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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Psic�logo esportivo: casos de depress�o entre atletas dispararam em 20 anos

Matheusinho, ex-Am�rica, � mais um jogador brasileiro a sofrer com a doen�a; veja outros casos


19/10/2021 15:13

Matheusinho, Ronaldo Fenômeno, Thiago Ribeiro e Cicinho
Matheusinho, Ronaldo Fen�meno, Thiago Ribeiro e Cicinho foram v�timas da mesma doen�a (foto: Imagens de divulga��o de Am�rica, Corinthians, Santos e S�o Paulo )

Tema tabu h� muito tempo entre atletas de alto rendimento, a depress�o aos poucos vem sendo externada com mais frequ�ncia por aqueles que a sofrem. Foi o caso do meio-campista Matheusinho, ex-jogador do Am�rica. Nessa segunda-feira (18), o jovem de 23 anos publicou em suas redes sociais uma mensagem relatando o momento mais desafiador de sua vida. Mas o ex-Coelho n�o � caso isolado nesse cen�rio. Nos �ltimos anos, tem aumentado o n�mero de profissionais que revelam a luta contra quest�es de sa�de mental. 


Como Matheusinho, outros grandes nomes do futebol brasileiro passaram pelo mesmo problema de sa�de e tornaram p�blica sua luta contra a depress�o. Foi assim com os ex-atacantes Nilmar (ex-Internacional), Ronaldo Fen�meno (ex-Corinthians) e Thiago Ribeiro (ex-Cruzeiro); o ex-meia Pedrinho (ex-Vasco) e o ex-lateral-direito Cicinho (ex-Atl�tico). 

At� chegar ao Santos, em julho de 2017, Nilmar ficou 14 meses sem jogar. Em 66 dias no novo clube, fez apenas duas partidas. No total, ficou apenas 39 minutos em campo. Semanas depois, ele pediu a suspens�o do contrato, alegando estar atravessando problemas psicol�gicos. 

A doen�a tamb�m foi o grande advers�rio de Thiago Ribeiro. O atacante foi diagnosticado com depress�o em 2013, na primeira passagem pelo Santos. Por nove meses, fez tratamento com antidepressivos, mas de nada adiantou. Perdeu concentra��o, reflexos, sono e apetite.

"Voc� sente uma tristeza, parece que nada te deixa feliz, nada te deixa animado. Tem gente que pensa que isso � frescura, que � coisa da cabe�a da pessoa. Mas quem passa sabe que n�o �. Em duas semanas eu perdi sete quilos", relatou o ex-atacante do Cruzeiro. 

Essa situa��o tamb�m aconteceu com Ronaldo Fen�meno, ex-atacante da Sele��o Brasileira, entre 1999 e 2002. � �poca, o mundo acompanhou a luta do craque para voltar ao futebol, sem imaginar que, al�m das dores no joelho, ele convivia com a depress�o. 

"Era muito dif�cil a incerteza, porque era uma les�o sem procedentes. Ent�o, a gente n�o tinha refer�ncia de como fazer o tratamento, e essa incerteza diariamente era terr�vel. Mas a� voc� vai vendo a evolu��o do seu quadro, e isso vai te dando esperan�a. Eu acho que voc� tem que se apegar �s coisas positivas da recupera��o, manter o foco", disse Ronaldo ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo , em 2017. 

O caso de Pedrinho foi bem parecido com o do Fen�meno. O ex-meia passou por tr�s cirurgias no joelho ao longo da carreira. Foram quase tr�s anos no departamento m�dico. Ele revelou que, no auge da doen�a, chegou a tomar 12 comprimidos por dia. Para piorar, havia tamb�m a cobran�a e a press�o de alguns torcedores e dirigentes, que sugeriam que ele n�o jogava por falta de vontade. 

"Voc� ter que provar honestidade � muito ruim, n�? Tem que ficar provando que est� machucado, que aquilo � real, que est� com depress�o. � dif�cil ter cabe�a para conviver com essa situa��o. S� que � assim, � o pre�o que a gente paga", desabafou.

Com Cicinho, a situa��o foi diferente. Rapidamente, o jogador, que se destacou com o Atl�tico em 2002,  virou 'gal�ctico' do Real Madrid. No melhor momento da carreira, mergulhou num grande vazio. Ent�o, trocou o futebol pelas festas. Perdeu contratos e voltou ao Brasil, onde encarou a dura realidade. Ainda no S�o Paulo, foi diagnosticado como alco�latra.  

Trabalho psicol�gico

Na vis�o do psic�logo Jo�o Ricardo Cozac, presidente da Associa��o Paulista da Psicologia do Esporte, todos os atletas devem ser monitorados de perto pelos profissionais dos clubes em que atuam. Devido � intensa exposi��o no mundo do futebol, esses jogadores precisam ter uma estrutura psicol�gica e emocional bem desenvolvida para dar conta das exig�ncias do meio.
 
"O futebol tem uma vitrine, uma demanda social muito elevada diante de outras modalidades de esporte. O futebol atrai muita paix�o e expectativa, e os atletas precisam ter uma estrutura psicol�gica emocional bem desenvolvida para dar conta de todas essas exig�ncias", declarou ao Superesportes . 

Cozac conta que os casos de depress�o no esporte aumentaram muito, principalmente nas �ltimas duas d�cadas. Os principais causadores da depress�o, segundo ele, passam por mudan�as bruscas na rotina dos atletas. 

"De 20 anos para c�, aumentaram demais os casos de depress�o no futebol, muitas vezes por conta de mudan�as de pa�ses. Os jogadores v�o morar muito distantes, t�m problemas de ambienta��o com clima, idioma, parte alimentar, e n�o conseguem ficar longe de seus familiares do Brasil. Esses jogadores come�am a desenvolver quadros de melancolia e tristeza. E, n�o raro, esses casos acabam evoluindo para um quadro depressivo mais agudo e delicado", pontuou.

"Os clubes devem estar mais atentos a esses sinais que n�o deixam de ser uma quest�o de sa�de p�blica e de responsabilidade social e institucional das organiza��es", concluiu.  

Drama familiar

Em contato com o Superesportes ,  o empres�rio de Matheusinho revelou que o ex-jogador do Am�rica passa por situa��o semelhante � descrita por Jo�o Ricardo Cozac . Ele vive um 'drama familiar' desde setembro do ano passado, quando foi vendido pelo Coelho ao Beitar Jerusal�m, de Israel - clube detentor de seus direitos econ�micos. No pa�s do Oriente M�dio, o meia vive longe da fam�lia, que est� no Brasil. 
 
"De 20 anos para c�, aumentaram demais os casos de depress�o no futebol, muitas vezes por conta de mudan�as de pa�ses. Os jogadores v�o morar muito distantes, t�m problemas de ambienta��o com clima, idioma, parte alimentar, e n�o conseguem ficar longe de seus familiares do Brasil. Esses jogadores come�am a desenvolver quadros de melancolia e tristeza. E, n�o raro, esses casos acabam evoluindo para um quadro depressivo mais agudo e delicado", pontuou.

"Os clubes devem estar mais atentos a esses sinais que n�o deixam de ser uma quest�o de sa�de p�blica e de responsabilidade social e institucional das organiza��es", concluiu.  


Monitoramento

Cozac destaca que � muito importante que o psic�logo esteja presente nos trabalhos realizados pelos jogadores nos centro de treinamentos dos clubes. O monitoramento deve ser feito com muita precis�o. Ao menor sinal de mudan�a na sa�de mental, os profissionais devem interferir.   

"� muito importante que o psic�logo frequente treinos, tenha acesso ao vesti�rio e concentra��o para estar junto dos atletas, assim como os demais profissionais. A gente trabalha tamb�m com tecnologias chamadas biofeedback e neurofeedback, que s�o aparelhos que usamos para ensinar os atletas a reduzir um pouco os sinais de ansiedade. Outros s�o usados para melhorar concentra��o, foco, aten��o e a tomada de decis�o", explicou. 

"De posse das informa��es, do contato do dia-a-dia no trabalho da comiss�o t�cnica, a gente tamb�m faz o trabalho de motiva��o, que pode ser atrav�s de din�micas de grupo ou palestras associadas �s necessidades da equipe", finalizou Cozac.

Entre os times mineiros, Am�rica e Atl�tico n�o possuem um psic�logo ligado � estrutura das equipes profissionais. O Cruzeiro n�o respondeu os contatos feitos pela reportagem. Normalmente, os profissionais que cuidam da sa�de mental dos atletas s�o mais atuantes nas categorias de base dos clubes, durante a forma��o dos atletas.

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