
Paraty (RJ) – A comunh�o harmoniosa de mata atl�ntica, patrim�nio cultural e �guas oce�nicas faz de Paraty muito mais do que “um lugar gostoso de passear”, como diz mineiramente. Na cidade fundada no s�culo 17 e um dos polos da Estrada Real – chamada nestes lados de Caminho do Ouro, por onde eram transportadas, nos tempos coloniais, as riquezas minerais das Gerais para a corte portuguesa –, a hist�ria em meio � natureza exuberante conduz o visitante, lentamente, � descoberta de praias, trilhas, ruas de pedra, recantos para descansar e personagens que tornam a cidade sempre apaixonante.
Para quem est� de viagem marcada, � bom saber da boa atra��o no pr�ximo fim de semana: o festival de jazz (Bourbon Festival Paraty), de 20 a 22, com shows gr�tis ao ar livre. J� a partir de 27 de maio at� 5 de junho, tem a Festa do Divino Esp�rito Santo, unindo moradores das regi�es rural e costeira em prociss�es e outras celebra��es. “O outono, principalmente em maio e junho, com o tempo mais seco, � uma �poca excelente para visitar a cidade, ainda mais com tantas atra��es”, diz a guia de turismo Sibele Wizentier, paulista residente h� 29 anos no munic�pio.

Reconhecida como patrim�nio mundial, em 2019, pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco) na categoria s�tio misto, que inclui o Centro Hist�rico e a reserva de mata atl�ntica da regi�o da Ba�a da Ilha Grande, a cidade do litoral fluminense tem estilo “passeio completo”: oferece calma para quem precisa “dar uma parada”, com passeios de barco e banhos de cachoeira para mandar o estresse para bem longe; cultura, com a visita a pr�dios centen�rios bem preservados; comida boa nos restaurantes; e um pouco de gandaia, j� que Paraty, que se tornou sin�nimo de aguardente, sempre foi lugar famoso pelos seus alambiques. Tem at� a can��o famosa “Camisa listrada”, de Assis Valente, com o verso: “Em vez de tomar ch� com torrada, ele bebeu parati...” Em 2017, Paraty recebeu, tamb�m da Unesco, o t�tulo de Cidade Criativa pela gastronomia, em fun��o da cadeia produtiva nesse setor.
TERRA E MAR

Quando algu�m elogia a beleza da regi�o na qual as matas se debru�am sobre o mar, Diuner agradece e explica que, no dia a dia, os habitantes nem se d�o muito conta do patrim�nio admirado por brasileiros e estrangeiros. “Um turista franc�s uma vez me falou assim: ‘A gente, aqui, est� dentro da �gua e com uma �rvore sobre a cabe�a’. Achei interessante a forma como veem nossa regi�o”, diz o homem nascido e criado no Centro Hist�rico.
As cidades litor�neas t�m seus encantos, caracter�sticas e muitos mist�rios. Quem caminha pelo Centro Hist�rico, fechado com correntes para impedir o tr�nsito de ve�culos, vai ver algumas partes do cal�amento alagadas pelo mar. A culpa � da mar� alta. “Se � lua cheia, sobe mais; na lua nova, menos. Somos um povo lun�tico”, brinca o historiador. Diuner conta que o cal�amento de Paraty se assemelha ao da cidade de Tomar, em Portugal pelo centro da rua rebaixado, uso de pedras retangulares e inclina��o nas laterais. “No Centro Hist�rico, as ruas horizontais se ligam aos rios, enquanto as verticais, ao mar”, conta, lamentando que, ao longo dos anos, Paraty perdeu muitos casar�es – “eram mais de 200, hoje s�o 30”.
RUMO A TRINDADE

As praias urbanas n�o s�o convidativas por estarem localizadas no fundo da ba�a, com muito lodo pegando no p� do banhista, mas, dependendo da necessidade, resolvem a vida de quem n�o pode ir muito longe. A dica dos conhecedores � Trindade, onde h� v�rias praias, distante 30 quil�metros do trevo da cidade e localizada dentro da �rea de Prote��o Ambiental do Cairu�u e do Parque Nacional da Serra da Bocaina.
Para chegar a Trindade, o indicado � ir de carro. O estilo � r�stico, com op��es de hospedagem, compras de artesanato e gastronomia. Tem divers�o para todo mundo, conforme a dica da guia Sibele: Praia do Cepilho, com onda boa para os surfistas; Praia dos Ranchos, oferecendo quiosques; e a Praia do Meio, de onde o turista pode seguir caminhando por um trilha ou pegar um barco at� a Piscina do Cachada�o, considerada um pequeno peda�o do para�so.
HiST�RIA E ARTE
Paraty � assim: azul do mar, verde das matas e as cores que v�o tingindo as ruas dependendo do olhar. Ou do estado de esp�rito – imposs�vel n�o ficar em alto-astral. Tem o vermelho das janelas de um sobrado, o verde de um port�o, o tom do tempo nos telhados, o dourado da luz de outono infiltrado nas �rvores.
Com tantos atrativos, nada como mergulhar na hist�ria. A cidade foi fundada em 1667, em torno da Igreja Nossa Senhora dos Rem�dios, padroeira local. No s�culo 18, destacou-se como importante porto por onde embarcavam, para Portugal, o ouro e as pedras preciosas de Minas. Mais tarde, a abertura do Caminho Novo da Estrada Real, desembocando diretamente no Rio de Janeiro, levou a cidade a um isolamento econ�mico.

Com o tempo, o turismo cresceu e apareceu. Ap�s a abertura da Estrada Paraty-Cunha (SP), e, principalmente, com a constru��o da rodovia Rio (RJ)-Santos (SP) na d�cada de 1970, Paraty se tornou polo de turismo nacional e internacional, devido ao seu bom estado de conserva��o e gra�as �s belezas naturais.
Na regi�o, encontram-se o Parque Nacional da Serra da Bocaina, a �rea de Prote��o Ambiental do Cairu�u, onde fica Trindade, a Reserva da Joatinga, e ainda o limite com o Parque Estadual da Serra do Mar.
Para todos
os gostos
1) Ainda d� tempo
20, 21 e 22 de maio
Bourbon Festival Paraty 2022, com shows gr�tis ao ar livre
2) Vai com calma
De 27 de maio a 5 de junho
Festa do Divino Esp�rito Santo, com muitas tradi��es das regi�es rural e costeira
3) Para programar
De 23 a 27 de novembro
20ª Festa Liter�ria Internacional de Paraty (Flip)
Passeios em
tr�s dimens�es
No Centro Hist�rico
Conhe�a mais sobre a cidade com a visita guiada em portugu�s e outros idiomas. A Associa��o de Guias de Turismo e Turism�logos de Paraty (Piratii) oferece sa�das di�rias �s 9h30 e �s 16h30. Caminhada aproximadamente de 1h30min, a R$ 35 por pessoa. O ponto de encontro � na Pra�a do Chafariz. Mais informa��es: piratiiturismo.blogspot.com ou instagram.com/paratywalkingtours
N�o deixe de visitar a Igreja Nossa Senhora dos Rem�dios, protetora de Paraty, tirar fotos diante da Igreja Nossa Senhora das Dores, � beira-mar, ir �s galerias de arte (pinturas, ceramistas e outros), curtir os bares e restaurantes e conhecer o Teatro de Bonecos, na Rua Dona Geralda.
Na mata atl�ntica
Percorrer parte do Caminho do Ouro, nome local para a Estrada Real, que tem dois quil�metros de cal�amento original. H� um passeio com quase quatro horas de dura��o, incluindo o traslado. H� op��o de transporte por jipe, passeio em cachoeiras e alambiques.
No mar
O passeio �s praias de Trindade vale a viagem. No roteiro, Praia do Cepilho, com onda boa para os surfistas; Praia dos Ranchos, oferecendo quiosques; e a Praia do Meio, de onde o turista pode seguir caminhando por um trilha ou pegar um barco at� a Piscina do Cachada�o.