
Nove cantoras gravam disco em homenagem a João Donato
Álbum reúne Zélia Duncan, Simone, Mônica Salmaso, Luedji Luna, Teresa Cristina, Tulipa Ruiz, Mart'nália, Joyce Moreno e Wanda Sá
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Siga noQuando Carlos Lyra completou 90 anos em maio de 2023 – sete meses antes de morrer –, a produtora cultural Regina Oreiro idealizou o disco “Afeto” (Sesc), com canções de Lyra nas vozes de Gilberto Gil, Joyce Moreno, Ivan Lins, Edu Lobo, Caetano Veloso, Ney Matogrosso e Djavan.
Para rearranjar as músicas, Oreiro convidou um time de peso: João Donato, Marcos Valle, Gilson Peranzzetta, Antonio Adolfo, Leila Pinheiro e Jaques Morelenbaum. Terminado o trabalho, Donato chamou a produtora num canto e confidenciou: “Olha, Regina, nos meus 90 anos vou querer um disco assim”.
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Donato não chegou aos 90. Em julho de 2023, dois meses depois de gravar o tributo a Lyra, ele morreu em decorrência de problemas agravados por uma infecção pulmonar.
Regina Oreiro recorreu à viúva Ivone Belém e deu início à produção de “Elas cantam Donato”, que chega agora às plataformas digitais pela Biscoito Fino.
Time de feras
O tributo a Donato traz oito canções dele nas vozes de Zélia Duncan, Simone, Mônica Salmaso, Luedji Luna, Teresa Cristina, Tulipa Ruiz e Mart'nália, além do dueto de Joyce Moreno e Wanda Sá na faixa “Azul royal”. Os arranjos ficaram a cargo de Itamar Assiere, Marcos Valle, Lula Galvão e Gustavo Ruiz.
“Acabou faltando espaço para mais mulheres”, brinca a produtora. “A Fernanda Abreu e a Roberta Sá foram duas que me ligaram reclamando de não entrar no disco.”
Oreiro diz que listou cantoras que mais têm a ver com Donato. De imediato, vieram Joyce Moreno e Wanda Sá. A primeira, grande fã do bossa-novista, acabou virando amiga íntima dele, enquanto a outra foi companheira de vida e de música. Donato e Wanda se casaram na década de 1980.
“Lembrei-me de Ivone (Belém) dizendo que o Donato queria que a Simone gravasse alguma música dele. Então, resolvi chamar a Simone na hora”, conta.
Na sequência, vieram Tereza Cristina, que participou de live em homenagem ao músico; Mônica Salmaso e Zélia Duncan, a quem o bossa-novista chamava de “vozes macias”; Martn’ália, que esteve no tributo a Lyra e encantou Donato; e Tulipa Ruiz, que gravou com ele o single duplo “Tulipa Donato” (2019).
“Só a Luedji Luna não tinha relação direta com ele, mas era um nome com quem eu queria trabalhar”, diz Oreiro. “Quando fiz o convite, descobri que ela considerava Donato um mestre”, acrescenta.
O repertório é quase um lado B. Hits previsíveis como “A rã” e “Até quem sabe?” dão lugar a “Surpresa”, parceria com Caetano Veloso interpretada por Zélia Duncan; “Não sei como foi”, parceria com João Bosco interpretada por Simone; e “Azul royal”, do último álbum solo de Donato, “Serotonina” (2022).
“A gente era amigo de vida e de música. Tínhamos uma conversa muito específica, muito nossa, entre o violão e o piano”, conta Joyce. “Ele dizia que meu violão e o piano dele se entendiam superbem. E Itamar Assiere foi extremamente respeitoso: desenhou um arranjo que poderia ter sido feito pelo Donato, porque foi no estilo do Donato.”
“Ele virou amigo meu, do meu irmão, do meu pai, de toda a família”, conta a cantora paulista Tulipa Ruiz, que emprestou a voz para “Naturalmente”.
“A música brasileira tem sorte de ter alguém como o Donato, uma grande riqueza da nossa cultura. É muito importante seguir cantando e ouvindo o Donato, para sua existência seguir fresca com a gente e para as novas gerações o conhecerem”, conclui Tulipa.
Capa do disco Biscoito Fino/reprodução
“ELAS CANTAM DONATO”
. Tributo a João Donato (Biscoito Fino), com oito faixas. Disponível nas plataformas digitais
FAIXA A FAIXA
“Surpresa”
Com Zélia Duncan
“Não sei como foi”
Com Simone
“Lugar comum”
Com Mônica Salmaso
“Bananeira”
Com Luedji Luna
“Verbos do amor”
Com Teresa Cristina
“Azul royal”
Com Joyce Moreno e Wanda Sá
“Naturalmente”
Com Tulipa Ruiz
“Sambou, sambou”
Com Mart’nália