PT", diz Klabin, que tamb�m elogia a atua��o de Simone Tebet na campanha, assim como o acordo de Lula com a deputada federal eleita Marina Silva (Rede).
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O petista se comprometeu a incorporar em seu programa de governo diretrizes elaboradas pela sua ex-ministra do Meio Ambiente.
PACIFICA��O
Um alto executivo do setor de avia��o civil, no entanto, destaca que a vit�ria de Lula sobre Bolsonaro foi a mais apertada em um segundo turno das elei��es presidenciais: 51% contra 49% dos votos v�lidos. Na opini�o dele, em primeiro lugar, � preciso garantir que a transi��o seja tranquila e que Lula governe para todos os brasileiros, procurando eliminar o que ele chamou de �nimos radicais exacerbados.
Caio Magri, presidente do Instituto Ethos, destaque que o segundo turno foi marcado pelo uso da m�quina p�blica "como jamais se viu em uma elei��o desde o fim da ditadura". "� preciso unir o Brasil em prol do combate incessante �s desigualdades e pelo desenvolvimento sustent�vel", diz ele, que considera como prioridades do novo governo erradicar a fome e combater as desigualdades sociais.
"O Ethos vai trabalhar nesta dire��o, convidando as empresas para serem parceiras no processo. Haver� muito trabalho pela frente, mas estamos conscientes de nossas responsabilidades".
Com a proposta de fomentar os conceitos ESG nas empresas, o Ethos tem 454 associadas, entre elas Natura, Grupo P�o de A��car, Carrefour e Renner.
Na opini�o de Betania Tanure, s�cia da consultoria BTA Associados, que atende grandes empresas na �rea de comportamento organizacional e gest�o executiva, � preciso vencer o desafio de unir um pa�s polarizado, sob o risco de o Brasil n�o avan�ar do ponto de vista econ�mico, social e ambiental.
"� preciso celebrar a democracia, que permite a altern�ncia de poder, conforme a vontade da maioria", diz Betania, que tamb�m � conselheira do Magazine Luiza. "Acredito que o empresariado est� mais maduro e compreende a sua influ�ncia na sociedade. Os empres�rios que s�o realmente gestores n�o olham a sua empresa de maneira isolada."
A respeito das den�ncias de ass�dio eleitoral de empres�rios sobre funcion�rios para voto em Bolsonaro, Betania diz que os casos n�o ilustram uma pr�tica relevante no pa�s. "� algo inadmiss�vel, mas ainda assim s�o casos isolados, em empresas ou neg�cios de menor porte", afirma.
Na opini�o da psic�loga, especialista em comportamento organizacional, � preciso levar em conta que as emo��es decorrentes da pandemia ainda est�o sob a flor da pele. "Estamos ainda vivendo um p�s-guerra, que deve se curar com o tempo e fazendo o que precisa ser feito."
O "Beab� da Pol�tica"