Smartphones, notebooks, carros el�tricos, entre outros: as baterias de �on de l�tio, inventadas h� quase 50 anos, valeram o Pr�mio Nobel a tr�s qu�micos, revolucionaram a mobilidade, mas sua composi��o e reciclagem ainda precisam evoluir.
- O que s�o?
Os inventores da bateria de l�tio "criaram um mundo recarreg�vel", celebrou Olof Ramstr�m, membro do Comit� Nobel, apontando que dela depende a autonomia dos objetos eletr�nicos.
"S�o os cavalos de tiro invis�veis da era m�vel", comenta Paul Coxon, da Universidade de Cambridge.
Em compara��o com as de chumbo, ou de n�quel-hidreto met�lico, as de l�tio geram mais energia, s�o mais leves e duram mais tempo.
S�o as baterias "mais potentes que j� existiram", resume Patrice Simon, da Rede de Armazenamento Eletroqu�mico de Energia do centro de pesquisa franc�s CNRS.
"O aumento de energia � fenomenal em rela��o ao que se fazia h� 40 anos. Em um volume dado, pode-se armazenar uma quantidade de energia de quatro a cinco vezes maior", acrescenta Patrick Bernard, diretor de pesquisa da Saft, especialista em aplica��es do armazenamento de energia.
Uma bateria de l�tio � constitu�da, em seu eletrodo positivo, por l�tio, cobalto e oxig�nio e, em seu eletrodo negativo, de grafite. Entre os dois, h� o l�quido, pelo qual o l�tio circula.
"Este movimento do l�tio � gerado com o movimento de el�trons e permite armazenar, ou entregar, a energia", explica Laurence Croguennec, do Instituto de Mat�ria Condensada de Bordeaux, na Fran�a.
- Quais s�o as vantagens?
As baterias de �ons de l�tio est�o por toda parte: celulares e laptops, tablets, pr�teses auditivas, marcapassos, armazenamento de eletricidade gerada por pain�is solares, motos, bicicletas e carros el�tricos.
"At� o momento, a bateria de l�tio n�o tem rival e ser� usada durante d�cadas, talvez s�culos", disse Jean-Marie Tarascon, qu�mico e professor do prestigioso Coll�ge de France.
Gra�as a sua grande capacidade de armazenamento, esta tecnologia contribui para reduzir nossa depend�ncia dos combust�veis f�sseis.
"Amanh�, em menos de cinco anos, poderemos deixar as centrais de carbono, de g�s, combinando (a energia) solar, ou e�lica, com o armazenamento", antecipa Patrick Bernard.
Nos transportes, sua acelera��o "� fant�stica". No setor do �nibus el�trico, dominado pela China, seu uso � majorit�rio. Algumas transvias j� a utilizam em uma parte do trajeto.
E esta solu��o est� sendo adotada nos trens para sair do diesel. A Bombardier fez circular seu primeiro trem de testes el�trico e com baterias em 2018.
- E o futuro?
O reverso da moeda destas baterias est� no uso de mat�rias-primas como o l�tio e o cobalto.
"O l�tio � extra�do com dificuldade", afirma Laurence Croguennec.
Em 2018, a Austr�lia foi o maior produtor mundial de l�tio (51.000 toneladas), seguida do Chile (16.000), da China (8.000) e da Argentina (6.200).
O cobalto � "um material t�xico em sua extra��o das minas", afirma Philippe Azais, especialista de baterias na CEA. E 65% do cobalto prov�m da Rep�blica Democr�tica do Congo (RDC), onde as condi��es de extra��o e comercializa��o s�o muito criticadas.
As reservas de cobalto s�o raras, caras e se esgotam rapidamente.
Por isso, os qu�micos est�o buscando componentes alternativos. O americano John Goodenough, ganhador do Pr�mio Nobel de Qu�mica nesta quarta-feira, trabalhou em materiais que aliam l�tio, ferro e fosfato, menos eficazes em termos de armazenamento, por�m mais abundantes e menos onerosos.
A ind�stria tamb�m se dedica a melhorar a reciclagem destas baterias. "H� uns cinco anos, est� se produzindo um aumento muito forte da taxa de reciclagem dos materiais ativos", um movimento impulsionado pela China, conclui Philippe Azais.
