premiados no Freedom

Alguns dos premiados no Freedom, projeto que incentiva a competi��o em duplas

Carol Aguiar/Divulga��o


O crescimento constante do beach tennis tem sido utilizado tamb�m como forma de investimento. Hoje, s�o cerca de 61 arenas de beach tennis cadastradas em Belo Horizonte e regi�o, e 159 na fila para cadastrar. Teresa Coelho, atleta da Federa��o Mineira de Beach Tennis (FMBT), �, tamb�m, respons�vel pela arena Lagoa Beach, na regi�o da Pampulha.

“Eu j� jogava t�nis h� muitos anos e, em 2019, uns amigos me convidaram para jogar BT. Fomos, gostamos e j� comprei uma raquete!", conta. Mas durante a pandemia da COVID-19, com as quadras fechadas, Teresa decidiu fazer uma quadra de areia no quintal de sua casa, para n�o ter que parar os treinos. Esse foi um fator crucial para que ela deixasse de ser s� atleta e come�asse a passar seus conhecimentos para frente. 

“Depois de construir a quadra na minha casa e, com isso, come�ar a jogar com mais frequ�ncia, uma grande amiga me pediu para dar aulas a ela. Eu disse que eu sabia jogar, mas n�o sabia o suficiente para ensinar. Ela insistiu e come�amos a brincar aqui em casa. Com isso, comecei a me interessar cada vez mais. Fiz v�rios cursos de capacita��o da CBT, FMBT e CBBT e, quando assustei, j� estava cheia de alunos,” relembra. 

Com o passar do tempo e a maior populariza��o do beach tennis, o quintal da casa de Teresa j� n�o era suficiente para atender as demandas dos alunos. Assim, em parceria com o marido, Alfredo Cunha, surgia o Lagoa Beach. A arena, na regi�o da Pampulha, foi inaugurada em outubro de 2021 e marcou um novo come�o para a atleta. “O processo foi tranquilo, j� t�nhamos feito a quadra na nossa casa, o que facilitou bem. Em seis meses, j� est�vamos inaugurando, mas constantemente estamos fazendo melhorias para o melhor conforto dos alunos e frequentadores.” 

Como a maioria das arenas em BH, a Lagoa Beach funciona, al�m das aulas, com day use e aluguel de quadras. O primeiro consiste em pagar um valor - em m�dia, R$ 30 - e jogar com outros atletas durante o per�odo de tempo estabelecido durante aquele dia. Enquanto o segundo apresenta uma din�mica mais intimista. Durante o aluguel, voc� tem uma quadra dispon�vel para voc� e seus amigos durante uma hora - o valor m�dio � de 100. 

Rafael Moura, está na posição de número 164º no ranking mundial

Rafael Moura, que antes era jogador do Atl�tico e do Am�rica, trocou o campo pela areia e hoje est� na posi��o de n�mero 164� no ranking mundial

Arquivo pessoal

INTERA��O 

Tet�, como � popularmente chamada pelos companheiros de quadra, explica que tais oportunidades de jogar fazem da intera��o com outros atletas uma das maiores vantagens do beach tennis. “Costumamos falar que somos [quem frequenta o espa�o] uma fam�lia. A turma � muito boa e muito unida. A maioria dos alunos que come�aram com a gente l� em casa, continuam at� hoje! Uma rela��o de menos de dois anos, mas que parece que j� existe h� tempos.” 

J� Igor Loiola, buscando estrat�gias para o crescimento e intera��o dos atletas em BH, criou a Freedom - um projeto que incentiva a realiza��o de partidas por meio de um ranking em que os atletas jogam com diferentes duplas e em diferentes arenas parceiras para acumular pontos. Depois dos jogos, os atletas mandam os resultados dos jogos com uma foto dos participantes. H� uma premia��o trimestral para a dupla que melhor pontua no ranking ao longo do per�odo. Podem participar duplas mistas, femininas e masculinas. 

“A Freedom surgiu a partir de um grupo de atletas amadores e apaixonados por beach tennis em Belo Horizonte. Nasceu com o intuito de divulgar o esporte para mais pessoas e promover um cen�rio de evolu��o e divers�o para os participantes,” explica o idealizador. 

“Temos um grupo de whatsapp, inicialmente com 250 participantes, e todos se desafiam. Os atletas podem montar sua rotina e jogar a qualquer dia e hor�rio da semana, ou seja, de segunda a segunda e a todo momento. A ideia � que fa�am novas amizades, se divirtam ao m�ximo, tenham experi�ncias diferentes jogando em quadras variadas e evolua o n�vel atrav�s do ranking que � super competitivo,” conclui.

DUPLAS 

Para incentivar ainda mais os participantes da Freedom, Igor, com a ajuda de parceiros, realiza semestralmente torneios entre as duplas mais bem qualificadas. “Durante o semestre, cada dupla faz 18 jogos pelo ranking e as 8 duplas com maior pontua��o disputam o torneio Finals,” explica. 

Basile, que al�m de atleta e professor � vice-presidente da CBBT, destaca que a exist�ncia desses torneios amadores incentiva a competitividade dos praticantes, que ainda n�o s�o profissionais. “O torneio amador vale muito a pena porque � uma forma de voc� se testar. As pessoas gostam dessa adrenalina. A gente sempre incentiva isso nas academias. Vai jogar um torneio, percebe suas dificuldades, isso vai fazer com que voc�, mesmo que pressionado, entenda o que precisa melhorar e consiga trabalhar isso nos treinos.” 

Para al�m das quadras e torneios, empreendedores encontraram no beach tennis uma forma de alavancar o cen�rio de vendas e Luiz Andr� n�o ficou de fora. “ Quando chegava dezembro e janeiro, as aulas diminu�am muito por causa das chuvas e das f�rias. Eu tinha que criar alguma coisa que me desse renda nesses meses. Pensei em criar uma marca de roupas e acess�rios, porque as pessoas podiam comprar para elas mesmas e para dar de presente de Natal.” 

Como uma solu��o para esse problema, surgiu a BLVS - nome em homenagem ao bairro Belvedere, que hoje faz parte da vida de jogadores n�o s� de BH, mas de todo o mundo. “Nestes 10 anos, eu comecei a expor os produtos e muitos atletas me pediam para patrocinar e ajud�-los. Tive atletas por todo o Brasil, no Chile e na It�lia.” Com a internacionaliza��o da BLVS, o nome parou de ser uma refer�ncia ao bairro belo-horizontino e passou a ter outro significado. “O pessoal de fora n�o entendia o porqu� do nome e nem conseguia falar. A marca tomou uma propor��o t�o grande, que parou de ser BLVS de ‘Belvs’ e passou a ser Beach Lovers Vibration Sports - amantes da vibra��o dos esportes de areia.” 

crianças jogando Beach Tennis

As crian�as come�am cedo no esporte e, rapidamente, j� disputam torneios

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Grandes figuras representam Minas

Al�m de Basile, Minas Gerais conta com outros grandes nomes representando o estado no cen�rio nacional e internacional de Beach Tennis. Rafael Moura, ex-jogador do Atl�tico e do Am�rica, hoje � atleta profissional da modalidade e j� alcan�ou a posi��o de n�mero 164º no ranking mundial. 

“Eu conheci o beach tennis em 2013 em uma viagem � Trancoso, na Bahia. Sempre gostei de esportes com raquete, ent�o quando vi um jogo com a rede um pouco mais alta e na areia j� voltei com quatro raquetes, a rede e as fitas, para montar uma quadra em Esmeraldas. Mas eu jogava muito pouco, porque n�o morava em Belo Horizonte,” conta Rafael. 

Por�m, a verdadeira hist�ria dele com o esporte come�ou em 2021, quando era jogador do Botafogo. Morando no Rio de Janeiro, o craque descobriu que na praia em frente ao seu apartamento as multi-campe�s Joana Cortez e Flaminia Dainas davam aulas de beach tennis. “Minha esposa come�ou a praticar e a me chamar. Eu desci para a praia tamb�m e comecei a bater um pouquinho de bola e elas viram que eu tinha aptid�o para jogar.”

Em dezembro do mesmo ano, o He-man - como era chamado no mundo do futebol - ap�s conquistar o t�tulo da S�rie B, decidiu se aposentar e, a partir da�, veio o convite para se juntar �s treinadoras em torneios. “Quando eu decidi me aposentar, elas falaram ‘Rafa, voc� est� pronto para jogar o circuito, por que voc� n�o viaja com a gente?’, mas eu, super competitivo, achava que n�o estava pronto. Fiquei treinando com elas de dezembro a meados de mar�o.” Em 26 de mar�o de 2022, Rafael estreou nas competi��es profissionais quando jogou o Torneio da ITF em BH, e n�o parou mais. 

CRAQUE 

Em cinco meses, Moura conseguiu se tornar atleta de alto rendimento de beach tennis e relaciona essa rapidez ao fato de j� ter sido profissional em outro esporte. “O fato de ter vindo do futebol me ajudou muito a ter no��o do tamanho da quadra, da movimenta��o na areia e da impuls�o do corpo. Eu tamb�m tenho um terceiro amor: o t�nis. Ter no��o de rede e raquete tamb�m contribuiu para eu me tornar profissional muito r�pido. Mas acho que o que mais faz diferen�a � a mentalidade que voc� tem quando possui experi�ncia em outro esporte de alto rendimento profissional. Voc� consegue entender por qual momento seu oponente est� passando dentro do jogo.” 

Entretanto, ele deixa bem claro que o futebol e o beach tennis t�m diferen�as. “O que mais pesa na parte do jogo � a quest�o emocional. No futebol, eu tive longos anos de prepara��o nas categorias de base, ent�o tinha total dom�nio dos fundamentos dentro de campo. No beach tennis, meu treinamento � recente, ent�o sinto que me falta a parte t�cnica e a confian�a em alguns fundamentos,” explica.

“Mas na parte de muscula��o, o beach exige um treino globalizado. Em um terreno inst�vel como � a areia, � necess�rio fortalecer todas as partes do corpo. A quest�o de ficar mais lateralizado e trabalhar o impulso em movimento tamb�m � importante, porque no futebol voc� pula parado e no beach tennis � tudo com movimenta��o. Hoje, treino muito mais os membros superiores, enquanto antes, treinava as pernas, j� que n�o usava os bra�os para nada.” 

Hoje, al�m de atleta, Rafael Moura �, tamb�m, coordenador e treinador da equipe juvenil de beach tennis da Federa��o Mineira de T�nis (FMT). “N�s temos o sub-14 e o sub-18, porque s�o as categorias da Copa das Confedera��es - que acontece em novembro. Temos uma turminha muito bacana n�o s� de Belo Horizonte, mas de todo o estado. O beach tennis pode ser um esporte de alto rendimento at� mesmo para as crian�as.” 

Esse trabalho � ainda mais especial para Rafael, que tem a oportunidade de treinar as filhas Luma, de 16 anos, e Nina, de 15. “Eu, pai esportista, sempre quis que elas fizessem de tudo. Elas jogam basquete e t�nis. No beach, elas mesmo que se interessaram e pediram para jogar. Elas t�m o pr�prio treinador, mas quando s�o convocadas pela federa��o, eu acabo treinando elas. Elas n�o gostam muito, porque o pai cobra demais. Mas as meninas s�o um grande exemplo e inspira��o, elas j� t�m t�tulos expressivos e as colegas ficam curiosas para saber o que elas fazem para conseguir.” 

OUTRO RITMO 

Para al�m da federa��o, ele atribui ao esporte, em si, essa maior aproxima��o da fam�lia, ap�s anos distante devido ao futebol. “O beach tennis � um esporte muito leve e isso nos aproximou. J� joguei alguns torneios amadores com minhas filhas, como o Follow the Beach, em Copacabana. Isso s� facilitou a minha escolha pela aposentadoria para curtir minha fam�lia. O futebol desgasta muito, voc� abdica de muita coisa. Com o beach tennis � completamente diferente, eu viajo, mas nem se compara ao ritmo do futebol.” 

Al�m de servir como uma excelente atividade f�sica, j� que movimenta todo o corpo e proporciona um alto gasto cal�rico, o beach tennis pode ser considerado um auxiliar da sa�de mental. Rafael Moura destaca que o esporte de areia foi essencial na sua recupera��o de um dos momentos mais dif�ceis de sua vida: a perda da m�e, Junia Moura, aos 54 anos. “Eu sempre gosto de falar que o beach tennis salvou a minha mente. Eu estava num quadro de depress�o e ele me deu uma leveza muito grande, me deu prazer em poder viver, o prazer de poder conviver com outras pessoas, tudo de uma maneira muito gostosa. Sei que ele ajudou muitas pessoas, al�m de mim, na quest�o da autoestima, de n�o conseguir praticar esportes. Com toda certeza, a pr�tica traz melhorias para todos que jogam.” 

* Estagi�ria sob supervis�o da editora Ellen Cristie.