Por mais que se fale sobre a importância de exames periódicos para prevenção do câncer de mama, nunca é suficiente, porque sempre tomamos conhecimento de casos de mulheres que descobrem a doença em estágio avançado por não ter feito mamografia na periodicidade recomendada.


Entramos em outubro, época em que o tema fica em evidência, e vamos seguir o mês tocando nesta questão que é de suma importância. Ano passado uma grande amiga enfrentou um câncer de mama, descoberto no início, graças a um exame chamado tomossíntese. Depois fez um mapeamento genético e descobriu que tem o gene da doença, e sua filha também.


Estou falando sobre isso porque recebi um material importante da Sociedade Brasileira de Mastologia do Rio de Janeiro sobre câncer de mama hereditário, tema do qual o Rio lidera os debates e criou lei pioneira. Este ano, o Outubro Rosa chega com um chamado especial para o câncer de mama hereditário, que representa cerca de 10% dos diagnósticos da doença.


No Brasil, são estimados pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) aproximadamente 74 mil novos casos anuais entre 2023 e 2025, dos quais mais de 7 mil têm origem genética. Esse impacto se multiplica, já que cada paciente pode ter parentes de primeiro grau com até 50% de chance de herdar a mutação.


Em 2024, o Rio de Janeiro se tornou pioneiro ao sancionar a lei que instituiu o Dia de Conscientização do Câncer de Mama Hereditário, celebrado em 21 de outubro. A cidade foi a primeira do mundo a oficializar uma data dedicada exclusivamente ao tema.


A partir deste momento, a oncogenética deixa de ser apenas uma promessa de futuro e passa a integrar o presente da prática médica brasileira, oferecendo novas ferramentas para a prevenção, diagnóstico e tratamento de pacientes com predisposição hereditária ao câncer. Esta medida é um divisor de águas.


O oncogeneticista Yuri Moraes explica que mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 são responsáveis por cerca de metade dos casos hereditários. Esses genes funcionam como “engenheiros de reparo” do DNA e, quando sofrem alterações, aumentam significativamente o risco não apenas para câncer de mama, mas também para ovário, próstata, pâncreas e até melanoma.


Segundo ele, o rastreamento precoce e as medidas preventivas mudam completamente o prognóstico. “Uma mastectomia redutora de risco, por exemplo, pode diminuir em até 90% as chances de desenvolver a doença. E hoje já temos medicamentos específicos, como os inibidores de PARP, que abrem novas perspectivas de tratamento”, afirma.

Embora o câncer de mama seja mais frequente em mulheres, o especialista reforça que os homens também precisam estar atentos. Na população em geral, o risco masculino é de apenas 0,1%, mas portadores de mutação no gene BRCA2 podem ter até 8% de chance de desenvolver a doença.


Sinais de alerta que exigem investigação em oncogenética: câncer de mama em idades jovens (antes dos 40 anos); tumores bilaterais; múltiplos casos em uma mesma família; e presença de câncer de mama em homens. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

compartilhe