
A Fifa anunciou ontem a suspens�o definitiva de Ricardo Teixeira do futebol. Presidente da CBF entre 1989 e 2012 e ex-membro do antigo Comit� Executivo da entidade que rege o futebol mundial, o ex-dirigente foi banido por decis�o do Comit� de �tica, que chegou � conclus�o de que o brasileiro cometeu o crime de corrup��o em suas a��es no esporte entre 2006 e 2012. De acordo com a Fifa, Teixeira esteve envolvido em “esquemas de suborno” nesse per�odo, quando teve rela��o direta com as negocia��es da CBF, Conmebol e Concacaf com empresas de marketing esportivo. A maioria dos contratos se referia � venda de direitos de transmiss�o das competi��es organizadas por essas entidades.
O Comit� de �tica, em suas investiga��es, concluiu que o ex-dirigente de 72 anos infringiu o artigo 27 do C�digo de �tica da Fifa, ao receber propina. E, como consequ�ncia, foi punido com o banimento definitivo do futebol. Assim, Teixeira n�o pode exercer qualquer atividade relacionada ao esporte, tanto em n�vel nacional quanto em internacional.
Al�m disso, o ex-presidente da CBF foi multado em 1 milh�o de francos su��os (R$ 4,2 milh�es). “O Sr. Teixeira foi notificado sobre esta decis�o hoje [sexta], data em que teve in�cio o seu banimento”, informou a Fifa em comunicado oficial.
"O Comit� conclui que o Sr. Teixeira sistematicamente/ repetidamente aceitou ofertas e promessas de seguidos subornos no valor aproximado de US$ 7,7 milh�es"
Trecho do comunicado oficial da Fifa
Em sua decis�o, a entidade citou material investigado pelo Departamento de Justi�a dos Estados Unidos, que veio � tona em maio de 2015 e causou seguidas den�ncias e pris�es de cartolas do futebol mundial, principalmente da Am�rica do Sul. O Comit� de �tica citou tamb�m as suspeitas de corrup��o na organiza��o da Copa do Mundo de 2014. Teixeira, antes de deixar a CBF, era presidente do Comit� Organizador Local (COL) daquele Mundial.
Mas a puni��o aplicada pela Fifa est� mais relacionada ao recebimento de propina em contratos envolvendo a Copa Libertadores, a Copa Am�rica e a Copa do Brasil. “O Comit� conclui que o Sr. Teixeira sistematicamente/repetidamente aceitou ofertas e promessas de seguidos subornos no valor aproximado de US$ 7,7 milh�es (cerca de R$ 32,6 milh�es)”, explica a Fifa, em sua decis�o final.
Mais especificamente, seu Comit� de �tica aponta que o ex-presidente da CBF recebeu US$ 600 mil por ano entre 2006 e 2012 em contratos ligados � Libertadores. No caso da Copa Am�rica, “h� igualmente evid�ncia suficiente na conex�o de que o Sr. Teixeira aceitou o pagamento de US$ 1 milh�o por ter assinado o contrato entre a Conmebol e a [empresa 4], em 2010”, diz a Fifa, sem revelar o nome da companhia citada.
“Por fim, tamb�m para o caso da Copa do Brasil, h� evid�ncias suficientes, na vis�o da c�mara julgadora, de que o Sr. Teixeira aceitou receber os pagamentos de R$ 2 milh�es por ano, compartilhados com outros dois funcion�rios (Marin e Del Nero)”, afirma a entidade, ao citar Jos� Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Ambos sucederam a Teixeira na presid�ncia da CBF. Esta suposta divis�o de propinas teria dura��o estabelecida entre 2012 e 2022, totalizando R$ 10 milh�es.
"Ele nunca recebeu propinas ou se envolveu em ato de corrup��o. As acusa��es n�o s�o nada mais que suposi��es criadas por aqueles (...) que queriam prejudic�-lo"
Trecho da defesa de Ricardo Teixeira
Defesa
O advogado Michel Assef Filho, que fez a defesa de Teixeira junto � Fifa, criticou a decis�o e indicou que vai recorrer junto � Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em ingl�s). “Esse resultado no �mbito da Fifa era previs�vel, por ter havido cerceamento de defesa. Estou certo de que o Tribunal de Justi�a Su��o reformar� a decis�o para absolv�-lo”, declarou. Teixeira pode recorrer � CAS em um per�odo de at� 21 dias ap�s a decis�o anunciada nesta sexta.
Diante do Comit� de �tica da Fifa, o advogado negou todas as acusa��es que pesam contra o ex-presidente da CBF e afirmou que n�o h� provas ou evid�ncias contra o seu cliente. Segundo a defesa, a entidade que rege o futebol mundial apenas se apropriou das conclus�es dos procuradores dos Estados Unidos.
“Ele nunca recebeu propinas ou se envolveu em ato de corrup��o. As acusa��es n�o s�o nada mais que suposi��es criadas por aqueles, que politicamente, tinham um interesse na posi��o do Sr. Teixeira ou por pessoas que queriam prejudic�-lo”, relatou a defesa, em documento disponibilizado pela Fifa.
A defesa ainda contestou a veracidade e a legitimidade das evid�ncias apresentadas pela Justi�a dos EUA e alegou que a Fifa n�o tem jurisdi��o no caso porque os fatos alegados pela entidade n�o teriam sido praticados por Teixeira exercendo alguma fun��o na Fifa ou aconteceram ap�s 2012, quando ele j� havia renunciado aos seus cargos no futebol brasileiro e internacional.
Teixeira foi presidente da CBF entre 1989 e 2012. A carreira como dirigente come�ou gra�as � proximidade com Jo�o Havelange, ex-presidente da Fifa e da pr�pria CBF, seu ex-sogro. A sa�da do comando da entidade que presidiu por 23 anos se deu ap�s ter o nome envolvido em diversas den�ncias de corrup��o. O substituto dele no cargo foi um dos seus antigos vices, Jos� Maria Marin. Desde ent�o, o ex-dirigente mora nos Estados Unidos.
Ele tamb�m foi integrante do Comit� Executivo da Conmebol, que organiza o futebol sul-americano, e da Fifa. Hoje desintegrado, o Comit� Executivo da entidade m�xima do futebol mundial era o principal �rg�o de gest�o da Fifa na �poca.
