
Os empreendedores buscam ter otimismo com a possibilidade da plena opera��o da pista aeroportu�ria nas pr�ximas semanas em meio a relatos de dificuldades financeiras. Eles classificam o Governo de Pernambuco como negligente na condu��o quanto � pista do aeroporto.
A restri��o aos turbojatos foi determinada pela Anac (Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil) por degrada��o na pista do aeroporto, pertencente ao Governo de Pernambuco e gerida por uma empresa contratada pelo estado. Desde ent�o, a gest�o estadual deu in�cio a obras para adaptar o asfalto aos pedidos da ag�ncia.As exce��es � medida s�o opera��es de emerg�ncia m�dica ou de transporte de valores, que podem ser realizadas mediante pr�via solicita��o.
Atualmente, Fernando de Noronha recebe oito voos di�rios de ida e volta da Azul Linhas A�reas, que usa avi�es de h�lice. Antes, eram quatro com os turbojatos, que t�m maior capacidade de passageiros. A Gol n�o realiza mais opera��es para a localidade desde a restri��o.
A Folha de S.Paulo apurou que o governo estadual planeja a contrata��o de uma empresa para elaborar um parecer sobre as obras e submeter � Anac.
Para Nat�lia Ver�ssimo, propriet�ria de loja de roupas e de uma ag�ncia de passeios no arquip�lago, o cen�rio � desanimador e pode ser percebido nas ruas de de Noronha. "Piorou muito, inclusive estava falando com a gerente da loja e ela disse que estava parecendo uma cidade-fantasma, n�o entra uma pessoa na loja."
A ag�ncia de passeios comandada por ela sofreu uma onda de cancelamentos em outubro, nas semanas iniciais da restri��o. E os clientes nem sequer sinalizaram possibilidade de ida posterior a Noronha. Com isso, a organiza��o de passeios em lanchas, barcos, canoas havaianas, trilhas a p� e de carro foi comprometida.
"Houve um investimento de pessoas que se prepararam para receber turistas e agora est�o na m�o. Se continuar dessa maneira, v�o ter que se reinventar, n�o v�o se segurar por muito tempo. J� vejo pessoas se desfazendo de bens por conta de d�vidas dessa crise", afirma ela.
A empres�ria ainda avalia que a restri��o da Anac � pista do aeroporto foi correta e atribui ao poder p�blico a responsabilidade pela queda na qualidade do asfalto do local.
Em nota, a Anac diz que monitora as obras de requalifica��o da pista do aeroporto. O �rg�o pediu novas informa��es ao operador do terminal sobre o assunto e o governo estadual respondeu, ao passo que a ag�ncia reguladora solicitou informa��es complementares.
A Anac afirma tamb�m, em nota � Folha, que enviou ao Governo de Pernambuco, em 2019, alertas de falhas na pista de pouso, mas que a gest�o estadual efetuou s� a��es paliativas.
"At� o momento da emiss�o da medida cautelar, somente a��es paliativas haviam sido realizadas, sendo que as medidas corretivas necess�rias para a melhoria dos n�veis de seguran�a operacional da pista estavam sendo postergadas, oferecendo risco potencial �s opera��es a�reas", diz o �rg�o.
Quando anunciou a restri��o, em outubro, a Anac declarou que o ent�o tipo de asfalto presente no aeroporto n�o tinha "ader�ncia adequada � camada asf�ltica existente" e costumava "apresentar desprendimento quando o pavimento aeroportu�rio � submetido a esfor�os durante a opera��o de aeronaves turbojato".
A Folha teve acesso a um of�cio enviado pela Anac ao Governo de Pernambuco na �ltima sexta (25) em que a ag�ncia menciona que as obras emergenciais podem ser ineficazes para resolver problemas da pista.
"Mesmo com a finaliza��o dos reparos emergenciais, pode, eventualmente, persistir a situa��o j� constatada quanto � desagrega��o do pavimento e ao risco de ingest�o e danos aos motores, fuselagem e pneus das aeronaves pelo material desprendido. Tais consequ�ncias s�o mais acentuadas quando relacionadas � opera��o de aeronaves de asa fixa com motor � rea��o", diz o of�cio da Anac, assinado pelo gerente de controle e fiscaliza��o, Marcos Roberto Eurich.
No documento, a ag�ncia faz novas exig�ncias ao Governo de Pernambuco para continuar avaliando a possibilidade de liberar as restri��es da pista.
Enquanto isso, o segmento hoteleiro busca otimismo em meio � espera pela conclus�o das obras de melhorias da pista.
Propriet�ria de uma pousada em Noronha, Dora Costa diz que seu estabelecimento registra uma queda na ocupa��o. "Mas acho que � tempor�rio. [Houve] propagandas negativas sobre a situa��o em Noronha e agora em a Copa", diz.
Na pousada dela, a ocupa��o foi de 60% em outubro e est� na m�dia de 70% em novembro. O local tem capacidade para receber at� 19 h�spedes. "Acho que o estado foi altamente negligente quanto � pista. Depois de a gente fechar oito meses, andar dois anos, temos que passar por essa queda [de visitantes] por responsabilidade do Estado."
A empres�ria contesta a possibilidade anterior de desabastecimento de Noronha no per�odo p�s-restri��o � pista do aeroporto. "N�o houve nada disso", afirma ela, citando esse ponto entre os fatores por tr�s da baixa atividade tur�stica atual.
Outro problema apontado por pessoas de Noronha, local que depende diretamente da movimenta��o tur�stica para garantir f�lego econ�mico, � a aus�ncia de voos diretos para S�o Paulo.
De acordo com o Governo de Pernambuco, o cronograma para conclus�o das obras emergenciais no aeroporto Noronha est� mantido para o dia 30 de novembro. "As obras emergenciais no aeroporto est�o or�adas em R$ 1,2 milh�o e a requalifica��o total do aer�dromo chega a R$ 59 milh�es e tem previs�o de conclus�o de 12 meses", diz a gest�o, por meio de nota.
Ainda segundo a administra��o estadual, o transporte de mercadorias est� normalizado no arquip�lago e foi contemplado com um voo cargueiro todos os s�bados.