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Estado de Minas TURISMO

'Estrada real' do com�rcio no Brasil Col�nia � revitalizada

Roteiro que abastecia a corte portuguesa no Rio de Janeiro com produtos de Minas Gerais � redescoberto e revitalizado aos 210 anos


03/05/2022 04:00 - atualizado 03/05/2022 08:19

São João del-Rei
S�o Jo�o del-Rei � o ponto de partida do trajeto a partir de Minas Gerais. Autoridades se mobilizam para oficializar o roteiro e treinar guias (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 21/10/14)

A esperan�a trazida pela pandemia, enfim, em um n�vel de controle, com retomada do turismo e an�ncio de novos projetos para dinamizar o setor devastado no per�odo mais restritivo da crise sanit�ria, leva � redescoberta de rotas de grande import�ncia cultural e hist�rica em Minas. Entre elas est� o Caminho do Com�rcio, que completa 210 anos e nasceu para facilitar a liga��o das Gerais com o Rio de Janeiro e permitir, de forma mais r�pida e econ�mica, o abastecimento da corte.

A chegada da fam�lia real portuguesa ao Brasil, em 1808, tendo � frente dom Jo�o VI (1767-1826), fez aumentar consideravelmente a popula��o do Rio. Assim, em 14 de novembro de 1811, a Real Junta do Commercio, Agricultura, Fabricas e Navega��o do Estado do Brazil e seus Dom�nios Ultramarinos, �rg�o integrante da administra��o joanina, determinou a abertura do Caminho do Com�rcio. Agora, no s�culo 21, o trajeto ser� reestruturado e dever� ganhar sinaliza��o em pontos espec�ficos para orientar os viajantes.

A import�ncia da antiga rota de abastecimento da corte portuguesa e novo itiner�rio cultural, com suas imensas possibilidades e atrativos, despertou a aten��o dos historiadores Marcos Paulo de Souza Miranda – autor de v�rios livros, a exemplo do rec�m-lan�ado “Introdu��o ao direito do patrim�nio cultural brasileiro” – e Rodrigo Magalh�es, que pesquisam o percurso h� mais de 10 anos. No fim do ano passado, em Bom Jardim de Minas, no Sul do estado, quando houve a comemora��o dos 210 anos de cria��o do Caminho do Com�rcio, eles lan�aram “Estudos hist�ricos sobre o Caminho do Com�rcio – Edi��o comemorativa da rota”, obra que pode nortear os interessados em seguir viagem.

Segundo os autores, o Caminho Novo da Estrada Real, aberto no in�cio do s�culo 18 por Garcia Rodrigues Paes (sertanista, falecido em 1738), era muito longo e n�o conectava o Rio de Janeiro diretamente com a principal �rea de produ��o de alimentos de Minas Gerais – regi�es Sul e Campo das Vertentes –, tornando-se obsoleto e inadequado no in�cio do s�culo 19. 

“A situa��o motivou a cria��o do Caminho do Com�rcio, ent�o muito mais curto e econ�mico, pois os impostos cobrados na divisa entre as capitanias eram mais baixos”, explica Souza Miranda, tamb�m promotor de Justi�a e integrante do Instituto Hist�rico e Geogr�fico de Minas Gerais.

Alimentos e ferramentas


Conforme as pesquisas de Souza Miranda e Magalh�es, pelo roteiro, conclu�do em 1816, os tropeiros partiam da Comarca do Rio das Mortes, cuja sede era em S�o Jo�o del-Rei, no Campo das Vertentes, mas abrangia vasta extens�o de Minas, conduzindo bois, porcos, toucinho, galinhas e queijos. Na volta do Rio de Janeiro, traziam sal, azeite, vinho, vinagre, bacalhau, lampi�es, ferramentas e vidros. “Os registros hist�ricos demonstram, ainda, que grandes quantidades de escravizados eram transportados do litoral em dire��o �s fazendas mineiras para o abastecimento de m�o de obra”, explica Souza Miranda.

Ao longo do trecho, o viajante vai notar que h� cidades, distritos e outras localidades muito pr�ximos uns dos outros. A raz�o est� no passado. A cada tr�s l�guas, aproximadamente, existiam ranchos r�sticos rodeados de estruturas singelas que permitiam o pernoite dos viajantes, sempre contando com uma bica de �gua limpa, estruturas de pedra para fogueiras e �rvores, tais como a arauc�ria, em suas proximidades, cujos galhos secos funcionavam como lenha de f�cil combust�o, essencial para minorar o frio nas serras e nos grot�es da regi�o da Mantiqueira.

Do in�cio ao fim do caminho, s�o 280 quil�metros. Com in�cio na localidade de Nossa Senhora da Piedade do Igua�u (atual distrito de Nova Igua�u-RJ), o Caminho do Com�rcio cortava a �rea hoje denominada Reserva Biol�gica Federal do Tingu�, subia as serras, passava pelo porto de Ub� (atual Andrade Pinto, distrito de Vassouras-RJ), seguia em dire��o a Valen�a, tamb�m no territ�rio fluminense, e depois passava pelos antigos arraiais mineiros de Rio Preto (regi�o de Varejas e Funil), Bom Jardim (passando por Tabo�o), Turvo (atual Andrel�ndia), Madre de Deus, S�o Miguel do Cajuru, Rio das Mortes Pequeno e, finalmente, a Vila de S�o Jo�o del-Rei.

Caminho do Comércio


Caminho do Com�rcio


Em Minas...

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de Minas
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Ranchos rústicos
Ranchos r�sticos para pernoite dos tropeiros que viajavam em comitiva eram uma das marcas do caminho ligando Minas ao Rio (foto: ESTUDOS HIST�RICOS SOBRE O CAMINHO DO COM�RCIO/DIVULGA��O )


Marcas de cientistas e atrativos mapeados


Al�m de comerciantes, muitos cientistas estrangeiros, conforme pesquisas, percorreram o trajeto durante o s�culo 19. Entre eles o franc�s Auguste de Saint-Hilaire (1819), os ingleses Robert Walsh (1829) e Charles James Fox Bunbury (1835) e o alem�o Ernst Hasenclever (1839). “Todos deixaram registros importantes sobre o caminho. Muitos vest�gios e alguns trechos originais do Caminho do Com�rcio ainda existem e est�o sendo mapeados por um grupo de pesquisadores que atua na regi�o do Alto Rio Grande, em Minas Gerais”, adianta Souza Miranda.

Quem percorrer o trajeto ter� � disposi��o atrativos culturais e paisag�sticos, al�m de v�rios locais para a pr�tica do turismo ecol�gico e cultural. Est�o � espera dos visitantes as ru�nas centen�rias de Igua�u Velho, a natureza exuberante da Serra do Tingu� e as fazendas coloniais da regi�o de Valen�a e Vassouras, no Rio de Janeiro. Em Minas, as cachoeiras e paisagens serranas entre Rio Preto e Bom Jardim, incluindo a famosa gruta do Funil, a arquitetura colonial, os s�tios arqueol�gicos, os doces, o queijo e a cacha�a de qualidade produzidos na regi�o de Andrel�ndia, as fazendas e igrejas centen�rias, as serras e as tradi��es folcl�ricas da regi�o de Madre de Deus de Minas, a capela de S�o Miguel do Cajuru, com pinturas art�sticas do renomado pintor Jos� Joaquim da Natividade...

Em Minas, tem mais pra ver: as ru�nas da antiga Capela do Rio das Mortes, onde foi batizada Nh� Chica, considerada milagrosa; a imponente arquitetura tricenten�ria de S�o Jo�o del-Rei, entre outros pontos. O livro traz, no final, o Passaporte do Caminho do Com�rcio, para que os viajantes possam colecionar carimbos dos munic�pios por onde passam.

E h� novidades: em Rio Preto, na Zona da Mata, o passaporte do viajante j� est� sendo carimbado inicialmente na rodovi�ria, localizada na Pra�a Bar�o de Santa Clara, no Centro da cidade. Enquanto isso, a Prefeitura de Nova Igua�u (RJ) instala oito totens de sinaliza��o na Estrada Real do Com�rcio.

Gest�o


Segundo o secret�rio Municipal de Esportes, Lazer e Turismo de Bom Jardim de Minas, Ademir Aparecido Rodrigues, o caminho ser� reestruturado. “Precisamos nos reunir com todos os gestores dos munic�pios, de Minas e do estado do Rio de Janeiro, para tra�ar os pr�ximos passos e organizar o roteiro nas estradas que s�o de terra, bem como o treinamento de guias. Por enquanto, n�o � aconselh�vel percorrer o Caminho do Com�rcio sem guia”, diz o secret�rio. Quando estiver estruturado, destaca Ademir, o roteiro vai dinamizar o turismo e criar oportunidades para a popula��o.


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