Minas Gerais � um estado com um rico e diverso patrim�nio. Al�m do modo t�pico e receptivo do mineiro, a regi�o conta com uma luxuosa arquitetura hist�rica, artes, artesanato, manifesta��es culturais e religiosas e belas paisagens naturais com cachoeiras e trilhas dispon�veis para quem quiser se aventurar, relaxar e se deliciar.

Em 2019, uma pesquisa do Instituto Datafolha apontou Minas Gerais como o melhor destino hist�rico no Brasil e melhor destino de natureza. “Minas Gerais j� � refer�ncia em turismo hist�rico e agora vem se firmando, tamb�m, como importante destino de natureza no Brasil. Al�m disso, temos uma gastronomia diferenciada, somos um estado bastante seguro, com um povo receptivo e acolhedor”, disse Marcelo Matte, secret�rio de Cultura e Turismo do estado.

Em Belo Horizonte e nos arredores da cidade, s�o v�rios os pontos de natureza acess�veis para os mais diversos tipos de aventureiros. S�o op��es gratuitas, para aqueles que est�o iniciando no ecoturismo, e pagas para aqueles que gostam de caminhadas mais pesadas, longas e com um pouco mais de adrenalina.

F�CIL ACESSO A Trilha do Bairro Buritis � um desses locais ideais para quem busca um lugar perto e gratuito. Considerada �ngreme, mas de f�cil subida (40 minutos), essa trilha d� acesso a um peda�o da Serra do Curral e tem uma vista panor�mica de toda a Regi�o Oeste de Belo Horizonte de tirar o f�lego. Para fazer entre amigos ou com a fam�lia, a trilha � de f�cil acesso e fica bem ao final da Rua Jos� Hemet�rio Andrade.

Em seus 400 mil metros quadrados de extens�o, a Serra do Curral reserva trilhas para todas as idades e condicionamentos f�sicos. Tamb�m localizada dentro de BH, ela pode ser acessada facilmente por uma das principais avenidas do Bairro Mangabeiras.

A primeira trilha dura cerca de 40 minutos, enquanto as outras t�m um tempo de percurso mais longo. Al�m disso, em algumas delas os visitantes podem caminhar sem a presen�a de guia. N�o h� cobran�a do valor de entrada e seu in�cio est� localizado na Avenida Jos� do Patroc�nio, 1.951, Mangabeiras.

Localizada a cerca de 80 quil�metros de Belo Horizonte, a Trilha da Cachoeira Grande fica dentro do distrito da Serra do Cip� e � o local ideal para quem busca se refrescar ap�s o passeio. Com acesso a um dos cart�es-postais da regi�o – a Cachoeira Grande, o caminho tem cerca de 1 quil�metro. O valor de entrada � R$ 35, o percurso tem cerca de 20 minutos e, por ficar dentro de uma propriedade privada, n�o � permitido entrar com bebida alco-  �lica, acampar ou levar animais.

Por �ltimo, mas n�o menos importante, a Cachoeira de Santo Ant�nio, em Raposos, tamb�m conhecida como Cachoeira do Morro Vermelho, � para os amantes de uma aventura mais radical e est� a cerca de 50 quil�metros da capital mineira. S�o mais 9 quil�metros at� a cachoeira, atrav�s de estrada de terra, mal sinalizada, que chega a cerca de 1 quil�metro da cachoeira, sendo poss�vel descer at� o po�o a p� ou com moto de trilha ou bicicleta.

Caminhada � sempre em grupo

J� � consenso: essas atividades nunca devem ser realizadas sozinhas. A boa not�cia � que, al�m de fazer com amigos ou fam�lia, se voc� � uma pessoa que pratica essas caminhadas com certa frequ�ncia, Minas Gerais tem muitos grupos de trilhas, que mensalmente mobilizam centenas de pessoas. Um exemplo � o Grupo Ecocultural P� no Ch�o, fundado em 1991 – sem fins lucrativos e pioneiro entre os grupos existentes do estado.

Jos� Ronaldo de Melo Franco J�nior, um dos fundadores do grupo e autor do livro “Hist�ria dos grupos de trilhas de Minas Gerais”, conta em seu livro que Belo Horizonte concentra a expressiva maioria dos grupos de trilhas existentes em todo o estado de Minas Gerais. E foi, principalmente a partir de 1950, que grupos de trilhas compostos por estudantes, trabalhadores e militares do Ex�rcito passaram a ser criados, organizados bivaques e acampamentos nas serras mineiras.

“H� uma diferen�a mastod�ntica entre caminhar de forma solit�ria, ou harmonicamente com familiares e amigos mais pr�ximos, e construir um grupo de trilhas, que envolve uma complexidade organizacional maior devido � heterogeneidade dos membros, diversidade de expectativas, necessidade de cria��o de infraestrutura para a realiza��o de eventos programados, divulga��o adequada, media��o de poss�veis conflitos, log�stica de preven��o para evitar acidentes etc.”, diz o autor.

Jessica Barbosa Maia, de 32 anos, respons�vel pela diretoria de comunica��es do P� no Ch�o, uma das participantes do grupo e idealizadora e coautora do livro “Hist�rias dos grupos de trilhas de Minas Gerais”, explica que resolveu entrar em um grupo de trilhas justamente porque queria praticar as caminhadas com mais frequ�ncia. No caso espec�fico do P� no Ch�o, as atividades s�o praticadas mensalmente, de acordo com a programa��o anual de eventos ecotur�sticos e culturais.

NATUREZA “O que me fez permanecer nesse grupo de trilhas foi o seu vi�s ecol�gico e cultural, al�m de n�o ter finalidade lucrativa. Os benef�cios s�o estar em boa forma f�sica e mental, na companhia de pessoas amigas e em contato constante com a natureza, adquirir conhecimentos nos locais visitados”, explica Jessica. Como forma de lazer, o P� no Ch�o pr�tica ecoturismo e turismo de aventura desde a sua funda��o, em maio de 1991.

O turismo de aventura, esclarece Jessica, consiste na realiza��o de pr�ticas recreativas praticadas em contato direto com a natureza, como por exemplo o trekking – caminhada de mais de um dia, sendo necess�rio passar a noite em meio � natureza, praticada em ambientes outdoor, em terrenos acidentados e de alto desn�vel, levando equipamentos para dormir em barracas, bivaques, abrigos, alojamentos ou tendas.

J� o ecoturismo tem fun��o econ�mica, social e ambiental, pois promove a forma��o de uma consci�ncia ambientalista em favor da conserva��o da natureza, bem como a gera��o de emprego, renda e melhoria da qualidade de vida nas comunidades locais visitadas (guias, transporte, culin�ria, artesanato, acomoda��es etc.), e a valoriza��o das culturas tradicionais locais atrav�s do desenvolvimento sustent�vel de regi�es ecologicamente privilegiadas e economicamente subdesenvolvidas.

* Estagi�ria sob supervis�o da editora Ellen Cristie

Trilheiros de Minas

Segundo o livro de Jos� Ronaldo e Jessica Maia, os grupos de trilhas remanescentes em Minas Gerais s�o:

• P� no Ch�o: fundado em 1991, o grupo sempre adotou o voluntariado, realiza reuni�es bimestrais, tomadas de decis�es coletivas e administra��o democr�tica, com elei��es bienais. Promove diversos eventos cont�nuos e inovadores, associando o ecoturismo, o turismo de aventura, a cultura e a preserva��o do meio ambiente.
• P� da Estrada: fundado em 1995, organiza caminhadas, acampamentos e festas. O objetivo � curtir e preservar a natureza e aproveitar um bom bate-papo e muita cerveja. Sua caminhada mais tradicional ocorre anualmente no Pico do Itacolomi, com direito a ‘butecada’ em Ouro Preto, � noite.
• BHgrinos: fundado em 1999, � o primeiro grupo de trilhas formado majoritariamente por mulheres e que tem maior experi�ncia em viagens internacionais.
• Associa��o dos Caminhantes da Estrada Real: fundado em 2003, organiza caminhadas na Estrada Real, planta �rvores nos caminhos por onde passa e foi o grupo que mais recebeu honrarias no estado.
• Centro Excursionista Mineiro: fundado em 2005, tamb�m � uma associa��o sem fins lucrativos, criada para reunir pessoas que cultivam os ideais de amizade e companheirismo na pr�tica de excursionismo e demais esportes realizados em ambiente natural, de forma n�o profissional, especialmente o montanhismo e a escalada em rocha.
• Caminhada Mineira: fundado em 2006, realiza travessias de dist�ncias maiores que exigem bom preparo f�sico do participante. Suas caminhadas s�o classificadas em cores: verde (leve), amarela (moderada) e vermelha (dif�cil).
• Andejos: fundado em 2011, � um grupo de trilhas de Santa Luzia e realiza, anualmente, entre 20 de julho e 7 de setembro, a caminhada Santa Luzia – Serra da Piedade, com acampamento na serra em uma caverna, al�m de outras travessias.
• Nice Trekking: fundado em 2013, o grupo � constitu�do por amigos aventureiros que organizam caminhadas de peregrina��o e viagens no Brasil e no exterior.
• Trilhando: fundado em 2014, tem como prop�sito conhecer os lugares e estimular as pessoas a fazerem travessias de longo curso em qualquer lugar do Brasil, bem como bate-volta e encontros. Tem um calend�rio anual com suas travessias e seus graus de dificuldade.