(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas ALTO PAL�CIO

Trilhas para um tesouro escondido na Serra do Cip�

Fora do circuito mais conhecido do famoso destino tur�stico mineiro, �rea montanhosa e quase intocada abriga paisagens deslumbrantes


25/10/2023 04:00 - atualizado 25/10/2023 07:16
681

Dos badalados cal�ad�es da vila ou das trilhas at� as mais famosas cachoeiras nos p�s das montanhas, a presen�a da cadeia da Serra do Cip� se imp�e no horizonte de um dos roteiros tur�sticos mais conhecidos de Minas Gerais, em Santana do Riacho, a 100 quil�metros de Belo Horizonte. Mas l� no alto, nem todos sabem, camuflado entre matas e encostas cinzentas, se oculta um outro circuito, marcado por nascentes, quedas d'�gua, lagos, veredas e paisagens estonteantes. Explorada por alguns dos amantes de ecoturismo, escaladas e travessias, a quase selvagem regi�o do Alto Pal�cio se estrutura para receber mais visitantes que querem conhecer o lado serra do Vale do Rio Cip�.
 
A reportagem do Estado de Minas percorreu parte das trilhas nos montes do Alto Pal�cio para mostrar quedas d'�gua, po�os transl�cidos e cascatas entre as paisagens de c�nions e vales. Atrativos t�o ou mais belos que as renomadas cachoeiras da Farofa, do Gavi�o e o C�nion das Bandeirinhas, e assim como esses consagrados destinos, tamb�m de visita��o gr�tis do Parque Nacional da Serra do Cip� (Parna Serra do Cip�).
 região que burle Marx
Na regi�o que burle Marx definiu como o "jardim do brasil", imagens revelam a beleza da paisagem da serra, desde imensas quedas d'�gua e montanhas a singelos detalhes no caminho (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
 
O circuito de trilhas escolhido foi o que leva � Cachoeira Congonhas, tida por muitos como uma das mais belas do Cip� e que possibilita ainda passar por outros atrativos, como piscinas naturais, quedas d ‘�gua, mirantes, pared�es e at� pinturas rupestres deixadas pelos primeiros ocupantes da regi�o, milhares de anos atr�s.
 
O Alto Pal�cio � acessado por v�rias trilhas. A entrada oficial � feita pela parte alta, pelo terreno da casa que serve de ponto de apoio a brigadistas, a 24 quil�metros da Vila da Serra do Cip�, no Km 120 da MG-010, sentido Concei��o do Mato Dentro. O sobrado de telhado duplo de telhas alaranjadas, paredes e pilares de tijolos alvos e alpendre fica recuado da estrada, mas tem uma placa branca do Parna Cip� indicando a entrada. � um ponto muito procurado por quem faz travessias, como a que leva por tr�s dias at� a Serra dos Alves, e que pode desembocar pelo alto em outros destinos, como Cabe�a de Boi e Altamira.
 
J� a trilha que leva para a Cachoeira Congonhas e para o Vale do Travess�o fica antes, no Km 111 da MG-010, em frente a entrada da Pousada Duas Pontes, por uma tronqueira que abre caminho para uma estrada de terra clara.
 
Mas, para aproveitar o m�ximo de atra��es em uma s� trilha, a equipe do EM seguiu pela estrada at� o acesso de terra batida do Km 112, onde se encontram pousadas constru�das aos p�s da Pedra do Elefante, uma montanha que se destaca na linha da cadeia rochosa pelo formato que lembra o animal. O local � tido por muitos como m�stico. Inegavelmente, � rico em c�rregos de �guas mansas e cristalinas, al�m de vegeta��o de onde despontam belas flores sob o constante uivo do vento montanh�s.
 
Um personagem lend�rio da regi�o j� sabia da beleza das montanhas do Alto Pal�cio, e por isso se tornou seu morador mais c�lebre: o eremita Juquinha da Serra. As principais entradas para o circuito do Alto Pal�cio ficam pr�ximas � famosa est�tua desse simp�tico “ser da montanha”, como o definiu Virg�nia Ferreira, a artista pl�stica que deu forma ao monumento mais copiado da serra.
Uma oportunidade para antes das cachoeiras ou j� mais tarde, ao p�r do sol, visitar a est�tua do andarilho das montanhas e repetir as andan�as pelas trilhas que ele t�o bem conhecia.
 
Poços de águas cristalina
Po�os de �guas cristalinas e temperatura agrad�vel est�o entre os atrativos da regi�o conhecida como alto pal�cio, onde h� belezas que rivalizam com as dos circuitos mais explorados (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
 

Um espet�culo pelo caminho


A estrada sinuosa que serpenteia pela Serra do Cip� ganhando altitude para chegar ao Alto Pal�cio percorre curvas entre morros fechados que descortinam a cada virada um vale, plat� ou mirante. � como se fosse planejada para deixar o visitante hipnotizado pela janela do carro, com uma bela vista somente at� que novo contorno abra a pr�xima.
 
E � apreciando os montes que, ap�s 14 quil�metros, se avista o marco da trilha, a encosta de pedra clara destacada no horizonte montanhoso em formato animal. Tromba, cabe�a, orelhas e a corcunda se fundem na Pedra do Elefante, como desenhos que se formam sob o olhar de quem tenta decifrar nuvens.
 
As trilhas da Pedra do Elefante partem de estrada um pouco adiante, cerca de um quil�metro, bem onde a placa demarca o Km 112 da MG-010. Asfalto para tr�s, segue um pequeno trecho de estrada de terra bem encascalhada. Pousadas de diferentes propostas dividem o caminho rural, entre elas Barriga da Lua, hospedagem que acolheu a equipe do EM e onde h� chal�s aconchegantes e um acesso � trilha do Alto Pal�cio.
 
Quem quiser conhecer as trilhas dessa regi�o e percorrer os caminhos antes trilhados pelo personagem Juquinha da Serra deve ir preparado, com roupas leves, prote��o contra o sol forte e cal�ados fechados, como botas, por causa das irregularidades do terreno de muitas pedras. Para quem sabe navegar por GPS, o mapeamento � bem simples. As pousadas da regi�o tamb�m t�m muitas indica��es de guias experientes para quem prefere s� aproveitar a natureza em vez de quebrar a cabe�a pelos caminhos intrincados.
 
Descendo pela estradinha dos fundos da Pousada Barriga da Lua s�o apenas 300 metros at� a trilha para a Pedra do Elefante, bem depois de atravessar as �guas claras e refrescantes do Ribeir�o Indequic�. N�o tem ponte, mas as pedras arredondadas que afloram servem de caminho sem muito esfor�o. A exposi��o ao sol durante todas as trilhas � uma das maiores preocupa��es, pois h� poucas sombras. Assim, mangas compridas, chap�u e protetor solar, sempre.
 
pedra do elefante
A pedra do elefante, com contornos que justificam o nome de batismo, � uma das refer�ncias no bel�ssimo cen�rio da regi�o (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
 
 

Roteiro para o "Jardim do Brasil"


A trilha para a Pedra do Elefante � bem demarcada com placa indicativa de seu in�cio e caminho n�tido pela mata, quase direto para a forma��o que um dia foi chamada de Lapa Vermelha, pela colora��o rubra que adquire com os raios solares do fim de tarde. Pontos que podem trazer bifurca��es s�o refor�ados por pilhas de rochas (cairns ou moitas de pedras) deixadas pelos aventureiros para demarcar o caminho correto.
 
S�o cerca de dois quil�metros de caminhos pelos campos rupestres e flores que parecem ter sido arranjadas em canteiros com hastes e p�talas vermelhas, roxas, amarelas e azuis, entre as forma��es de pend�es com desenho esf�rico das sempre-vivas e as cascas que parecem artesanato das canelas-de-ema. O verdadeiro “Jardim do Brasil”, como definiu o paisagista Burle Marx sobre a Serra do Cip�, em 1950.
 
A parte de maior esfor�o � a das encostas que levam at� a pedra, bem na regi�o da “cabe�a” do elefante. Uma pequena placa de madeira na bifurca��o indica a dire��o da cachoeira que desce das rochas e a das pinturas rupestres deixadas nos pared�es por habitantes pr�-hist�ricos.
 
Nos pared�es de cor ocre, as pinturas trazem um pouco do sentido de abrigo e at� espiritualidade para os ca�adores-coletores do passado, representando figuras de animais e outras indecifr�veis.
Do pared�o, em lado oposto, um fio de �gua cristalina corre formando a cachoeira da Pedra do Elefante e um po�o agrad�vel, com sombra, que ajuda a aplacar o calor intenso dos dias mais escaldantes. A trilha que passa por cima da pedra � mais desafiadora e requer preparo, sendo feita pela portaria principal do parque no Alto Pal�cio.
 
Ao voltar para a trilha principal que segue para as cachoeiras do parque, tem-se de novo o ribeir�o ao lado direito, protegido pela alta mata ciliar. Em um dos pontos, uma placa indica mais um lago bom para se banhar nas �guas frias e mansas, o chamado Po��o. Local de descanso e refresco para o corpo e a alma, ao lado dos passarinhos que l� se empoleiram para molhar as penas.
 

Dicas para chegar ao recanto das cachoeiras 


A caminho de atra��es menos conhecidas do complexo natural da Serra do Cip�, o adeus � Pedra do Elefante � lento ao subir na dire��o do parque nacional (Parna Serra do Cip�) pelo Alto Pal�cio. A trilha de pedras soltas, pontudas, em camadas e com afloramentos de cristais, camufladas pela vegeta��o ou quebradi�as, refor�a a necessidade de cal�ados adequados, sobretudo botas que protejam os calcanhares de poss�veis tor��es por passos em falso.
 
Da cerca do parque adiante, o visitante escolhe a dire��o que quer tomar. Se for para a esquerda, encontrar� destinos como a Cachoeira do Espelho e o Vale do Travess�o, um lugar belo, de altas forma��es rochosas que divide as bacias hidrogr�ficas do Rio das Velhas e do Rio Doce.
Para a direita, o trilho de pedras soltas brancas conduz para as cachoeiras Congonhas de Cima e de Baixo. O uivo do vento das montanhas � companheiro da jornada toda, bem como o c�ntico dos p�ssaros nas touceiras e nas matas cercadas por arbustos rupestres.
 
De tr�s do morro mais alto, a descida forte deslumbra pela vis�o de coqueiros e palmeiras que parecem veredas perdidas em um deserto montanhoso de pedras. Indicativo de que �gua brota dali. Eis o ber�o do c�rrego que, ao despencar das rochas forma as cachoeiras Congonhas de Cima, de Baixo e do Gavi�o, depois o C�rrego do Gavi�o e adiante, o Rio Cip�.
 

Convite refrescante � contempla��o


Um contorno largo por trilha de rochas pontudas e canelas-de-ema faz a volta na �gua, cujos sinais retornam aos poucos, primeiro o som de jatos jorrando do alto, depois uma margem pedregosa, o po�o de �guas transl�cidas com peixinhos e na virada final as duas quedas em cascatas da Cachoeira Congonhas de Cima. Tudo ali � convidativo. Desde as margens de rochas lisas, planas ou arredondadas onde se senta para admirar as quedas, ouvir os p�ssaros, rir com os amigos ou acalentar um amor.
 
� uma cachoeira de �guas seguras, menos geladas que as mais conhecidas do parque e por isso menos propensa a causar c�imbras que trazem risco de afogamento at� para nadadores mais experientes. Por ser uma queda d'�gua de nascente, tamb�m n�o est� sujeita a cabe�as d'�gua, o fen�meno que ocorre quando as chuvas de cabeceira avolumam as cachoeiras repentinamente pelo ingresso de muita �gua de afluentes ou canalizada pelos vales.
 
O po�o amplo convida ao banho e o sol n�o tem impedimentos al�m das nuvens para brilhar forte. Na queda d'�gua da direita, � bem f�cil subir na laje e se sentar na beira, com a �gua batendo de leve nas costas. � esquerda, os mais ousados podem seguir com cuidado pelas rochas cobertas por lodo. Um escorreg�o, queda no po�o. Mais � frente, se agacha para a passagem sob um teto que goteja dos musgos pendurados para se chegar � segunda queda, mais forte, mas com um trono rochoso para se sentar e receber uma ducha revigorante. Para sair, um mergulho do alto.
 
Quem quiser mais pode seguir adiante, se o tempo permitir. � bom se programar para fazer o caminho com sol, j� que as trilhas de pedras soltas no escuro s�o perigosas, beiram encostas e podem resultar em tor��es ao se pisar em locais escondidos pela escurid�o.
 
A trilha pode levar ainda � Cachoeira Congonhas de Baixo, de queda de �gua �nica e mais forte, mais alta, mas sem meios de intera��o que n�o seja ficar sob ela enquanto se nada no po�o, mais amplo que o que se forma no alto. Aventureiros contam que h� tamb�m o desafio de seguir mais abaixo, quase em “escalaminhada”, para chegar at� a Cachoeira do Gavi�o, formada pelas mesmas �guas e j� no circuito tradicional do Parna Serra do Cip�.
 
Cachoeira congonhas
Cachoeira congonhas de cima � um pr�mio para quem encara as trilhas debaixo de sol forte (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


Pouso para planejar ou se refazer da aventura


O ponto de partida para toda aventura precisa ser t�o acolhedor que d� vontade de retornar para ficar um pouco mais. E tudo na Pousada Barriga da Lua � um convite e uma gentileza. Basta abrir as janelas do chal� para o sol entrar, iluminando galhos de amoras maduras e adocicadas que cercam os jardins em torno das acomoda��es.
 
Pousadas
Pousadas oferecem infraestrutura para contemplar as bel�ssimas paisagens da regi�o (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
 
 
Ao se abrir a porta, o alpendre � um convite para a vista imponente da Serra do Cip� e da Pedra do Elefante, que pode ser admirada em uma rede de balan�o. Dif�cil resistir a esse pouso para apreciar a vista.
 
Mais desafiador ainda �, deitado ali, mesmo embalado, resistir ao cheiro de bolo de fub� quentinho, p�es de queijo sa�dos do forno e caf� rec�m-coado que esperam logo pela manh�. � espregui�ar e ir mansamente, passando pelo chafariz central e a piscina, de borda para a mata e a serra rochosa.
� mesa, frutas, queijos, biscoitos caseiros, sucos naturais e quitutes da ro�a embalam conversas e planos dos viajantes, que podem ser ainda refinados pelos conselhos da propriet�ria de sorriso maternal, F�tima Gaya. “Se as pessoas precisarem, indicamos guias para as trilhas, os melhores caminhos e as atra��es que temos aqui pertinho, sem precisar caminhar muito para um banho nas �guas que descem das montanhas”, conta.
 
S�o seis chal�s com banheiro e minicozinha para quatro pessoas, al�m de quartos com su�te. O jantar tamb�m pode ser combinado e servido no Ganesha Recep��o e Restaurante, podendo se desfrutar de peixe fritinho ou bife encorpado com batatas fritas e saladas, entre outras op��es do card�pio.
Ao longo do ano h� programa��o com quatro eventos hol�sticos, com viv�ncias, yoga e medita��o. “N�s nos unimos tamb�m para fazer as caminhadas do sil�ncio, uma imers�o meditativa nas trilhas naturais, depois ao redor da fogueira, para nos conectar de forma mais aberta com a natureza”, afirma F�tima. Mas h� op��o tamb�m de contemplar a noite em espregui�adeiras pr�ximas ao chafariz e voltadas para a linha de montanhas da serra e a Pedra do Elefante, de onde a Lua nasce lentamente, primeiro a pontinha, a barriga e depois toda ela iluminando uma paisagem aben�oada.  
 
 
 
 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)