Travessia da Lapinha ao Tabuleiro: jornada de aventura ecol�gica em Minas
Que tal curtir uma trilha bem perto de BH, da Lapinha da Serra � Cachoeira do Tabuleiro, que oferece aos caminhantes imers�o e relaxamento junto � natureza?
Do alto da Cachoeira do Tabuleiro, de 273 metros, se avista um mar de montantas (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press
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Texto e fotos
No caminho, flores ex�ticas: candeias, canelas de ema, sempre-vivas, toda uma paisagem estonteante, integra��o com a natureza, comunidade local. Tudo isso com ponto de partida a 142 quil�metros da capital mineira – a travessia Lapinha da Serra � Cachoeira do Tabuleiro, ou Lapinha X Tabuleiro. Considerada uma das mais famosas do pa�s, o percurso � uma op��o acess�vel para toda a fam�lia, mas, � fundamental ter um guia especializado para fazer a caminhada. Essa trilha � perfeita para quem quer aproveitar o final das f�rias e, de quebra, conhecer o cerrado mineiro na Cordilheira do Espinha�o, na Regi�o Central do estado
A reportagem do Jornal Estado de Minas percorreu, durante dois dias, os 33 quil�metros que separam dois lugares ic�nicos na Serra do Cip�. A travessia come�a na estonteante Lapinha da Serra, distrito de Santana do Riacho at� a parte alta da Cachoeira do Tabuleiro, j� em Concei��o do Mato Dentro. No percurso, uma jornada atrav�s dos c�nions, at� chegar no ponto da queda, com os seus 273 metros de altura – a terceira maior do Brasil e a maior do estado –, finalizando o passeio na portaria do Parque do Tabuleiro, a 175 quil�metros de BH.
Flores de sempre-vivas guiam o caminho
A trilha � considerada de grau m�dio de dificuldade, j� que, al�m de andar por caminhos leves, o visitante vai encarar escaladas acidentadas, passando por picos, campos rupestres, cachoeiras e matas de galerias, com vista panor�mica para toda a Serra do Cip�. Mesmo assim, ela � segura quando feita com a orienta��o de um guia de refer�ncia. A travessia � ainda �tima op��o para final das f�rias escolares, podendo ser feita em tr�s ou mais dias para contemplar por mais tempo. No caso da nossa experi�ncia, que foi de apenas dois dias, vimos uma crian�a de 8 anos completar o trajeto, a pequena Maria Flor Renn�.
1º dia de travessia
Sob os cuidados do guia Bruno David Prudencio, da Bamb� Aventuras, baseado na Lapinha da Serra com 15 anos de experi�ncia, sa�mos em um grupo de 18 pessoas do ponto marcado na ag�ncia, ap�s caf� da manh� refor�ado no restaurante Bistr�, que serviu de apoio e promotor da caminhada.
“O inverno, agora no per�odo de seca, � a melhor �poca para se fazer percurso passando pelo alto Tabuleiro sem risco de tromba d '�gua”, orienta Bruno, que confere e ajusta a distribui��o de peso em cada mochila. “Detalhe importante para facilitar o trajeto de 17 quil�metros no primeiro dia”, completa. Subimos o morro da Lapinha e seguimos a mesma trilha feita por antigos tropeiros que levavam, entre outros produtos, cebola roxa para ser comercializada em Diamantina, centro urbano refer�ncia no s�culo 19.
Qualquer pessoa, independente da idade, pode se aventurar na trilha
Contornando a montanha do pico do Breu, passamos por campos de altitude at� a baixada onde est� o Rio Parauninha, de �guas cristalinas, que j� vale a primeira arrancada, que � �ngreme e exige concentra��o. Subindo o vale at� os limites do Parque da Serra o Intendente, chegamos ao anoitecer no ponto de apoio da fam�lia do “Seu” Chico Niquinho.
Na ‘pousada improvisada’, o local oferece aos caminhantes uma estrutura de quarto compartilhado, �rea de camping e um jantar digno de se orgulhar de ser de Minas Gerais – frango com quiabo, carne de porco ensopada, salada de horta pr�pria, arroz e feij�o. Tudo preparado no fog�o a lenha. “O povo chega cansado e n�s, que j� estamos sabendo, deixamos tudo pronto para receber viajantes”, conta Chico.
Travessia � aquele momento de repensar a vida, desacelerar e apreciar belas paisagens
Ele comenta que continuou a constru��o do pouso dos viajantes de seu av� naquele peda�o de plan�cie. “J� at� morei na cidade, mas hoje n�o saio daqui mais n�o”, dispara o dono de quatro c�es pastores e que mora ali com o filho e a esposa.
2º dia de travessia
Caf� da manh� refor�ado e alongamento inauguraram o segundo dia de caminhada. Foram 6 quil�metros at� a parte alta da Cachoeira do Tabuleiro, onde se encontram as v�rias piscinas naturais formadas entre c�nyons, que s�o mais seguras para visitar nesta �poca, que � de seca. “No per�odo chuvoso, ao menor sinal de chuva, o caminho se torna arriscado por conta da tromba d’�gua, pois n�o tem para onde correr“, alerta Bruno David, que tamb�m � brigadista volunt�rio e faz este caminho desde 2009.
A Serra do Cip�, na Cordilheira do Espinha�o, oferece aos visitantes uma experi�ncia �nica:
Do alto da Cachoeira do Tabuleiro, a adrenalina acelera s� de se chegar perto do ponto da queda. “Este � um momento que todos devem observar as medidas de seguran�a, dado o perigo de queda”, alerta Bruno, ao lado dos outros guias da expedi��o Cau� e Cristiano Reis, l�der da brigada Guardi�es da Serra. Com eles, deu para “botar reparo” em muitas coisas nas quais n�o se veria estando l� sozinho, sem conhecer a regi�o.
Vale ressaltar que eu n�o era um tropeiro de primeira viagem por essas trilhas. Em 2018, junto com o colega Mateus Parreiras, fiz a mesma travessia. S� que no caminho inverso: da Cachoeira do Tabuleiro at� Lapinha da Serra.
Ap�s um banho revigorante nas piscinas naturais, voltamos � caminhada, agora de 9 quil�metros, at� � portaria do Parque do Tabuleiro, que durou at� o anoitecer. L�, uma van esperava o grupo, que foi levado para o Restaurante da Fam�lia, com self-service � vontade de comida mineira.
O guia Bruno agradeceu a presen�a de todos e fez o discurso de despedida do grupo: “O mais importante no trajeto � faz�-lo com seguran�a. Importante a presen�a de uma guia, j� que sabemos de muitos detalhes referentes � natureza, ao relevo e �s condi��es de tempo no dia em que for atravessar. Portanto, saiba quem estar� te guiando antes de se aventurar, pois o que deve ser divertido tamb�m pode se tornar um passeio perigoso para desavisados”, finaliza Bruno.