
S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Companhias a�reas demonstram estar dispostas a dialogar com o governo federal na constru��o de um programa para vender passagens a�reas a R$ 200 o trecho, que seria focado em aposentados, estudantes e servidores p�blicos.
A proposta foi apresentada pelo ministro dos Portos e Aeroportos, M�rcio Fran�a, em entrevista ao jornal Correio Braziliense, no �ltimo domingo (12/3). De acordo com o titular da pasta, o programa buscaria ocupar os assentos ociosos em voos de carreira, que hoje ficam na casa dos 20% no Brasil.
Conforme os c�lculos do ministro, o cen�rio permite oferecer, anualmente, cerca de 15 milh�es de passagens a R$ 200. Como o plano � popularizar o acesso ao transporte a�reo, seriam beneficiados apenas aqueles que recebem at� R$ 6.800. O minist�rio n�o deu mais detalhes sobre a proposta, que dependeria de um acordo com as empresas a�reas nacionais.
F�bio Campos, diretor de rela��es institucionais, aeroportu�rias e comunica��o da Azul, diz que a companhia recebeu a ideia com bons olhos. "� uma proposta diferente, acho que vamos poder debater e estamos ansiosos at� para come�ar a conversar mais sobre o programa."
O diretor afirma que o governo n�o apresentou mais detalhes �s companhias a�reas e que ficou sabendo da ideia ap�s a entrevista do ministro M�rcio Fran�a. At� o momento, ele n�o foi convidado para nenhuma reuni�o sobre o assunto, mas acredita que deve sentar para conversar com integrantes do Executivo em breve. O que se sabe at� agora � que a proposta prev� aproveitar os espa�os vagos nos voos. Atualmente, as companhias brasileiras operam com 80% de ocupa��o, em m�dia.
"Nenhum lugar do mundo roda com 100% de ocupa��o, acho que � imposs�vel isso. Mas se h� oportunidades para fomentar mais viagens de mais brasileiros, eu n�o vejo porque n�o sentar para discutir. � tudo muito principiante ainda, mas estamos vendo como uma oportunidade interessante", diz Campos.
Boa vontade semelhante � indicada pela Gol. Em nota, a companhia disse que nasceu com o prop�sito de democratizar a avia��o no Brasil. "[Estamos] sempre � disposi��o para contribuir com o Governo na viabiliza��o de um projeto que amplie ainda mais o acesso da popula��o ao transporte a�reo", afirma. Procurada, a Latam disse que n�o iria se manifestar.
A Abear (Associa��o Brasileira das Empresas A�reas) afirma estar acompanhando a proposta do governo e que tem se colocado � disposi��o para contribuir. "Desde o in�cio do ano, a Abear e suas associadas mant�m di�logo constante com o Minist�rio de Portos e Aeroportos sobre o cen�rio do setor a�reo e as poss�veis solu��es para o crescimento do n�mero de passageiros e destinos atendidos."
F�bio Campos, da Azul, chama de absurdo o fato de moradores de pa�ses com dimens�es menores, como Col�mbia e Chile, viajarem mais de avi�o que os brasileiros. Por isso, ele diz que tudo que puder ser feito para aumentar o acesso ao modal a�reo no pa�s vale a pena ser discutido. Contudo, o diretor avalia que a democratiza��o tamb�m passa por outras quest�es caras ao setor, como o pre�o do querosene de avia��o, a desvaloriza��o do real frente ao d�lar e a alta judicializa��o do setor a�reo. "� importante ter programas que v�o trazer esse ganho r�pido, mas h� quest�es estruturais no transporte a�reo que precisam ser atacadas", afirma.
Recentemente, as companhias a�reas se reuniram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tentar baixar os pre�os das passagens. As empresas buscavam reduzir o valor do querosene de avia��o, que representa cerca de 40% do valor dos bilhetes.
Nesta ter�a (14/3), Lula repreendeu ministros que divulgam "genialidades" sem consultar o Planalto. Em reuni�o ministerial, o presidente cobrou duramente os titulares das pastas para que n�o anunciem pol�ticas p�blicas que n�o tenham sido apresentadas e recebido o aval da Casa Civil.
Lula n�o citou os nomes dos ministros cobrados, mas a fala foi percebida como um recado para Fran�a. "N�o queremos propostas de ministros. Todas as propostas de ministros dever�o ser transformadas em propostas de governo, e s� ser�o transformadas em proposta de governo quando todo mundo souber o que vai ser decidido", afirmou o presidente.