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Estado de Minas VIAGEM INTERNACIONAL

O saldo da visita de Lula � Europa em 4 pontos

O presidente brasileiro participou de uma c�pula sobre um novo pacto financeiro global para lutar contra as mudan�as clim�ticas e a pobreza


24/06/2023 12:31 - atualizado 25/06/2023 07:47
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Lula discursando na França
(foto: Ricardo Stuckert/PR)

Em quatro dias repletos de encontros oficiais, primeiro na It�lia e, a partir de quinta (22/6), na Fran�a, o presidente Lula se reuniu com l�deres de v�rios pa�ses e aproveitou para destacar os engajamentos do Brasil na �rea ambiental, o que tamb�m � uma forma de o entre Uni�o Europeia e Mercosul.

O chefe de Estado brasileiro tamb�m fez articula��es pol�ticas na Fran�a, pa�s-chave para desbloquear o processo de implementa��o desse acordo de livre com�rcio entre os dois blocos, e reiterou o posicionamento do Brasil em rela��o � guerra na Ucr�nia.

A seguir, entenda, em quatro pontos, os principais destaques da viagem de Lula � Europa.

1. Reaproxima��o com a �frica e nova governan�a global

Ap�s cumprir uma agenda “necess�ria” na It�lia, como declarou Lula em uma coletiva em Paris na manh� deste s�bado, ressaltando que h� mais de seis anos o Brasil n�o tinha rela��o com o pa�s, o que ele qualificou de “inexplic�vel”, o presidente participou de uma c�pula sobre um novo pacto financeiro global para lutar contra as mudan�as clim�ticas e a pobreza.

O evento reuniu dezenas de chefes de Estado, o que representou uma oportunidade de reaproxima��o com a �frica, na avalia��o de Lula.

A c�pula, uma iniciativa do presidente franc�s, Emmanuel Macron, teve como um dos temas centrais a reforma de institui��es internacionais como o FMI e o Banco Mundial.

“Foi muito importante pela possibilidade de ter rela��es de uma s� vez com muitos pa�ses, sobretudo africanos”, disse Lula.

Segundo ele, os pa�ses africanos est�o “muitos desejosos da volta do Brasil � �frica”, se referindo a conv�nios e investimentos brasileiros no setor de obras no continente.

“Foi uma reuni�o extraordin�ria porque fazia muito tempo que eu n�o me encontrava com muitos presidentes, alguns eu nem conhecia”, acrescentou Lula sobre o evento em que ele participou apenas no encerramento, na sexta-feira, uma mesa-redonda com v�rios chefes de Estado e de governo, coordenada por Macron.

Em Paris, Lula teve encontros com os presidentes da �frica do Sul, da Rep�blica Democr�tica do Congo, de Cuba, com o primeiro-ministro do Haiti e com o presidente da COP28 nos Emirados �rabes Unidos, al�m do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

J� o jantar oferecido pelo pr�ncipe da Ar�bia Saudita acabou sendo cancelado a pedido de Lula, mas ele nega que isso tenha ocorrido em raz�o da repercuss�o negativa do encontro.

Na pr�tica, a c�pula com o objetivo de redesenhar a arquitetura financeira mundial n�o correspondeu aos interesses do Brasil, como declarou � BBC News Brasil uma fonte diplom�tica brasileira - e o Brasil ainda espera o cumprimento da antiga promessa dos pa�ses ricos de liberar US$ 100 bilh�es por ano para os pa�ses em desenvolvimento lutarem contra as mudan�as clim�ticas.

Mas o encontro serviu como oportunidade para Lula voltar a opinar sobre a necessidade de reforma das institui��es internacionais, como FMI, Banco Mundial e ONU, para que haja uma nova governan�a global, mais representativa do mundo de hoje.

“Governan�a global se chama ONU e ela tem de estar fortalecida, n�o � mais a mesma de 1945”, afirmou Lula neste s�bado.

Para o presidente, a ONU precisa ter representatividade e for�a pol�tica para que medidas ambientais aprovadas em reuni�es internacionais possam ser efetivamente implementadas de forma global.

“Se n�o mudarmos essas institui��es, a quest�o clim�tica vira uma brincadeira”, disse Lula no encerramento da c�pula em Paris.

A diplomacia brasileira considera ainda que o encontro em Paris serviu como um “aquecimento para o G20”, que o Brasil presidir� a partir de 1° de dezembro.

2. Acordo Uni�o Europeia – Mercosul

Durante a viagem, Lula criticou repetidas vezes as novas exig�ncias na �rea ambiental impostas pelos europeus em rela��o ao acordo Uni�o Europeia.

O adendo ao tratado feito prev� san��es no caso do n�o cumprimento do Acordo clim�tico de Paris, algo que Lula classificou como “amea�as a um parceiro estrat�gico” em um discurso diante de Macron e outros l�deres pol�ticos na sexta (23/6).

Esse assunto tamb�m foi discutido com o l�der franc�s durante um almo�o no Pal�cio do Eliseu, na sexta-feira. Lula reiterou a Macron que o Brasil considera inaceit�vel o adendo que modifica o acordo aprovado em 2019.

“O almo�o com o presidente Macron foi importante porque colocamos nossa pauta em dia, ou seja, todos os problemas que t�nhamos de levantar. O mais s�rio � o acordo UE- Mercosul, no qual a Fran�a tem um papel importante e nesse momento h� um in�cio de contrariedade da Fran�a com rela��o ao acordo”, declarou Lula.

A Fran�a contesta a ratifica��o desse acordo, alegando, entre diferentes fatores, problemas de uso de pesticidas no Brasil que s�o proibidos na Europa, dumping e desequil�brios entre os direitos trabalhistas dos dois blocos.

“Eu acho normal que a Fran�a tente defender a sua agricultura, pode ser um ponto de mais dificuldade de inflex�o, mas tamb�m � normal que eles compreendam que o Brasil n�o pode abrir m�o das compras governamentais.”

“N�s precisamos da Uni�o Europeia e a UE precisa muito de n�s. � importante colocar um pouco da arrog�ncia de lado e colocar o bom senso para negociar. Isso vale para eles e para a gente”, acrescentou.

Com o presidente Macron sem maioria absoluta no parlamento ap�s a sua reelei��o, Lula aproveitou sua viagem � Fran�a para conversar com um l�der da esquerda, Jean-Luc M�lenchon, da Fran�a Insubmissa, partido que lidera uma coaliz�o de esquerda que inclui socialistas, ecologistas e comunistas no parlamento franc�s.

“N�o tenha d�vida de que n�s vamos conversar com todos os amigos que temos na Fran�a para ver se a gente consegue convencer as pessoas da import�ncia (do acordo)”, declarou.

O presidente brasileiro disse que o Mercosul ir� responder a carta adicional enviada pela UE e afirmou que isso ser� importante para “para estabelecer uma nova rodada de negocia��es” no encontro entre europeus e pa�ses latino-americanos e caribenhos (Celac) que ocorrer� em julho na B�lgica.


Lula discursa na França
(foto: Ricardo Stuckert/PR)

3. Meio ambiente

Em seus discursos na Europa, como o realizado na c�pula em Paris sobre um novo pacto financeiro global, Lula reiterou a promessa do Brasil de acabar com o desmatamento na Amaz�nia at� 2030 e de cuidar de outros biomas nacionais, al�m de destacar o papel do Brasil no debate sobre as mudan�as clim�ticas e o fato de que o Brasil tem uma das matrizes energ�ticas mais limpas do mundo.

“No Brasil, 87% da energia � renov�vel, contra 27% no resto do mundo”, declarou Lula repetidas vezes. Ele tamb�m cobrou dos pa�ses ricos a responsabilidade por financiar a preserva��o ambiental.

Mas a maior vitrine de Lula na �rea ambiental nessa semana europeia foi provavelmente seu discurso no show “Power of Planet” nos jardins da Torre Eiffel para milhares de jovens.

O evento da ONG Global Citizens tem como curador art�stico o vocalista da banda Coldplay, Chris Martin, que apoia esse movimento que mobiliza cidad�os de todo o mundo em rela��o a temas como fim da pobreza extrema e preserva��o do planeta.

Os discursos de Lula sobre o tema tamb�m visa tranquilizar os europeus em rela��o � pol�tica nessa �rea, com o objetivo de tentar destravar o acordo de livre com�rcio entre a UE e o Mercosul.

4. Guerra na Ucr�nia

Neste s�bado, na coletiva em Paris, Lula evitou comentar a rebeli�o do grupo Wagner contra o ex�rcito russo. Apesar de ter sido questionado tr�s vezes sobre isso, Lula repetiu que n�o estava devidamente informado sobre o assunto.

A vis�o do governo brasileiro em rela��o ao conflito na Ucr�nia � diferente � dos europeus: eles consideram a R�ssia um agressor que n�o pode ficar com os territ�rios invadidos e ressaltam que a Ucr�nia, que tem recebido armamentos dos americanos e europeus, tem o direito de se defender.

O conflito tamb�m foi um dos assuntos do almo�o com Macron na sexta-feira.

Nesta viagem, Lula manteve sua posi��o, que vem sendo criticada pela imprensa francesa, de que o conflito deve ser suspenso e que sejam iniciadas negocia��es de paz.

Lula declarou entender que os europeus que t�m uma guerra � sua porta tenham uma vis�o diferente. “Eles est�o no centro da guerra. Eu estou a 14 mil quil�metros de dist�ncia. Eles est�o sofrendo a consequ�ncia mais direta do conflito”, afirmou, se referindo ao aumento dos pre�os da energia no continente.

“O Macron sabe o que eu penso da Ucr�nia e eu sei o que ele pensa. Ele est� pr�ximo do campo de batalha e acho que mesmo os que defendem a guerra e que ajudam a Ucr�nia querem a paz”, declarou Lula sobre a conversa com o l�der franc�s na sexta.

“A paz s� vai acontecer quando os dois combatentes chegarem � conclus�o de que � preciso ter paz. Tem muita gente tentando encontrar um caminho para que a gente chegue a paz”, disse, acrescentando esperar que em breve esse seja tamb�m o caso dos Estados Unidos.

O Brasil participa de uma reuni�o neste final de semana convocada pela Ucr�nia em Copenhague, na Dinamarca, com os pa�ses do G7, al�m da �frica do Sul, �ndia, Turquia e provavelmente a China sobre o conflito.

Celso Amorim, assessor especial da presid�ncia, foi enviado para a cidade n�rdica.

“Sou contra a guerra, quero paz. N�s condenamos a invas�o da R�ssia, mas isso n�o signfica que vou ficar fomentando a guerra. Em algum momento os dois pa�ses v�o sentar e v�o precisar de interlocutores. O Amorim est� em Copenhague para tentar estabelecer solu��es para a paz”, concluiu Lula neste s�bado.


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