
Para 2026, armadilha eleitoral desenhada
As pesquisas identificam hoje, na sociedade brasileira, aproximadamente 13% de eleitores bolsonaristas e 22% de eleitores antipetistas, que orbitam o bolsonaris
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Enquanto no campo bolsonarista há, em Minas, um número não desprezível de candidaturas aos cargos majoritários, o campo não bolsonarista vive a seca. A possibilidade de o senador Rodrigo Pacheco (PSD) ser indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) expõe o dilema: há um espaço em aberto no estado e poucas opções de candidaturas.
Entretanto, no outro campo, seja orbitando o bolsonarismo ou publicamente reafirmando compromissos com as narrativas e condutas desse segmento da política brasileira, há pelo menos três pré-candidaturas, duas das quais muito bem posicionadas nas pesquisas de intenção de voto. O senador Cleitinho (Republicanos), que lidera a corrida, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que apresenta igualmente bom desempenho nas simulações em que é testado, e o vice-governador Mateus Simões (Novo), que terá o governo na mão, mas ainda não pontua bem nas pesquisas.
Tal congestionamento leva Mateus Simões a programar o seu deslocamento ao centro, filiando-se ao PSD. Estrategistas de sua campanha prospectam, em eventual segundo turno, que ele enfrentaria um dos dois de seus antigos aliados de palanque na disputa em segundo turno das eleições à Prefeitura de Belo Horizonte. Considerando os nomes até aqui postos, em cenário sem Rodrigo Pacheco, Mateus Simões teria nessa nova posição um único competidor, o ex-prefeito Alexandre Kalil, que se filiará ao PDT nesta semana.
Não apenas em Minas, mas igualmente em outros estados – e mesmo no plano nacional, onde, pelo momento, afora o presidente Lula (PT), não haveria hoje, sucessores –, a situação se repete. Faltam nomes ao campo não bolsonarista. Tal realidade apresenta-se como dilema à democracia brasileira: na prateleira de 2026, é farta a oferta de candidaturas vinculadas ao bolsonarismo ao Palácio do Planalto, ao Senado Federal, aos governos estaduais e para as chapas proporcionais. Já partidos que não têm profissionais muito particulares, estão suando frio até para montar chapas proporcionais em que possam projetar pelo menos a conquista de uma cadeira.
O que sairá das urnas em 2026 tem potencial para ser a receita pronta ao aprofundamento da corrosão de fundamentos da democracia brasileira, duramente atacados nos anos Jair Bolsonaro (PL), não à toa condenado por tentativa de golpe de Estado. E por corrosão, entenda-se não apenas as anunciadas ameaças de mudanças constitucionais para fragilizar o Poder Judiciário, o que se viabilizaria com a conquista da maioria no Senado.
Também e sobretudo a cultura democrática sofre ataque frontal com a disseminação da intolerância à diversidade, à liberdade de crenças religiosas e à liberdade para a expressão artística e cultural. A isso tudo, soma-se uma perspectiva autoritária e fundamentalista rondando as grades curriculares das escolas públicas.
As pesquisas identificam hoje, na sociedade brasileira, aproximadamente 13% de eleitores bolsonaristas e 22% de eleitores antipetistas, que orbitam o bolsonarismo. Esses 35% de terão diante de si um amplo cardápio para as suas escolhas político eleitorais. No campo adversário, onde estão 20% de lulistas e 15% da esquerda não lulista – que agregam 35% – há menor oferta de nomes. Já ao meio, onde estão espremidos 29% de eleitores nem bolsonaristas nem lulistas, a prateleira anda vazia.
Segundos turnos foram desenhados para ampliar as chances de eleição das candidaturas ao centro. Mas a tecnopolítica caracteriza-se por um ecossistema comunicacional que, no primeiro turno, impõe mais desafios às candidaturas de centro: amplifica o grito, o exótico, o confronto de pautas afetivas e menos de pautas efetivas, numa era de muitas frustrações com as promessas não cumpridas pela democracia.
Até por isso, a tendência é de que a disputa em primeiro turno remova as vozes moderadas e opere em lógica centrífuga: quanto mais associado a lideranças antissistêmicas, maior a chance de se destacar. Não se busca maioria no primeiro turno, apenas tração. É ciclo vicioso que tende a esmagar, em seu nascedouro, o meio-termo, o ponto de equilíbrio das forças em luta que devem conviver sob o mesmo regime.
Missão
O governador Romeu Zema (Novo) e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, embarcam nesta segunda para a Europa, em viagem de 15 dias. A agenda inclui compromissos na Bélgica, França e Itália. Além de Roscoe, integram a comitiva a secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mila Corrêa da Costa; o secretário adjunto da Casa Civil, Frederico Papatella; o presidente da Invest Minas, Rodrigo Tavares; e o diretor de Atração de Investimentos da agência, Ronaldo Barquette.
Bélgica, França e Itália
O primeiro compromisso está marcado para as cidades belgas de Bruxelas e Antuérpia, onde a comitiva mineira terá reuniões com grupos empresariais e conhecerá as instalações do segundo maior porto da Europa. Na França, os compromissos incluem a bacia minerária de Nord-Pas-de-Calais, referência na transição pós exploração da reserva mineral, além de reunião com representantes da Vinci Highways, empresa que venceu o leilão pela licitação da Rota dos Cristais, trecho da BR-040 que liga Minas Gerais a Goiás. Na Itália, os compromissos se darão em Veneza, Roma e Milão. Segundo o governo mineiro, o objetivo é reforçar os laços com o país que, desde 2019, tem em Minas Gerais o estado brasileiro que mais lhe exporta produtos.
Feam
O ex-promotor do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) Edson Resende será o novo presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam). Ele é o segundo nomeado para comandar a fundação após a Operação Rejeito, que investiga denúncias de fraude e corrupção no licenciamento ambiental de atividades minerárias no âmbito da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Semad). Edson Resende vai substituir Maria Amélia de Coni Moura Mattos Lins, nomeada no último dia 13 de setembro, quatro dias depois da deflagração pela Polícia Federal da operação. O antecessor de Maria Amélia no comando da Feam, Rodrigo Franco, foi preso pela Operação Rejeito. Ele é apontado pela Polícia Federal como um dos líderes que atuava na fraude dos licenciamentos. A fundação é, desde 2023, após a reforma administrativa promovida por Romeu Zema, a responsável pelo licenciamento ambiental, até então sob os cuidados da Semad.
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Mamografia
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável por regulamentar os planos de saúde no país, desmentiu, por meio da assessora Kátia Curci, as informações de que seria contrária à realização de mamografia por mulheres com menos de 50 anos. Ela participou da audiência pública na Comissão de Saúde da Assembleia, destinada a discutir a realização de mamografia em mulheres a partir de 40 anos tanto na saúde suplementar como no Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que a antecipação da faixa etária alvo dos exames é consenso entre os especialistas da área.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.