
O Planalto ainda recalcula planos ap�s cancelamento da ida de Lula � China. Havia expectativa no governo de que a aten��o sobre as declara��es do presidente seria substitu�da pela repercuss�o das agendas como a reuni�o bilateral com o l�der chin�s, Xi Jinping, al�m de visitas a f�bricas e encontros com empres�rios.
As rea��es �s falas de Lula passaram a dominar a agenda do Planalto a partir de ter�a-feira (21), quando o petista afirmou, em entrevista ao site Brasil 247, que, quando estava preso em Curitiba, dizia a visitantes que ficaria bem apenas se conseguisse "foder esse Moro". No dia seguinte a PF deflagrou a opera��o Sequaz para prender integrantes da fac��o criminosa PCC que planejavam realizar ataques contra autoridades. Um dos alvos era justamente o senador e ex-juiz da Lava Jato.
Integrantes do governo se dividiram sobre a opera��o
Na avalia��o de alguns aliados do Planalto, a fala de Lula fortaleceu Moro e recolocou o senador na posi��o de antagonista do mandat�rio.
Parte da gest�o Lula chegou a tentar apontar a a��o da PF como prova de que o �rg�o tem independ�ncia no governo atual, inclusive para proteger um dos principais opositores do presidente.
O ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica, Fl�vio Dino (PSB), disse na quarta-feira (22) que havia "mau-caratismo" por parte de pol�ticos que tentavam associar a fala de Lula na v�spera com a a��o da pol�cia.
"Investiga��o essa que � t�o s�ria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador de oposi��o ao nosso governo. N�o se pode pegar isoladamente uma declara��o de ontem, ontem literalmente, e vincular a uma investiga��o que tem meses", declarou o ministro na ocasi�o.
A tentativa de a a��o da PF se tornar uma agenda positiva do governo perdeu for�a quando o pr�prio presidente Lula decidiu dobrar a aposta na briga com Moro.
"Quero ser cauteloso, vou descobrir o que aconteceu. � vis�vel que � uma arma��o do Moro", disse o presidente na quinta-feira (23).
Moro rebateu o presidente e cobrou "dec�ncia" de Lula.
A ju�za Gabriela Hardt, respons�vel por assinar os mandados de pris�o, tirou o sigilo do processo logo ap�s a fala do presidente, a pedido da PF, levando � divulga��o de mais detalhes da investiga��o policial.
J� o ministro-chefe da Secom (Secretaria de Comunica��o Social da Presid�ncia da Rep�blica), Paulo Pimenta (PT), fez cr�ticas � ju�za e sugeriu que n�o havia pedido da PF para retirar o sigilo.
"Uma ju�za retirar o sigilo de um inqu�rito sens�vel e perigoso que ainda est� em curso, sem combinar com a PF que est� no comando da investiga��o ajuda no que? Tudo isso para ajudar a narrativa de um amigo? Voc�s acham normal? N�o se indignam?", escreveu ele na sexta-feira (24), no Twitter.
O vice-presidente Geraldo Alckmin tamb�m adotou tom diferente de Lula e elogiou a a��o da PF. Em v�deo, ele classificou o planejamento do PCC como "graves planos contra a democracia brasileira".
"Parab�ns ao Minist�rio P�blico de S�o Paulo, ao Minist�rio da Justi�a e � Pol�cia Federal por esse importante trabalho. E parab�ns aos profissionais da seguran�a p�blica, policiais e agentes penitenci�rios de todo o Brasil, que dedicam as suas vidas a tornar o nosso pa�s seguro", disse Alckmin.
Lula cancelou a viagem � China por apresentar um quadro de pneumonia. A confirma��o ocorreu neste s�bado (25), ap�s nova avalia��o m�dica. O Planalto ainda n�o divulgou a nova agenda de Lula para a semana.
De acordo com a Presid�ncia, o adiamento j� foi comunicado para as autoridades chinesas com a reitera��o do desejo de marcar a visita em nova data.
Havia expectativa de Lula se apresentar como facilitador de um di�logo pela paz na Guerra da Ucr�nia durante o encontro com Xi Jinping, que estava previsto para o dia 28.
O petista ainda assinaria uma s�rie de acordos, como de coopera��o e interc�mbio em tecnologias de semicondutores, 5G, 6G e as pr�ximas gera��es de redes m�veis, intelig�ncia artificial e c�lulas fotovoltaicas (para gera��o de energia solar).
Lula iniciou tratamento com antibi�ticos ap�s passar por exames no Hospital S�rio-Liban�s em Bras�lia, na quinta-feira (23), quando foi apontado um quadro de broncopneumonia bacteriana e viral por influenza A.
O presidente j� havia adiado para o domingo (26) o embarque para a China, originalmente marcado para a manh� de s�bado (25). O novo comunicado do Planalto, por�m, fala em adiamento at� a melhora do quadro de sa�de, sem previs�o de nova data para a viagem.
"Ap�s reavalia��o no dia de hoje [s�bado] e, apesar da melhora cl�nica, o servi�o m�dico da Presid�ncia da Rep�blica recomenda o adiamento da viagem para China at� que se encerre o ciclo de transmiss�o viral", diz a nota.
O m�dico Roberto Kalil, que acompanha a sa�de de Lula, afirmou � Folha neste s�bado que n�o houve agravamento e que o adiamento da viagem ocorreu por uma quest�o de coer�ncia.
"Ele est� tomando antibi�tico na veia. Uma coisa � ficar aqui e tomar antibi�tico, outra coisa � pegar um voo de 30 horas", disse Kalil. "O presidente est� muito bem, est� evoluindo bem. Mas a equipe m�dica da Presid�ncia, a doutora Ana [Helena Germoglio] junto comigo, sugeriu, e o presidente e a [primeira-dama] Janja decidiram [adiar]."
O m�dico lembra, inclusive, que a influenza pode ser transmitida a outras pessoas. Kalil estima que Lula possa voltar a trabalhar j� na semana que vem, mas que uma viagem para a China poderia ocorrer somente daqui a aproximadamente dez dias.
