Paulo Guerra
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Inaugurada 1ª bateria gravitacional em escala comercial do mundo

Mundo avança no armazenamento de energia, mas o Brasil prefere punir a geração renovável

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Já falei sobre métodos alternativos de armazenamento de energia em três artigos desta coluna:

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Pois, nesta semana, a China deu um passo histórico ao ativar o primeiro sistema de armazenamento gravitacional de energia em escala comercial do mundo. Localizado em Rudong, próximo a Xangai, o projeto está sendo desenvolvido pela empresa suíça Energy Vault e tem capacidade de armazenamento de 100 MWh e potência instalada de 25 MW — energia suficiente para abastecer cerca de 20 mil casas ou 100 mil pessoas. A tecnologia representa uma alternativa promissora às baterias químicas convencionais, como as de lítio, e inaugura uma nova era no armazenamento de energia limpa.

O princípio de funcionamento é simples: durante períodos de alta geração solar ou eólica, o sistema usa o excedente de eletricidade para erguer blocos pesados a grandes alturas, armazenando energia sob a forma de energia potencial gravitacional. Quanto mais blocos são elevados, mais energia é armazenada no sistema.

Quando a geração de energia diminui e o consumo se torna maior do que a oferta, os blocos descem lentamente, e os motores que os elevaram passam a funcionar como geradores, devolvendo eletricidade ao sistema. O ciclo de carga e descarga apresenta uma eficiência superior a 80% e, ao contrário das baterias químicas, não sofre com degradação e não precisa ser substituído com frequência.

Uma forma mais comum de armazenamento gravitacional é a usina hidrelétrica reversível. No entanto, ela depende de geografia específica, requer grandes reservatórios e pode gerar impactos ambientais decorrentes da diminuição do fluxo de água dos rios. Já os blocos suspensos podem ser instalados praticamente em qualquer local, podem ser construídos a partir de resíduos urbanos ou industriais e não interferem no fluxo da água, sendo, portanto, menos impactantes para o meio ambiente.

Além da durabilidade de 35 anos, os blocos oferecem mais estabilidade ao sistema elétrico, pois permitem uma resposta controlada à relação entre oferta e demanda. Isso viabiliza maior integração de fontes intermitentes, como solar e eólica, reduzindo desperdícios e evitando cortes na geração (curtailment). A tecnologia também contribui para postergar investimentos em infraestrutura térmica, tornando o sistema energético mais limpo e resiliente.

A China já planeja expandir essa solução com mais seis instalações, com capacidades entre 100 MWh e 660 MWh, além de um mega sistema de 2.000 MWh na Mongólia. Para reduzir custos de construção e implementar soluções com maior capacidade, países como Escócia, Suíça, Alemanha e Estados Unidos estão adaptando minas desativadas ou montanhas locais para implementar sistemas similares.

Combinando simplicidade mecânica, sustentabilidade e alta performance, a bateria de gravidade em escala comercial pode representar uma virada estratégica na transição energética global, ao transformar a gravidade em aliada da energia renovável.

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Soluções como essa permitiriam que o país deixasse de limitar a geração distribuída de energia e passasse a fomentar seu avanço, garantindo que cada gerador produzisse ao menos 20% a mais de energia para compensar as perdas por ineficiência do sistema.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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