Deputados j� articulam elei��o da Mesa Diretora da Assembleia

As elei��es para o comando da Casa, ocorridas a cada dois anos, costumam ter chapa �nica. No pleito de 2023, por�m, h� chance de disputa direta, no plen�rio, entre deputados que aspiram assentar na cadeira atualmente ocupada por Agostinho Patrus (PSD).

A lista de cotados para o cargo tem nomes como Tadeu Martins Leite, do MDB, e Roberto Andrade, do Patriota. Eles foram os mais citados por interlocutores ouvidos pelo Estado de Minas na �ltima semana, que marcou o encerramento das atividades legislativas antes do recesso de fim de ano.

Levantamento feito pela Secretaria-Geral da Mesa da Assembleia a pedido do EM mostra que, ao menos desde 2003, n�o h� dois candidatos a presidente da Assembleia em uma mesma elei��o. A estat�stica faz com que, apesar das articula��es paralelas que correm no momento, parte dos deputados acredite na constru��o de uma via �nica para evitar a fragmenta��o dos 77 parlamentares.

Integrante do grupo pol�tico de Agostinho Patrus, Tadeu Leite comp�e o bloco de deputados independentes � gest�o do governador Romeu Zema (Novo). Primeiro-secret�rio da Assembleia, ele tem a simpatia dos outros parlamentares ligados a Agostinho e � bem-visto, tamb�m, na coaliz�o de oposi��o a Zema, liderada pelo PT. Embora Leite transite bem junto a aliados do governo, alas do Pal�cio Tiradentes defendem a candidatura de Roberto Andrade. L�der de Zema na Assembleia, o pol�tico do Avante tem a seu favor a boa rela��o com Igor Eto, secret�rio de Estado de Governo. Um dos homens de confian�a de Zema, Eto chefia as conversas do Executivo estadual com os deputados.

Segundo apurou a reportagem, neste momento, Andrade � o preferido do governo para o posto. Apesar disso, Antonio Carlos Arantes (PL), outro aliado de Zema, tamb�m � tido como op��o. Primeiro vice-presidente da Assembleia, Arantes tem dito a colegas que n�o pretende abandonar os planos de comandar o plen�rio. Aventado, ainda, o nome de Gustavo Valadares (PMN), ex-l�der do governo Zema. Filiado ao PSDB at� mar�o deste ano, Valadares ocupa, atualmente, a vice-lideran�a do bloco de deputados alinhados ao Pal�cio Tiradentes. Z� Guilherme (PP), pai do deputado federal Marcelo Aro (PP), um dos principais parceiros pol�ticos de Zema, tamb�m chegou a ser citado como possibilidade.

Em meio �s possibilidades, deputados ouvidos pela reportagem apontam a necessidade de debates que garantam a formaliza��o de apenas uma chapa. Um dos defensores da uni�o � Alencar da Silveira J�nior (PDT), o mais antigo entre os componentes da Assembleia. Com um gabinete na casa desde 1995, ele se prepara para iniciar o oitavo mandato.

“A Assembleia vai votar unida em um nome s�. Em hip�tese nenhuma podemos deixar ter a divis�o que teve na C�mara de Belo Horizonte”, diz o pedetista, em men��o � tumultuada elei��o no Legislativo belo-horizontino, na semana passada. A disputa, vencida pelo vereador Gabriel Azevedo (sem partido) por um voto de diferen�a, foi marcada por troca de acusa��es, bate-bocas e princ�pio de tumulto.

Se houver mais de uma candidatura, a divis�o dos votos vai ser exposta ao p�blico. Isso porque os deputados t�m de apontar, ao microfone, o colega que desejam ver na presid�ncia. Para Alencar, o eventual confronto entre chapas pode trazer preju�zos n�o apenas aos trabalhos legislativos, mas, tamb�m, ao Executivo. “O governo tem de ter responsabilidade e discernimento para fazer uma Assembleia unida”, defende.

Os nomes especulados para concorrer � presid�ncia da Assembleia s�o benquistos pelos colegas. Na oposi��o a Zema, a prefer�ncia pelo emedebista, chamado de “Tadeuzinho” nos corredores da Casa, � tratada abertamente. Nas contas de interlocutores ligados ao grupo, a coaliz�o antag�nica ao governo deve ter cerca de 20 integrantes no ano que vem. Al�m de PT, PV e PCdoB, o bloco deve ser engrossado por Psol e Rede Sustentabilidade.

“O nome dele (Tadeu Leite) pode garantir a autonomia necess�ria ao Parlamento, o cumprimento do Regimento Interno e das prerrogativas da oposi��o”, afirma o deputado Cristiano Silveira, presidente do PT em Minas Gerais. “Pode ser, inclusive, um nome de consenso no futuro, como tem acontecido nas �ltimas elei��es da Assembleia”, vislumbra.

A independ�ncia de Leite em rela��o ao governo �, justamente, um dos pontos positivos apontados por parlamentares simp�ticos a ele. Embora o MDB tenha apoiado a reelei��o de Zema, a cren�a � de que o deputado, se eleito presidente, seguiria linha parecida � adotada por Agostinho Patrus. Roberto Andrade, embora tamb�m querido pelos companheiros de trabalho, �, por vezes, visto como algu�m de forte v�nculo com o governo.

A avalia��o de uma das fontes ouvidas pela reportagem � que Antonio Carlos Arantes teria mais chances de emplacar sua candidatura se conseguisse assumir a presid�ncia nos dias que restam at� o fim desta legislatura. A possibilidade existe, pois Agostinho Patrus foi eleito conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e j� est� nomeado por Zema para a vaga.

Agostinho tem at� 60 dias para tomar posse e, se sair antes do prazo se esgotar, faria com que Arantes assumisse mandato-tamp�o no comando da Assembleia. Conforme apurou o EM, contudo, os sinais emitidos pelo pessedista at� este momento s�o de permanecer como deputado at� o fim de janeiro, sem que haja a necessidade de que o liberal precise substitu�-lo na presid�ncia.

A despeito das articula��es, Alencar da Silveira J�nior mant�m a esperan�a em um acordo por chapa �nica. “Acho que, no final, vai afunilar e chegar a um s� (candidato)”, cr�. “(O presidente da Assembleia) tem de ter independ�ncia e ser bem entrosado com todos que ali est�o”, explica o pedetista, que comp�s a Mesa Diretora da Assembleia durante cinco de seus mandatos — desta vez, � o 3°vice-presidente. Presidente do Am�rica, ele diz n�o se lembrar de ter presenciado disputas em plen�rio pelo comando do Parlamento.

Embora 77 parlamentares tenham sido escolhidos pela popula��o, a vota��o para a Mesa Diretora vai ter n�mero par de eleitores: 76. Isso porque Chiara Biondini, do PL, s� vai tomar posse em mar�o. A Constitui��o Federal e a Constitui��o Mineira preveem que, para assumir o cargo, um deputado tem de ter, no m�nimo, 21 anos – idade que Chiara vai completar em 22 de fevereiro do ano que vem. A fim de garantir o mandato, Chiara se ampara em uma brecha do Regimento Interno da Assembleia. H�, no texto, mecanismo que permite que um eleito tome posse 30 dias ap�s a primeira reuni�o, prevista para 1° de fevereiro. Por isso, ela est� fora da lista de votantes que vai escolher o pr�ximo presidente do Parlamento.