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Estado de Minas PRONUNCIAMENTO

An�lise: Discurso d�bio de Bolsonaro permite diferentes interpreta��es

Cada palavra do pronunciamento do candidato derrotado � reelei��o foi cuidadosamente escolhida para n�o decepcionar apoiadores nem confrontar outros poderes


01/11/2022 20:32 - atualizado 01/11/2022 21:12

Bolsonaro e Ciro Nogueira no Palácio do Planalto
Bolsonaro falou de forma d�bia e relegou a Ciro Nogueira a fun��o de tratar sobre transi��o de governo (foto: EVARISTO SA / AFP)
Em atitude in�dita desde a redemocratiza��o, o candidato derrotado nas elei��es presidenciais demorou dois dias para se pronunciar oficialmente pela primeira vez ap�s o pleito. Jair Bolsonaro (PL) fez pronunciamento d�bio no Pal�cio da Alvorada nesta ter�a-feira (1/11), n�o reconheceu a vit�ria de Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e fez aceno a manifestantes que fecham centenas de trechos de estradas pelo pa�s em protesto contra o resultado das urnas.

A aguardada manifesta��o de Bolsonaro durou cerca de dois minutos. O presidente chegou ao espa�o do Pal�cio do Alvorada onde a imprensa o aguardava, leu o discurso e foi sucedido no p�lpito por Ciro Nogueira (PP), a quem foi delegada a tarefa de dizer que iniciar� o processo de transi��o, ponto mais objetivo das duas falas.

Com um discurso de poucas linhas, lido do in�cio ao fim e sem espa�o para improvisos, Bolsonaro n�o � assertivo sobre nenhum dos pontos pelo qual seu pronunciamento foi aguardado: n�o reconheceu a derrota, n�o garantiu a transi��o democr�tica - terceirizando-a para Ciro Nogueira - e n�o desmobilizou apoiadores que travam o pa�s. Com uma estrat�gia polif�nica, conseguiu, ainda assim, se fazer entendido de formas diferentes e de acordo com o anseio de cada interlocutor.

Bolsonaro n�o tardou a tratar sobre os protestos que fecham as estradas brasileiras. Ele agradeceu os votos recebidos e j� citou o tema. Reconhecendo a legitimidade dos atos, ele disse que os “movimentos populares s�o fruto de indigna��o e sentimento de injusti�a de como se deu o processo eleitoral”. 

Ele condenou as obstru��es de vias, mas faz a cr�tica dizendo que tratam-se de ‘m�todos de esquerda’, redirecionando a reprova��o para um advers�rio comum entre ele e seus apoiadores. Lideran�as dos bloqueios e aliados pol�ticos entenderam a fala como um aceno que autoriza a continuidade dos atos. 

Quando chegou mais perto de tratar sobre uma transi��o ordeira, Bolsonaro diz que sempre jogou “dentro das quatro linhas da constitui��o”, ao contr�rio dos que o acusam de antidemocr�tico. Ele fala que nunca prop�s a regula��o das m�dias, senha a apoiadores que entendem a cr�tica velada a Lula, que n�o � citado nominalmente em nenhum momento.

“Ele foi enf�tico em dizer que n�o apoia obstru��o, mas eu n�o escutei ele dizer em nenhum momento ‘caminhoneiros, saiam das rodovias’. Eu n�o escutei em momento nenhum ele dizer, claramente, ‘caminhoneiros, abandonem seu posto’, ‘popula��o, muito obrigado, voltem para suas casas’. Ent�o pe�o a todos voc�s que continuem, que se fortale�am”, disse J�nior, do Sindicato dos Caminhoneiros (Sindicam), uma das lideran�as dos movimentos, minutos ap�s Bolsonaro quebrar o sil�ncio.

Tamb�m logo ap�s o pronunciamento, a inst�ncia m�xima do Poder Judici�rio se posicionou e viu no discurso um posicionamento favor�vel ao jogo democr�tico. “O Supremo Tribunal Federal consigna a import�ncia do pronunciamento do Presidente da Rep�blica em garantir o direito de ir e vir em rela��o aos bloqueios e, ao determinar o in�cio da transi��o, reconhecer o resultado final das elei��es”, diz nota do STF.

A forma como duas entidades, uma que pretende questionar o resultado das urnas e outra que busca legitim�-lo, entenderam o teor do pronunciamento de Bolsonaro aponta que o fim do sil�ncio do candidato derrotado esclarece t�o pouco sobre a sa�de da transi��o democr�tica no pa�s quanto a sua mudez.

Mesmo sem o tom raivoso e provocativo de Donald Trump ao perder as elei��es americanas em 2020, Bolsonaro tenta manter o clima de incerteza sobre o cen�rio democr�tico do pa�s diante de tumultos que j� interferem no abastecimento de alimentos, insumos alimentares e em viagens a�reas e rodovi�rias pelo Brasil.


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