(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas CORDISBURGO

Uma das mais belas grutas do mundo pertinho de BH: redescubra Maquin�

Estrela da Rota Lund, caverna onde o pai da paleontologia brasileira descobriu mais f�sseis deslumbra gente de toda parte. Visita��o vem sendo retomada


24/05/2022 04:00 - atualizado 27/05/2022 17:23

Imponência dos salões da gruta impressionou o naturalista dinamarquês, que batizou alguns deles. Hoje, iluminação artificial acentua beleza
Impon�ncia dos sal�es da gruta impressionou o naturalista dinamarqu�s, que batizou alguns deles. Hoje, ilumina��o artificial acentua beleza (foto: Mateus Parreiras/EM/D.A Press )


“Deve-se supor que a �gua come�ou por penetrar vinda das in�meras facetas desses cristais, que deslumbram a vista. Julga-se o homem transportado a um Pal�cio das Fadas. A imagina��o po�tica, a mais rica, n�o saberia criar uma t�o espl�ndida morada para seres maravilhosos; diante desta not�vel gruta, ela seria for�ada a confessar a sua impot�ncia. Meus companheiros permaneceram durante muito tempo mudos, na entrada deste templo; depois, involuntariamente, se ajoelharam e se benzeram, exclamando diversas vezes: 'Milagre! Deus � grande'. Foi-me imposs�vel dissuadi-los da ideia de que este templo deveria servir de morada a Nosso Senhor. Quanto a mim, confesso que nunca meus olhos viram nada de mais belo e magn�fico nos dom�nios da natureza e da arte.”




Cordisburgo – A descri��o acima, feita pelo pai da paleontologia brasileira, Peter Lund, em artigo do s�culo 19, d� uma dimens�o dos sentimentos que dominam aqueles que lan�am seus primeiros olhares para o Pal�cio das Fadas, uma das c�maras mais belas da Gruta do Maquin�, em Cordisburgo, munic�pio da Regi�o Central mineira, a 120 quil�metros de Belo Horizonte. A caverna est� aberta � visita��o desde 1964 e � uma das maiores atra��es da Rota das Grutas Peter Lund, circuito que integra tr�s unidades de conserva��o estaduais: o Parque Estadual do Sumidouro e os monumentos naturais Gruta do Rei do Mato e Peter Lund, onde fica a Gruta do Maquin�. A forma��o rochosa est� aberta todos os dias, mas com a pandemia do novo coronav�rus o n�mero de visitantes se reduziu, mesmo com as exig�ncias de higieniza��o, uso de m�scaras e distanciamento.

Segundo o gerente do Monumento Natural Estadual Peter Lund, M�rio L�cio de Oliveira, antes do isolamento causado pela COVID-19, eram 50 mil visitantes por ano, sendo que na retomada das visitas esse quantitativo estava na casa dos 3 mil. “Vem gente do mundo todo. E saem contentes, impressionados por ver dentro da gruta tantas forma��es de alt�ssima beleza e variedade. Os estrangeiros j� chegaram a dizer que � 'o Pel� das grutas'”, conta.

O filho mais conhecido de Cordisburgo, o escritor Jo�o Guimar�es Rosa, escreveu sobre a Gruta do Maquin� e sua import�ncia para a paleontologia: “Era s� cavar o duro ch�o, de laje branca e terra vermelha e sal, e encontrar mont�es de ossos de bichos que outros arrastavam para devorar ali, ou que massas da �gua afogaram, quebrando-os contra as rochas quando as manadas deles queriam fugir se escondendo do dil�vio”.

Riqueza e formas dos espeleotemas tecidos pela atividade da água sobre a rocha seduz visitantes
Riqueza e formas dos espeleotemas tecidos pela atividade da �gua sobre a rocha seduz visitantes (foto: Mateus Parreiras/EM/D.A Press)


Atualmente, todas as visitas s�o guiadas, o que sacia as d�vidas dos curiosos e ajuda no entendimento da import�ncia das grutas descritas e trabalhadas por Peter Lund. Maquin� � o local onde o naturalista escavou mais f�sseis, no trabalho que revolucionou a paleontologia mundial com as descobertas de ossos petrificados da megafauna. Entre seus achados, exemplares de pregui�as-gigantes e tigres-de-dentes-de-sabre, levando � conclus�o de que o homem foi contempor�neo desses animais colossais.

A imers�o no ambiente subterr�neo d� um vislumbre dos desafios que enfrentaram os exploradores do s�culo 19 at� localiz�-la, ao mesmo tempo em que traz admira��o pelas belezas que os surpreenderam enquanto avan�avam, sal�o ap�s sal�o. Passados quase 200 anos de seus primeiros estudos por Lund, hoje a caminhada pelos t�neis e galerias ocorre por trilhas iluminadas e demarcadas, que anos atr�s foram revestidas de argila para facilitar a circula��o, num total de 650 metros de ida e a mesma dist�ncia para retornar. O desn�vel de apenas 18 metros n�o exige tanto de pernas e pulm�es. O naturalista dinamarqu�s batizou v�rios dos sal�es e outros foram recebendo denomina��es mais tarde. Podem ser visitados os do Vest�bulo, Colunas, Altar ou Trono, Carneiro ou Elefante, Piscinas, Fadas e a Dr. Lund.

A gruta era parte do leito do Mar Bambu�, uma forma��o pr�-hist�rica interna do continente, que se dissipou com o movimento de placas tect�nicas. � formada por rochas de origem sedimentar, de base calc�ria do mineral calcita. Do lado externo, o estacionamento � amplo e reserva vagas para 30 carros e 11 �nibus sem custos, �rea que pode ser ampliada em caso de necessidade. Para o conforto dos visitantes h� restaurante, lanchonete, um museu, lojas e barraquinhas que comercializam produtos t�picos e lembran�as.


Vida floresce no entorno da gruta


Quem imagina uma gruta como uma sepultura rochosa e sem vida para f�sseis pr�-hist�ricos, muda de concep��o logo que chega � Gruta do Maquin�, em Cordisburgo. Da boca de pedras recoberta por �rvores de uma mata de verde vivo saem revoadas de andorinhas agrupadas, em voos coordenados e malabarismos em torno da forma��o. Dos pared�es de pedras amareladas saltam maritacas barulhentas em sua coordenada busca por frutos nos arredores. Nos sulcos dessas mesmas muralhas, aranhas, morcegos e outros animais buscam abrigo para seus ninhos. Boas-vindas dignas de uma das cavernas mais impressionantes do mundo, segundo espele�logos.

A boca de rochas tem tamb�m marcas da ocupa��o humana pr�-hist�rica, que n�o se aprofundou muito nas galerias escuras justamente pela falta de uma fonte de ilumina��o. Duas pinturas rupestres delineiam duas mulheres em cor de tintura escura, tra�adas h� mais de 3 mil anos. Esse �, inclusive, o s�mbolo do Monumento Natural Estadual Peter Lund.

J� no sal�o de entrada v�-se o pingar quase eterno da �gua, que percola dezenas de metros de rocha e traz os sais de calc�rio dissolvidos, formando com seus rastros as estalactites, que pendem do teto, as estalagmites, que se erguem do ch�o, al�m das colunas, que finalizam essa jornada com o encontro desses dois tipos de espeleotemas. Cada cent�metro leva cerca de 25 anos para ser formado.

Ainda na entrada, antes da primeira c�mara, um pequeno po�o dos desejos sugere a realiza��o dos pedidos de quem ali lan�ar uma moeda. Ao entrar no primeiro sal�o, o Vest�bulo, a ilumina��o cai drasticamente, demandando o aux�lio de l�mpadas instaladas na altura do piso, das forma��es e do teto da caverna. Mesmo assim, ainda � preciso o uso de lanternas para que a plenitude das formas petrificadas possa ser admirada.
Um dos tipos mais marcantes de Maquin� s�o os microtravertinos brancos, texturas criadas pela passagem da �gua na superf�cie da rocha, todos detalhados como se fossem filigranas entalhadas por artes�os cuidadosos. Quando secos, esses enfeites naturais brilham.

De t�o ex�ticas, as forma��es despertam a imagina��o dos visitantes, como ocorre com os observadores das formas das nuvens. De repente, uma rocha arredondada ganha aspecto de p�o franc�s, com miolo despontando da casca e tudo. Uma coluna protuberante se transmuta na boca de um jacar�, mas passando para o outro lado do corredor, o predador se torna presa e aparenta ser um boi nelore impass�vel. E assim � por todo caminho, as pedras sem vida pregam ilus�es nos olhares e viram corujas, sapos, sorvetes, carneiros... Tudo o que nossos c�rebros incr�dulos com formas t�o improv�veis conseguem aproximar de uma realidade mais conhecida.

O espa�o mais famoso � o “das novelas”, apelido do Sal�o do Altar ou do Trono, pois foi cen�rio de novelas brasileiras, de filmes e de outras produ��es art�sticas. Atravessar as galerias da gruta instiga mesmo a imagina��o para a fic��o, por ser aquele um cen�rio que por vezes transporta o visitante para uma caminhada sobre a superf�cie de um long�nquo planeta, silencioso e desprovido de vida, apenas pontilhado por pedras tortuosas e formas alien�genas. Essa sensa��o se amplia com os sais de calc�rio, que brilham como se fossem estrelas perdidas no cosmo subterr�neo.

Mas a forma��o que mais impressionou Lund � uma cascata calc�rea que confunde completamente os conceitos das pessoas que a admiram, e que fez com que o naturalista dinamarqu�s achasse se tratar da escolha mais nobre para a morada de seres fant�sticos da mitologia germ�nica e n�rdica. O Pal�cio das Fadas e as suas formas que ora parecem de cristal, ora de prata, chega mesmo a fazer imaginar os habitantes fant�sticos em seus afazeres m�gicos nas janelas esguias e pedestais de brilho branco e pureza, parecendo torres com formatos fant�sticos, algumas lembrando �guas-vivas e medusas de pedra flutuando no mar de rocha.


Cen�rio de ci�ncia e deslumbramento


O maior sal�o da Gruta do Maquin� recebeu o nome de Peter Lund. Mas n�o apenas por sua opul�ncia. Foi naquele amplo e curvo espa�o de mais de 40 metros de comprimento que o naturalista dinamarqu�s trabalhou e fez a maior parte das escava��es e descobertas de f�sseis de animais pr�-hist�ricos. O laborat�rio subterr�neo de Lund chegava a se alargar em reservat�rios de n�veis diferentes, que foram formados depois de milhares de anos por chuvas que empurravam o material calc�rio como ondas, formando piscinas naturais. Toda aquela �gua era esgotada por um sumidouro, esp�cie de ralo natural que permite a passagem da �gua por condutos sob o solo at� que brotem em outros lugares. Esse, no caso, chegou a ter 28 metros de profundidade.

O sil�ncio ali � ainda mais profundo, pois nem sequer �gua goteja em alguns dias. Um dos pared�es tem um sulco profundo, que de longe parece uma lareira aberta na pedra ocre. Hist�rias diziam que se tratava do lugar onde Peter Lund dormia dentro da caverna, o que na verdade n�o passa de lenda.

Tantas hist�rias e sequ�ncias de forma��es estonteantes imersas em um ambiente estranho ao homem provoca diversas rea��es nos visitantes. “Achei a caverna maravilhosa. Tudo muito grande. As outras grutas que conheci n�o eram t�o grandes. Se n�o fosse aberta ao p�blico e iluminada, pode ser que seria mais bonita ainda. Um lugar legal para as pessoas conhecerem, levar as fam�lias... Al�m de tudo, daqui se sai conhecendo mais sobre hist�ria e ci�ncia, por exemplo”, disse o estudante belo-horizontino Caio Barreto Caetano Fonseca, de 23 anos.

Tamb�m morador da capital mineira, o professor Marcos Giovanni Moreira, de 50, s� conhecia Maquin� por meio de fotografias e das hist�rias que outras pessoas contavam. “Um lugar onde sempre desejei ir. E a impress�o que tive correspondeu e at� superou minhas expectativas. O que mais me impressionou foram os espeleotemas de calcita pura, que s�o muito grandes, limpos e transl�cidos. Gostei dos travertinos e do tamanho dos sal�es. Tudo l� dentro � muito impressionante. E o fato de ser um local que abrigou tantos f�sseis ainda traz import�ncia hist�rica e cient�fica para as belezas naturais”, resumiu.


Servi�o
Como funciona a visita��o

» Entrada: todos os dias, das 8h30 �s 16h30
» R$ 25 (inteira)
» R$ 12,50 para estudantes e pessoas acima de 60 anos
» Crian�as de at� 5 anos s�o isentas

Na gruta:
» Grupos de no m�ximo 10 pessoas (sempre guiados)
» Cinco entradas por dia
» Hor�rios: 8h30, 10h30, 13h, 15h e 16h
» Visitas duram de 50 minutos a 1 hora
» � preciso usar m�scara e recomendado levar sapato fechado e garrafinha de �gua.
» Para todas as idades. N�o demanda preparo f�sico
» Estrutura: estacionamento para 11 �nibus e 30 carros
» Banheiros e frald�rio
» Museu, restaurante, lanchonete, lojas de lembran�as e artigos t�picos
» Endere�o: Via Alberto Ramos (MG-421), Km 5, zona rural, Cordisburgo
» Contato: (31) 3715-1078


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)